Publicado/atualizado: setembro/2025
Dra. Adelma Alves de Figueirêdo
Departamento Científico de Gastroenterologia Pediátrica
A lactose é o açúcar presente no leite dos mamíferos, como o leite de humanas, de vacas, de cabras, de baleias ... Ela é formada por duas moléculas, glicose e galactose. Para ser absorvida ela precisa ser digerida (quebrada) nessas duas moléculas e isso é feito pela enzima lactase, no nosso intestino delgado.
Quando, por algum motivo, não temos a enzima lactase ou a temos, mas em quantidade insuficiente, a digestão do açúcar lactose está prejudicada. A lactose que não foi digerida não será absorvida e irá prosseguir seu trajeto no intestino delgado “puxando água” para a luz intestinal (diarreia), até alcançar o intestino grosso (cólons). Chegando aí, onde há muitas bactérias, essas fermentam a lactose, aumentando a produção de gases, o que causa uma série de sintomas.
Os sintomas geralmente se iniciam entre meia hora a duas horas após o consumo do leite e/ou derivados (queijo, iogurte, leite condensado...) e são: excesso de gases, inchaço na barriga, dor abdominal, flatulência, náuseas, vômitos, diarreia líquida e explosiva, que pode levar a assadura perianal.
Não, tudo dependerá da quantidade da enzima lactase que a pessoa tenha e da quantidade de lactose que a pessoa consumiu. Geralmente os sintomas começam suaves e vão aumentando com o tempo, a medida que a enzima for diminuindo. É comum, no início, a criança ter apenas gases e a barriga inchada e, apenas depois, aparece diarreia. Lembrando que quanto maior for a quantidade de leite e/ou derivado, mais sintomas devem aparecer.
Sim. Quando a enzima começa a diminuir, geralmente por volta dos 5 anos de idade, os sintomas surgem apenas após a ingestão de grande quantidade da lactose (ex: leite), já outros alimentos com menos lactose e com mais gordura (ex: queijo) darão menos sintomas, no início.
A Genética - uma doença chamada alactasia congênita, felizmente muito rara, onde o bebê nasce sem nenhuma enzima lactase, e outra doença chamada hipolactasia ontogenética, bem comum, onde a enzima vai diminuindo com a idade, podendo surgir já por volta dos 5 anos.
A Secundária a uma doença que afete o intestino delgado, local onde é produzida a enzima lactase; tais como, infecções intestinais, doença celíaca, giardíase, desnutrição grave, doença de Crohn, enterite alérgica ... Na intolerância secundária, assim que é resolvida a doença de base, a produção de lactase volta ao normal e os sintomas passam, ou seja, os sintomas são temporários.
Quando a criança é muito pequena, geralmente será secundária e nós pediatras nos guiamos pelos sintomas: gases, assadura perianal e fezes explosivas. Após a suspeita, fazemos a retirada da lactose e em algumas horas/dias a criança melhora. Já nas crianças maiores e nos adultos, podemos realizar o teste de tolerância. O paciente ingere uma quantidade padrão de lactose e é coletado sangue antes e após a ingestão ou o paciente expira em um saco coletor, também antes e após a ingestão da lactose. No primeiro caso se mede a glicose e no segundo, o hidrogênio expirado.
Ele avalia a presença de genes que codificam a persistência da produção da enzima lactase e, consequentemente, da tolerância. Mas não indica se a pessoa está intolerante nesse momento é necessária uma avaliação clínica.
Sim, se a pessoa não produz a enzima em definitivo ou temporariamente, ela deve consumir produtos lácteos sem lactose (ZERO LACTOSE) ou tomar a enzima(remédio) antes de consumir leite e/ou derivados. A enzima é vendida nas farmácias na forma de sachê-pó, cápsula e comprimido.