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Câncer na criança e no adolescente

Publicado/atualizado: setembro/2025

Departamento Científico de Oncologia

  • Qual é a ocorrência do câncer infantojuvenil na população de crianças e adolescentes??

Na maioria das populações, o câncer infantojuvenil representa de 1% a 4% de todas as neoplasias malignas. Segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), estima-se que no mundo, todos os anos, 215.000 casos são diagnosticados em crianças menores de 15 anos, e cerca de 85.000 em adolescentes de 15 a 19 anos.

No Brasil, estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), apontam que o número de casos novos de câncer infantojuvenil, para cada ano do triênio 2023-2025, é de 7.930.

  • Por que meu filho desenvolveu câncer?

Entender exatamente por que uma criança ou adolescente desenvolve câncer ainda é um desafio para a medicina. Na maioria dos casos, o câncer infantojuvenil não está relacionado a fatores externos, como estilo de vida ou exposição ambiental. Ele ocorre devido a alterações genéticas que acontecem de forma espontânea, sem culpa de ninguém. O mais importante é que, ao identificar os sinais precocemente, o tratamento adequado pode ser iniciado, aumentando muito as chances de cura e a preservação da qualidade de vida.

  • Existem casos de câncer infantil que podem ser pensados antes da sua ocorrência?

Embora a maioria dos casos de câncer infantojuvenil ocorra de forma espontânea, em raras situações ele está associado a síndromes genéticas de predisposição ao câncer. Nessas condições, alterações hereditárias aumentam a chance de a criança desenvolver tumores ao longo da vida. Nesses casos, o acompanhamento médico especializado, aliado à atenção cuidadosa dos pais e pediatras, pode facilitar o diagnóstico precoce e o início rápido do tratamento, melhorando significativamente as chances de boa evolução. Por isso, é importante que famílias com histórico de câncer ou suspeita de síndromes genéticas busquem orientação médica adequada.

  • Quais são os sinais e sintomas de alerta para o câncer?

O reconhecimento precoce do câncer infantojuvenil pode ser desafiador, uma vez que seus sinais e sintomas frequentemente mimetizam condições mais comuns e benignas na infância. É relativamente comum que, nos estágios iniciais da doença, a criança não apresente um quadro clínico grave, o que pode ocasionar atraso no diagnóstico. Dessa forma, torna-se imprescindível a realização de consultas pediátricas periódicas e a atenção cuidadosa dos familiares a sinais e sintomas persistentes, visando à detecção precoce da neoplasia.

  • Alguns sinais e sintomas chamam a nossa atenção:

- Alterações em nevos (pintas na pele);

- Alterações oculares: estrabismo de início súbito, movimentos oculares involuntários e repetitivos, protusão ocular, entre outros;

- Presença de nódulos ou inchaços, geralmente indolores e sem febre, com ou sem sinais inflamatórios (dor ou vermelhidão);

- Aumento inexplicado do volume testicular, sem história prévia de trauma.

- Cefaleia: dor de cabeça, especialmente matutina, persistente e progressiva, alterações na marcha, desequilíbrio, alterações da fala, perda de habilidades previamente adquiridas e alterações comportamentais.

- Dor abdominal persistente, massa abdominal palpável;

- Dor óssea ou articular persistente;

- Equimoses e petéquias: manchas roxas ou pontos avermelhados em locais incomuns, além de sangramentos diversos;

- Febre prolongada: de origem desconhecida;

- Reflexo branco na pupila, também conhecido como “reflexo do olho de gato”;

- Aumento progressivo dos linfonodos (“ínguas”);

- Sangramento vaginal: antes da puberdade;

- Além de sintomas gerais, tais como: palidez, fadiga persistente e perda de peso sem causa aparente.

  • O que fazer se um ou mais desses sintomas forem identificados em uma criança ou adolescente?

Antes de tudo, mantenha a calma e procure, o quanto antes, agendar uma consulta com pediatra responsável pela criança ou adolescente. O médico realizará um exame clínico detalhado e, se necessário, solicitará exames complementares para auxiliar no diagnóstico. Após a análise dos resultados, o especialista poderá esclarecer melhor a situação e, caso seja indicado, encaminhar o paciente para avaliação com médicos especialistas.

  • O que é o Setembro Dourado e o que ele representa?

