Publicado/atualizado: setembro/2025
Dr. Marco Aurélio Palazzi Sáfadi
Departamento Científico de Infectologia
O sarampo é uma doença causada por um vírus, cujos sintomas se iniciam com o aparecimento de febre, tosse, nariz escorrendo e olhos vermelhos. Depois de 3 a 5 dias, aparecem manchas vermelhas na pele, que começam atrás das orelhas e no couro cabeludo e vão descendo pelo rosto, corpo, braços e pernas. Essas manchas costumam cobrir praticamente todo o corpo, inclusive mãos e pés.
A febre costuma melhorar 3 a 4 dias depois que as manchas aparecem, e a pele volta ao normal em cerca de 5 a 6 dias, podendo descamar levemente. Um sinal típico do sarampo, que pode aparecer 1 a 2 dias antes das manchas, são pequenos pontos brancos dentro da boca, na parte interna das bochechas, chamados manchas de Koplik — um sinal muito característico da doença. O tempo entre o contato com o vírus e o início da doença costuma ser, em média, 14 dias.
O sarampo é considerado uma das doenças infecciosas com maior contagiosidade. Estima-se que praticamente 9 em cada 10 pessoas susceptíveis (não vacinadas) que entrem em contato íntimo com um paciente com sarampo irão contrair a doença. O vírus é transmitido por contato direto com gotículas infecciosas ou por via aérea quando uma pessoa infectada respira, tosse ou espirra.
Quem está com sarampo transmite a doença de 4 a 6 dias antes até 4 dias depois do início da erupção com manchas vermelhas na pele. O período de maior transmissibilidade ocorre desde 48 horas antes até 48 horas depois do início da erupção (ou exantema).
É muito importante reforçar a orientação para que a criança ou adulto com sarampo permaneça em casa, afastado das atividades escolares e profissionais, por até sete dias após o aparecimento do exantema.
Mesmo em crianças previamente saudáveis, o sarampo pode ter manifestações clínicas severas, motivando hospitalizações. As complicações do sarampo podem ser observadas em até 20% a 30% dos casos, como: otite (infecção no ouvido), pneumonia, laringite grave, diarreia e inflamação no cérebro (encefalite).
As complicações são mais comuns em: crianças pequenas, menores de 5 anos, especialmente bebês no primeiro ano de vida, gestantes e pessoas com imunidade baixa
No período pré-vacinal estimava-se um risco de uma a duas mortes para cada 1000 crianças que eram acometidas por sarampo.
Infelizmente a queda das coberturas vacinais em diversos locais no mundo tem gerado uma tendência ascendente de casos globalmente. Dados de vigilância da Organização Mundial da Saúde (OMS) identificaram em 2025, até o início do mês de junho, 188.355 casos suspeitos e 88.853 confirmados em 168 países.
No Brasil, em 2025, até julho já tínhamos confirmados 5 casos de sarampo, no Distrito Federal (n= 1), Rio de Janeiro (n= 2), São Paulo (n= 1) e Rio Grande do Sul (n= 1)). Além destes 5 casos, o estado de Tocantins enfrenta um surto com dezenas de casos confirmados e em investigação no momento da redação deste informativo.
Não existe remédio específico que elimine o vírus. O tratamento serve para aliviar os sintomas e evitar complicações: oferecer bastante líquidos, controlar a febre, limpar os olhos com soro fisiológico e tratar eventuais infecções secundárias (como pneumonia e otite).
A vitamina A mostrou efeito protetor, com redução das taxas de morbidade e mortalidade de sarampo em países em desenvolvimento. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o uso de vitamina A em todas as crianças com sarampo.
A vacina é a forma mais eficaz de prevenir o sarampo. No Brasil, o calendário neste momento de reintrodução do vírus do sarampo inclui:
- A vacinação de crianças de 6 a 11 meses de idade é indicada nas localidades que mantêm a circulação ativa do vírus do sarampo e quando há elevada incidência da doença em crianças menores de 1 ano de idade, com o objetivo de antecipar a proteção para este grupo etário de risco de complicações. Esta dose é chamada de dose zero e não será considerada válida para fins do Calendário Nacional de vacinação (não substitui as doses de rotina).
- 1ª dose (12 meses): tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e 2ª dose (15 meses): tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela).
A sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que todas as crianças maiores de 1 ano e adolescentes devem ter duas doses da vacina tríplice viral, com pelo menos 1 mês de intervalo entre elas.
O recado mais importante
O sarampo não é uma doença do passado. A baixa cobertura vacinal aumenta o risco de surtos no Brasil. Manter a vacinação em dia protege seu filho, sua família e toda a comunidade