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Adultização de Crianças e Adolescentes

Publicado/atualizado: dezembro/2025

Dr. Benito Lourenço

Departamento de Medicina do Adolescente

  • O que é adultização das crianças e adolescentes?

A adultização acontece quando crianças e adolescentes são tratados como se fossem adultos, recebendo responsabilidades, expectativas e comportamentos inadequados para sua idade. Isso inclui exposição precoce a padrões de beleza irreais, cobranças emocionais excessivas e até sobrecarga de tarefas. Esse fenômeno priva os jovens de viver plenamente sua infância e adolescência, fases cruciais para o desenvolvimento saudável.

  • Como a adultização pode afetar o desenvolvimento de crianças e adolescentes?

Ao tratar crianças como mini adultos, elas podem desenvolver problemas emocionais e psicológicos, já que não possuem maturidade para lidar com essa sobrecarga. Ansiedade, depressão, baixa autoestima e problemas de comportamento são consequências frequentes. A pressão para corresponder a padrões irreais pode prejudicar sua autoconfiança e trazer impactos duradouros na vida adulta.

  • Quais são os principais fatores que contribuem para a adultização?

Um dos principais fatores é o impacto das redes sociais, que expõem os jovens a padrões irreais de beleza, comportamento e sucesso desde cedo. Além disso, a pressão para se destacar na escola, escolhas precoces de carreira, exigências estéticas e, em alguns casos, atribuições de responsabilidades domésticas ou familiares fora de proporção para sua idade também contribuem para esse cenário. Outro problema que surge com a adultização é a supervalorização da auto consciência nos jovens. Nossa sociedade, com suas comparações constantes, incentiva crianças a se preocuparem, antes da hora, com aspectos como desempenho escolar perfeito, decisões de carreira e até mesmo aparência pública em redes sociais. Crianças começam a pensar que precisam ser independentes e “fortes” o tempo todo, perdendo espaço para os erros naturais, aprendizados e brincadeiras necessários ao seu crescimento.

  • Como as redes sociais influenciam a adultização?

As redes sociais criam um ambiente onde crianças e adolescentes se sentem pressionados a atender padrões irreais, como sempre aparentar felicidade, sucesso ou beleza. Meninas, por exemplo, podem ser incentivadas a se vestir e agir de forma mais madura e sensual, enquanto meninos enfrentam cobranças de força e independência emocional precoce. Isso pode distorcer a forma como eles percebem a si mesmos e os outros.

  • De que forma os pais podem identificar sinais de adultização em seus filhos?

Pais podem suspeitar de adultização se os filhos demonstrarem preocupações excessivas com aparência, comportamento "perfeito", desempenho escolar ou responsabilidades que não condizem com sua idade. Fique atento também se eles começarem a evitar brincadeiras, parecerem constantemente ansiosos ou sobrecarregados, ou se demonstrarem comportamento que imita padrões adultos.

  • Como os pais podem combater a adultização dentro de casa?

O primeiro passo é preservar a infância e adolescência como espaços de criatividade, liberdade e aprendizado descontraído. Rejeite a ideia de que seu filho deve “crescer rápido” ou se destacar em tudo. Permita que ele enfrente desafios adequados à sua idade e ajude a construir limites saudáveis para evitar a sobrecarga emocional e as pressões de um mundo adulto.  Além disso, devem estar atentos à carga emocional e de responsabilidades atribuídas aos seus filhos. Muitas vezes, sem perceber, os pais colocam expectativas excessivas sobre crianças para que ajudem em casa, cuidem dos irmãos menores ou ajam como adultos em situações familiares complexas. Permitam que eles sejam crianças ou adolescentes, com tempo para lazer, erros, descanso e aprendizado no próprio ritmo.

  • É errado atribuir responsabilidades às crianças?

Não, desde que essas responsabilidades sejam adequadas à idade e à maturidade emocional da criança ou adolescente. Pedir ajuda nas tarefas domésticas ou encorajá-los a resolver problemas de forma saudável é útil para o desenvolvimento. O problema começa quando essas responsabilidades se tornam excessivas ou substituem o tempo livre, as brincadeiras e o descanso, fundamentais para um crescimento equilibrado.

  • É possível alinhar esforços com educadores e outras figuras de convivência?

Sim, é muito importante manter um diálogo com professores, parentes e até amigos da criança ou adolescente. Oriente essas figuras para evitar reforçar comportamentos que incentivam a adultização, como pressão por maturidade precoce ou por padrões irreais. Todos devem trabalhar em conjunto para oferecer um ambiente saudável e equilibrado.


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