Publicado/atualizado: outubro/2025
Lucia Coutinho, Sonia Groisman, Dóris Rocha Ruiz, Dirceu Solé
Grupo de Trabalho de Saúde Oral
A “hipomineralização de esmalte” é uma má formação na camada superficial dos dentes denominada esmalte, devido a uma menor quantidade de minerais durante a sua formação. Essa condição no dente se manifesta por manchas de cor variável, indo do branco-creme ao amarelo-acastanhado, podendo acometer tanto a dentição decídua (Hipomineralização dos Segundos Molares Decíduos - HMD) quanto a dentição permanente (Hipomineralização Molar-Incisivo – HMI).
A hipomineralização do esmalte que acomete os dentes de leite ou permanentes são de origem multifatorial, envolvendo fatores genéticos, ambientais e sistêmicos durante a formação do esmalte dentário.
Nas pesquisas mais recentes publicadas a prevalência mundial da hipomineralização de esmalte gira em torno de 6,8% nos dentes de leite e de 12,8% em dentes permanentes.
No Brasil, estudos publicados revelam que hipomineralização de esmalte acontece por volta de 24,5% nos dentes de leite (HMD) e de 28,7% em dentes permanentes (HMI).
Sim, as hipomineralizações podem levar a sintomas dolorosos e sensibilidade dentária, devido ao aspecto poroso ou trincas e fraturas que podem ocorrem no dente afetado. Isso acaba dificultando a escovação e impactando a alimentação, pois o consumo de alimentos cítricos, gelados ou ricos em açúcar pode causar dor.
Sim. A menor quantidade de minerais no dente, a presença de irregularidades e fraturas dentárias associadas ao consumo frequente de sacarose, à má higiene oral e à ausência do monitoramento preventivo odontológico aumentam o risco de ocorrência da cárie dentária.
Pela fragilidade presente nos dentes com hipomineralização de esmalte pode, com muita frequência, induzir fraturas devido à própria mastigação ou hábitos parafuncionais, como o bruxismo, que se caracteriza pelo hábito involuntário de apertar ou ranger os dentes enquanto a criança está acordada (bruxismo da vigília) ou noturno (bruxismo noturno).
Sim, as manchas de hipomineralização de esmalte que se manifestam nos dentes anteriores, podem gerar insatisfação estética na criança e no adolescente, impactando na autoestima, assim como seu convívio e desenvolvimento social, impactando o seu bem-estar e a sua qualidade de vida.
É sempre essencial ter o acompanhamento do odontopediatra, que é o dentista especializado em bebês, crianças e adolescentes, para que seja realizado o diagnóstico precoce e, a partir da definição do grau de risco para fraturas ou desenvolvimento de lesões de cárie, possa se criar protocolos de condutas de proteção para os dentes afetados, de forma individualizada.
O tratamento recomendado vai depender da intensidade da hipomineralização do esmalte do dente, podendo se limitar a protocolos de proteção das estruturas dentárias com diversas técnicas odontológicas, entre essas, cita-se os aconselhamentos alimentares e de higiene oral, associados à aplicação de flúor, selante e laser local. Ou então, uma abordagem mais invasiva, como o uso de infiltrantes resinosos e restaurações, que irão proteger os elementos dentários, evitando o desenvolvimento de lesão de cárie.
A promoção de hábitos saudáveis e consultas odontológicas preventivas desde o pré-natal e após o nascimento e durante toda a primeira infância vão beneficiar a boa formação dentária e, além disso, o favorecerá a boa saúde oral. Acrescido a, seguir as recomendações alimentares, de higiene oral e da regularidade nas consultas odontológicas prescritas pelo odontopediatra na rotina saudável familiar.