Publicado/atualizado: outubro/2025
Dra. Virgínia Resende Silva Weffort
Departamento Científico de Nutrologia
Anemia ferropriva ocorre quando a quantidade de ferro disponível no organismo não é suficiente para a produção de glóbulos vermelhos (hemoglobina).
Baixa reserva materna: mãe com anemia; dieta materna pobre em ferro; gestação múltipla; perda sanguínea na gestação; falta de suplementação de ferro na gestação e lactação ou recebeu com dose baixa.
Aumento das necessidades: prematuridade; baixo peso; rápido crescimento nos primeiros anos de vida; adolescentes meninas com grande fluxo menstrual e meninos em prática esportiva de competição.
Oferta diminuída: clampeamento do cordão umbilical antes de um minuto de vida; consumo de alimentos que contém pouco ferro; falta de suplementação; consumo de leite de vaca nos primeiros anos de vida; dietas vegetarianas ou veganas;
Perdas crônicas: Hemorragia gastrintestinal (doença inflamatória intestinal, polipose colônica, medicamentos anti-inflamatórios não esteroides, infecção por Helicobacter pylori, verminose – estrongiloides, necatur, ancilostoma, enteropatias/colites alérgicas, esquistossomose); menstruação.
Má absorção do ferro: uso de medicamentos como antiácidos, doenças intestinais (doença celíaca, doença inflamatória intestinal); cirurgia bariátrica.
Vários alimentos contêm ferro, o que muda é a quantidade no alimento e como o ferro é absorvido, sua biodisponibilidade.
Os alimentos que possuem mais ferro e é muito bem absorvido são chamados de ferro-heme, são as carnes (principalmente vermelhas) e as vísceras (fígado, coração e língua de boi, miúdos de galinha).
Os alimentos que contém ferro, mas que não é bem absorvido, chamados de ferro-não heme, por exemplo: feijão, lentilha, soja, ovo, beterraba, couve, espinafre.
Consumir junto com as carnes, com alimentos que contém vitamina A e carotenóides (cenoura, abóbora cabotia), com vitamina C (frutas cítricas)
Deixar o feijão de molho por pelo menos 6 horas
Reduzir os alimentos que atrapalham a absorção, como chá, cafeína, leite, refrigerantes, fibras
Os sinais e sintomas surgem lentamente, guardando relação com os estágios de falta do ferro corpóreo. De modo geral, quando as primeiras manifestações surgem, a anemia já é moderada. Podendo apresentar anorexia, perversão do apetite (compulsão por comer gelo, sabão, espuma de colchão ou cabelo), geofagia, apatia, adinamia, irritabilidade, cefaleia, dispneia aos esforços, fraqueza muscular, intolerância aos exercícios e prejuízo do desenvolvimento físico, atraso na fala e para andar, redução da capacidade de atenção, alterações comportamentais, menor capacidade de manter a temperatura corpórea em ambientes frios, e alteração da função imune.
Os principais são o hemograma e a ferritina. Outros exames: saturação de transferrina, ferro sérico e capacidade total de ligação de ferro.
A gestante deve receber suplementação de ferro, corrigir anemia, consumir alimentos ricos em ferro. A lactante também deve receber suplementação com ferro, amamentação exclusiva até 6 meses, alimentação complementar com alimentos ricos em ferro.
Se a criança não teve fator de risco ao nascimento deve iniciar a suplementação aos 6 meses (180 dias), mas se teve fator de risco (mãe anêmica, não suplementou adequadamente, mãe apresentou sangramento durante a gestação, recém-nascido precisou de oxigênio, clampeamento do cordão antes de 1 minuto, baixo peso, prematuro) deve iniciar a suplementação aos 3 meses (90 dias). A suplementação deve seguir até 2 anos de idade.
Os objetivos do tratamento são corrigir a causa determinante da anemia e restabelecer os níveis de hemoglobina e os demais índices hematimétricos, além de repor os estoques de ferro dos tecidos (aumentar a ferritina).
Consultar o pediatra
Corrigir a causa
Orientar alimentação: consumir alimentos ricos em ferro ou fortificados
Suplementação oral de ferro durante 4 a 6 meses
A anemia ferropriva ainda é muito prevalente no Brasil, o que requer maior cuidado com as crianças para prevenir a deficiência de ferro, principalmente em fases iniciais da vida. Assim, evita-se consequências de longo prazo, com repercussões negativas no neurodesenvolvimento infantil. Os profissionais da saúde, e a família devem ser conscientizados sobre a importância da profilaxia e do tratamento adequados da carência nutricional do ferro e da importância da alimentação saudável.