A decisão dos maiores fabricantes de bebidas do país de não venderem mais refrigerantes para as cantinas de escolas com crianças de até 12 anos é “muito bem-vinda”, define o dr. Joel Bressa Cunha, presidente do Departamento Científico (DC) de Saúde Escolar da SBP. A iniciativa “reconhece os malefícios dessas bebidas e permitirá, oferecendo outras opções, que os alunos passem a exercer escolhas mais saudáveis”, observa.
A avaliação é compartilhada pela dra. Virgínia Weffort, presidente do DC de Nutrologia da Sociedade, salientando que a “atitude coincide com a deliberação da Assembleia Geral da ONU que, no dia 01 de abril, aprovou resolução que define o período de 2016 a 2025 como a Década de Ação pela Nutrição.
Dr Joel lembra que “existem diversos dispositivos legais, de âmbito municipal ou estadual, além de projetos de lei nesse sentido, mas sem evidências de serem eficazes amplamente. A ação das próprias escolas, limitando a venda de certas bebidas e alimentos é louvável, mas infelizmente não atinge número significativo de crianças e adolescentes.
Para o presidente do Departamento de Saúde Escolar, “a promoção de saúde nas escolas passa, é claro, pela alimentação saudável. Saúde é tema transversal nos currículos. As cantinas escolares nem sempre estão sensibilizadas para oferecer produtos com qualidade nutricional adequada aos estudantes e muitas vezes funcionam de forma totalmente independente do restante da escola, não se integrando de forma nenhuma aos projetos pedagógicos. Oferecem refrigerantes, frituras e alimentos com excesso de sal ou de carboidratos, relacionados a agravos à saúde, como obesidade, diabetes, hipertensão arterial, osteoporose e mesmo cáries, além de todas as suas consequências. Isso precisa mudar”.
Dra. Virgínia frisa que é a SBP tem participado de várias discussões sobre o tema, junto à Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, para fortalecer a alimentação saudável. “O primeiro ganho obtido foi a redução da gordura trans dos alimentos, seguida da redução do sódio. O lanche saudável já é realidade em algumas cidades, não apenas com a retirada do refrigerante, mas também com o tipo de lanche oferecido nas cantinas”, diz. “É necessário o entendimento de que os sucos devem ser substituídos pelas frutas, que são mais saudáveis, e lembrar que a água de coco não é água e é importante aumentar a ingestão de água. Queremos também que a oportunidade de boas escolhas atinja também os adolescentes”, completa
A Sociedade Brasileira de Pediatria defende a alimentação saudável em todos os níveis. Os Departamentos de Saúde Escolar e de Nutrologia participam desse movimento com orientações aos pediatras, às famílias, aos educadores e à população em geral, por meio de textos, sites e eventos científicos, com o objetivo de tornar adequada, nutritiva e saborosa a alimentação oferecida nas creches e pré-escolas, na merenda escolar e nas cantinas, para estudantes de todas as idades. “As crianças devem ter acesso aos bons alimentos, de forma a favorecer as escolhas saudáveis. É importante começar desde cedo, pois é mais difícil reverter maus hábitos alimentares já instalados”, ressalta o dr. Joel.
A obesidade é exemplo de má nutrição, com várias deficiências de micronutrientes e excessos de macronutrientes. Doença crônica silenciosa, leva a várias outras relacionadas, como diabetes melitus, dislipidemia, hipertensão arterial. “As famílias devem se conscientizar de que a prevenção é a melhor maneira de se evitar essas doenças e “se faz com alimentação saudável”, assinala dra. Virgínia Weffort.
Os pediatras já fazem parte desse esforço de mudança, que passa pelo estabelecimento de um novo estilo de vida pelas famílias contemporâneas, com a prática de exercícios físicos, a diminuição do tempo diante de telas de televisão, tablets e outros equipamentos, e o incentivo às brincadeiras ao ar livre.
Agora, “a iniciativa da indústria deverá contribuir para mudar hábitos nas escolas abrangidas e esperamos que tenha impacto positivo na saúde dos estudantes, além de incentivar a reflexão das famílias sobre esse importante tema. É possível que haja reação de alguns alunos ou seus responsáveis, resistindo às mudanças e adotando formas alternativas para continuar consumindo refrigerantes, mas a iniciativa, se mantida, deverá trazer bons resultados a médio e longo prazo”, finaliza o dr. Joel.
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