O Setembro Dourado é uma campanha de conscientização realizada no Brasil durante o mês de setembro, com o objetivo de alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil. O laço dourado, símbolo da campanha, representa a luta das crianças e adolescentes contra o câncer, assim como a esperança de cura e vida.

Durante o Setembro Dourado, diversas ações são promovidas para informar pais, cuidadores e profissionais de saúde sobre os sinais e sintomas do câncer em crianças e adolescentes, incentivando a busca rápida por avaliação médica. A campanha também visa sensibilizar a sociedade sobre a importância do acesso a tratamento adequado e ao apoio integral às famílias afetadas pela doença.

  • Por que é fundamental que crianças e adolescentes com câncer sejam tratados em centros especializados com equipes multiprofissionais?

O tratamento do câncer infantojuvenil é complexo e exige cuidados especializados que só centros com experiência e estrutura adequada podem oferecer. Equipes multiprofissionais compostas por oncologistas pediátricos, cirurgiões, oftalmologistas, ortopedistas, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, assistentes sociais, entre outros.

Centros especializados também dispõem de recursos tecnológicos avançados, acesso a tratamentos inovadores e participação em protocolos de pesquisa que aumentam as chances de cura.

  • Quais são as chances de cura do câncer do meu filho?

As chances de cura do câncer infantojuvenil têm melhorado muito nas últimas décadas graças aos avanços na medicina, aos tratamentos cada vez mais eficazes e ao diagnóstico precoce. Atualmente, cerca de 70% a 80% das crianças e adolescentes com câncer podem ser curados, especialmente quando o diagnóstico é feito no início da doença e o tratamento é realizado em centros especializados.

É importante lembrar que cada caso é único, e o prognóstico depende do tipo de câncer, do estágio em que ele é diagnosticado, da resposta ao tratamento e das condições gerais de saúde da criança. A equipe médica estará sempre ao lado da família para esclarecer dúvidas e oferecer o melhor cuidado possível, com o objetivo de garantir a maior chance de cura e qualidade de vida.

Nos últimos anos, a oncologia pediátrica tem registrado avanços muito importantes que têm melhorado a cura e a qualidade de vida dos pacientes com terapias mais precisas e menos agressivas.

  • Existem efeitos colaterais do câncer em crianças?

Existem efeitos agudos, que aparecem durante ou logo após o tratamento, e incluem sintomas como cansaço, náuseas, queda de cabelo, infecções e dores e são temporários.

Mas há os efeitos tardios, que surgem meses ou até anos depois do tratamento, por isso, é fundamental que as crianças que venceram o câncer façam acompanhamento a longo prazo.

  • Por que a presença da classe hospitalar é importante durante o tratamento do câncer infantil?

A classe hospitalar, composta por professores, educadores e outros profissionais, desempenha um papel fundamental para a criança e para o adolescente que estão em tratamento contra o câncer. Ela ajuda a manter a rotina escolar, promovendo o aprendizado e a socialização mesmo durante as internações e sessões de tratamento. Isso contribui para a autoestima, o bem-estar emocional e o desenvolvimento cognitivo da criança, ajudando a diminuir os impactos da doença e do afastamento da escola.

  • Que outros tipos de apoio são necessários no tratamento do câncer infantojuvenil?

O apoio psicológico é essencial para ajudar as crianças, adolescentes e suas famílias a enfrentarem os desafios emocionais que o diagnóstico e o tratamento do câncer trazem.

As organizações não governamentais (ONGs) desempenham um papel fundamental no suporte às crianças e adolescentes com câncer e suas famílias, complementando o trabalho do sistema de saúde, porque oferecem diversos tipos de ajuda, como apoio emocional e psicológico para pacientes e famílias, suporte financeiro para custos relacionados ao tratamento, transporte para consultas e hospitalizações, além de atividades educativas e recreativas que ajudam a melhorar a qualidade de vida durante o tratamento.

  • Qual é a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) no tratamento do câncer infantil no Brasil?

O SUS é a principal rede pública de saúde do Brasil e tem papel central no acesso ao diagnóstico, tratamento e acompanhamento das crianças e adolescentes com câncer. O SUS também coordena a rede de serviços especializados, oferece medicamentos essenciais e apoia programas de prevenção e cuidados paliativos. A existência de um sistema público robusto é essencial para garantir equidade, qualidade e continuidade do tratamento oncológico pediátrico em todo o país.



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