Voltar ao Portal SBP
Comunicação de Notícias Difíceis com Crianças: como lidar?

Publicado/atualizado: novembro/2025

Comunicação de Notícias Difíceis com Crianças: como lidar?

Pediatria para Famílias – Sociedade Brasileira de Pediatria

Relatoras:

Simone Brasil de Oliveira Iglesias

Poliana Cristina Carmona Molinari

Como falar com crianças sobre doenças graves, tratamentos difíceis e morte?

Conversar com crianças sobre doenças graves, tratamentos difíceis e até mesmo sobre a morte é um dos maiores desafios enfrentados por pais, professores e cuidadores. Esses temas despertam medos, dúvidas e angústias não apenas nos pequenos, mas também nos adultos que desejam protegê-los do sofrimento. No entanto, silenciar ou evitar o assunto pode gerar ainda mais insegurança, pois as crianças percebem mudanças no ambiente, nas rotinas e no humor das pessoas ao redor.

É importante lembrar que cada criança compreende o mundo de acordo com sua idade, seu desenvolvimento e suas experiências anteriores. Os mais novos podem entender a doença de forma concreta, associando-a a sintomas visíveis, enquanto os mais velhos podem ter noção de gravidade, irreversibilidade e até refletir sobre o futuro. Por isso, as conversas precisam ser ajustadas à capacidade de compreensão de cada faixa etária.

Preciso mesmo falar sobre isso com meu filho?

Sim. As crianças percebem quando algo está acontecendo com elas mesmas e com pessoas próximas, mesmo que ninguém fale nada. Quando não recebem explicações, podem imaginar coisas piores ou até achar que são culpadas. As crianças entendem muito mais sobre a própria doença do que podemos imaginar.

Como começar a conversa?

Escolha um momento tranquilo, sem pressa. Pode começar perguntando o que a criança já sabe ou percebeu de diferente. Depois, explique de forma simples, usando palavras que ela entenda. As palavras deverão ser adaptadas para cada idade e maturidade da criança.

O que eu devo falar sobre a doença?

Procure usar nomes verdadeiros. Por exemplo: "O vovô está com câncer". Explique o que isso significa de forma curta: "É uma doença que faz a pessoa ficar muito fraca e precisar de muitos cuidados".

E se a criança perguntar se a pessoa vai morrer?

Se a doença é muito grave e existe esse risco, diga a verdade, de uma forma cuidadosa e de acordo com cada idade. Para ajudar, antes de responder, pergunte à criança as razões pelas quais ela fez esta pergunta, na tentativa de obter informações, que irão de encontro às necessidades reais de cada criança. Isso porque pode ser que ela tenha feito esta pergunta somente por ter ouvido de algum adulto, e não porque tem o entendimento do que está acontecendo. Você pode dizer: "Os médicos estão fazendo tudo para ajudar, mas pode ser que ele não melhore". Assim, a criança sente que pode confiar em você.

A criança vai ficar muito triste. Isso é normal?

Sim. Ficar triste é esperado e natural neste momento. É importante acolher a tristeza, o choro, e dizer que está tudo bem em sentir saudade ou medo, mas mostre que ela não está sozinha. Você pode compartilhar também seus sentimentos, o que mostra que não é errado ficar triste. Crianças pequenas podem entender a doença como uma punição ou castigo. Você pode explicar que a doença não é um castigo.

Como falar sobre a morte?

Explique de maneira clara e sem metáforas confusas. Evite frases como "ele foi dormir" ou "foi viajar" ou “virou estrelinha”, pois a criança pode ter medo de dormir ou achar que a pessoa vai voltar. Prefira: "Quando alguém morre, o corpo para de funcionar e não volta mais".

E se a criança fizer muitas perguntas?

Responda sempre, mesmo que seja repetindo a informação. Isso mostra que ela pode confiar em você. Se não souber a resposta, pode dizer: "Eu não sei, mas estou aqui com você". Dê espaço para que a criança faça perguntas e expresse seus sentimentos, sem pressa ou julgamentos. Quando incluídas nas conversas, as crianças se sentem mais seguras e com menos medo.

O que mais pode ajudar a criança nesse momento?

  • Manter a rotina, com pessoas queridas de seu convívio habitual, para ela se sentir segura.
  • Deixar espaço para brincar e desenhar, pois muitas vezes a criança se expressa melhor através do brincar.
  • Dar carinho, escutar com atenção e tempo para conversar quando ela quiser.
  • Respeitar o tempo de cada um, pois algumas crianças querem saber muito, outras perguntam pouco, e isso deve ser respeitado.
  • Se a religiosidade for algo que a família valoriza, inclua a criança nos rituais. A participação dela é considerada positiva para a elaboração do luto.
Sociedade Brasileira de Pediatria

SBP-Sede

R. Santa Clara, 292 Copacabana - Rio de Janeiro (RJ) - CEP: 22041-012 • 21 2548-1999

FSBP

Alameda Jaú, 1742 – sala 51 - Jardim Paulista - São Paulo (SP) - CEP: 01420-006 • 11 3068-8595

SBP-RS

Av. Carlos Gomes, 328/305 - Auxiliadora - Porto Alegre (RS) - CEP: 90480-000 • 51 3328-9270 / 51 3108-3328

Assessoria de Imprensa

360° Comunicação Integrada (21) 2548-1999 [email protected]