Departamento Científico de Reumatologia
Os tratamentos disponíveis para a SFJ podem ser divididos em farmacológicos (com medicamentos) e não farmacológicos, sendo os primeiros muito mais utilizados na fibromialgia do adulto, quando comparada à faixa etária infanto-juvenil.
As terapêuticas não farmacológicas devem ocupar sempre a primeira opção de tratamento para a SFJ, incluindo terapias com diversos tipos de exercícios físicos, que vão desde exercícios aeróbicos progressivos, exercícios resistidos, hidroterapia (natação, hidroginástica) e práticas esportivas diversas. Aquilo que propomos é uma escolha individualizada, aquela onde o paciente escolha um exercício que lhe dê maiores prazeres e benefícios pessoais. Da mesma forma práticas como yoga, meditação, tai-chi-chuan, do-in, massagens terapêuticas e outras, que visem o relaxamento físico e o bem-estar mental, são muito úteis e frequentemente recomendadas. Acompanhamentos psicoterápicos são importantes e frequentemente indicados para o sucesso do tratamento, desde que realizados por profissionais especializados e experientes.
Na SFJ, quando da necessidade de terapêutica farmacológica, são comumente prescritos os antiinflamatórios não hormonais e os analgésicos comuns. Apenas em casos excepcionais a utilização de alguns medicamentos psicoativos podem ser utilizados, sempre sob orientação médica especializada, principalmente quando sinais de depressão mais acentuada estão presentes.
Desde sua descrição, inúmeras tentativas foram feitas para explicar esta síndrome. Hoje, o que se apresenta de maior entendimento é que vários fatores possam contribuir para o seu aparecimento e perpetuação, cuja ênfase é dada a um distúrbio da regulação da dor em nível central, onde o sistema nervoso central encontra-se alterado na sensibilização (sensibilização central), e processamento da dor por vários mecanismos complexos. Alguma correlação também é feita a respeito da possibilidade de que traumas emocionais oriundos na primeira infância, principalmente aos relacionados à interação mãe-bebê, possam estar ligados à gênese da síndrome.
O diagnóstico da SFJ é clínico, portanto feito pelo médico, sendo que os principais achados que fazem com que a sua hipótese diagnóstica seja considerada em primeiro lugar foram descritas acima. Nestas circunstâncias a SFJ é denominada primária.Do ponto de vista de exames laboratoriais e de imagens, não existem alterações específicas da SFJ, sendo que usualmente, estes exames encontram-se normais, a não ser que exista outra doença subjacente à SFJ, como doenças autoimunes (como lúpus eritematoso sistêmico juvenil e artrite idiopática juvenil), estas devendo sempre ser pensadas como diagnósticos diferenciais e excluídas as suas possibilidades. Nestas circunstâncias a SFJ é denominada secundária.
Mesmo assim, numa primeira abordagem, alguns poucos exames devem ser solicitados. A necessidade de exames mais específicos somente deverá ser feita nos casos em que outras hipóteses diagnósticas sejam aventadas, para diagnosticar outras condições clínicas diversas da SFJ.
Condições emocionais ou psiquiátricas podem se associar à SFJ e são muito frequentes, como depressão, ansiedade, alterações do comportamento. Estes aspectos devem chamar muito a atenção para a necessidade de se procurar auxílio de profissionais competentes desta área do psiquismo (psicólogos, psiquiatras) para eventuais avaliações e tratamentos que possam ser necessários.
Controles da hora de dormir e do menor tempo de celular, televisão e computadores pelos pais são necessários. Isto pode auxiliar na melhora dos distúrbios do sono na SFJ. Os adolescentes devem dormir, preferencialmente, de 8 a 9 horas por noite.
Os principais sintomas da SFJ são: dor, cansaço (fadiga) e distúrbio do sono.
A dor é habitualmente crônica (mais de 3 meses) e difusa (braços, pernas, pescoço, costas, abdômen e/ou região lombar), podendo ocorre também dor de cabeça e dor abdominal associadas. A dor no corpo, presente entre 90-97% dos pacientes, é definida de várias formas, como “em queimação”, “penetrante”, “afiada”, “pesada”, “que dói tudo”, que pode acordar o paciente, e que pode não melhora com o uso de analgésicos e antiinflamatórios comuns. Podem ainda serem referidas sensação de inchaço, rigidez e dores articulares que acompanham as queixas musculares. Pontos dolorosos podem estar presentes ao exame médico, embora pouco frequentes na faixa etária pediátrica.
Cansaço no corpo (fadiga) é descrito como sensação de exaustão e dificuldade para realizar tarefas escolares ou domésticas, se apresenta nos jovens com SFJ entre 20-60% dos casos. A fadiga quando associada às dores crônicas, muitas vezes faz com que a criança ou adolescente permaneça sonolento no período escolar ou nas atividades diárias, causando impacto importante em sua vida que, aliadas às situações de deterioração dos hábitos alimentares e falta de prática de exercícios físicos, contribuem muitas vezes para o aparecimento da obesidade e formação de um círculo vicioso em torno do problema.
O distúrbio do sono, condição presente entre 70-90% dos pacientes, consiste numa dificuldade para dormir, levando às vezes mais de uma hora para entrar no sono e acordando algumas vezes na madrugada. Ao final do período do sono este é considerado como não reparador, ou seja, permanecendo uma sensação de cansaço e exaustão mesmo ao acordar.
A síndrome da fibromialgia juvenil (SFJ) é uma condição clínica caracterizada pelo conjunto de sintomas como, dor musculoesquelética (braços, pernas, pescoço, costas, abdômen e/ou região lombar) crônica (geralmente mais de 3 meses), fadiga (cansaço) e sono não restaurador (sono leve e que não descansa o corpo ao acordar), podendo se associar a outros sintomas, que variam de paciente para paciente, como por exemplo, presenças de pontos dolorosos, dores de cabeça, alteração do humor, desânimo, alterações do hábito intestinal, desatenção, depressão e outros tantos.Foi inicialmente descrita em adultos, mas também acomete crianças e adolescentes, onde a predominância neste último grupo concentra o grande número de casos na faixa pediátrica.
A SFJ praticamente inexiste em crianças menores de 4 anos de idade, sendo predominante em adolescentes, principalmente entre os 11 e 15 anos, quando sua prevalência é estimada entre 1 e 2%. É seis vezes mais comum no sexo feminino que no masculino.