Notícias do 25º Fórum da Academia Brasileira de Pediatria

O Fórum está chegando, e já temos a lista de palestrantes toda confirmada. Vai ser uma oportunidade imperdível para discutirmos com colegas e representantes da sociedade um tema super atual: o nosso planeta.

Nosso convite é para você vir pensar junto conosco em como tornar nosso planeta saudável e, com isto, proteger a infância.

Iniciaremos a discussão ouvindo Luciana Phebo, representante da UNICEF, conversando sobre o impacto do meio ambiente na saúde infantil.

A seguir, teremos um interessante bate-papo sobre saúde, meio ambiente e epigenética, com três especialistas e acadêmicos da Academia Brasileira de Pediatria (Themis Reverbel, Nelson Rosário e Gisela Alves).

E, para finalizar a manhã, ouviremos Gandhy Piorski falar sobre a importância da natureza no imaginário e no brincar de crianças.

A tarde iniciará com uma discussão sobre as raízes da vida, a importância do contato com a natureza para o desenvolvimento físico e mental, clima e saúde, além de projetos educacionais e terapêuticos baseados na natureza. Os debatedores serão a acadêmica Luciana Silva, André Fenner (representante da FIOCRUZ) e Carolina Bauchspiess (Comunidade de Aprendizagem Paranoá).

A segunda sessão, o Elo invisível: o cuidado começa agora, contará com um representante dos povos originários, Sonia Venancio representando o Ministério da Saúde, e Tayanne Galeno, do Instituto Alana.

Após o coffee break, teremos o acadêmico José Luiz Egydio Setúbal falando sobre o papel da comunidade cientifica juntamente com a sociedade civil nesta rede de sustentabilidade.

O encerramento será conduzido pela presidente da ABP, Sandra Grisi, e pela presidente da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal (SPDF), Luciana de Freitas Velloso Monte.

E aqui já segue um “spoiler” dos debates que teremos: a mesa- -redonda Criança 360º: Saúde, Meio Ambiente e Epigenética. A principal motivação foi oferecer aos diferentes profissionais dedicados aos cuidados das crianças e a comunidade em geral a possibilidade de discutir e aprofundar conhecimentos nesse tema. A proximidade da realização da COP 30, em Belém, torna particularmente interessante analisar os impactos das mudanças climáticas no desenvolvimento infantil. Em março de 2025, pediatras pesquisadores de diferentes áreas de atuação já mostravam a importância dos diferentes olhares sobre o assunto e dedicaram todo o suplemento do Jornal de Pediatria para uma excelente apresentação do tema.

Com a palavra a Drª. Themis Reverbel da Silveira, falando sobre epigenética.

“Epigenética – como o ambiente interfere na saúde das crianças desde a gestação até a adolescência: ‘O futuro do homem começa antes do nascimento’

Epigenética é a área da Biologia que estuda as mudanças na expressão dos genes sem envolver a constituição da sequência do DNA. Estas mudanças ocorrem pela presença de fatores que, agindo como “interruptores biológicos”, ativam ou silenciam genes envolvidos no funcionamento do organismo. Fatores ambientais, exposição a poluentes, qualidade do ar, uso de drogas, idade parental na concepção e experiências vividas podem influenciar o desenvolvimento infantil desde o útero materno. A Epigenética busca analisar em profundidade os diferentes elementos que agem ao longo da vida e, nos dias atuais, ganhou um significado ainda maior com a valorização recente do novo ramo da ciência que trata das Origens Desenvolvimentistas da Saúde e da Doença (DOHaD).

É reconhecido que nos primeiros anos os seres humanos são mais sensíveis a estímulos e mudanças, especialmente nos primeiros 1000 dias - desde a concepção até os dois anos. É nesse período no qual são estabelecidos os fundamentos de saúde, crescimento e neurodesenvolvimento adequados para a vida.

O ambiente no qual o bebê se desenvolve – presença de estresse, alimentação materna inadequada, exposição durante a gestação a variados agentes tóxicos – pode modificar a expressão de genes que são determinantes para a programação da saúde no decorrer da vida. Intervenções positivas nesse período como aleitamento materno, contato afetivo persistente, prevenção de infecções e vacinação, proporcionam um ambiente harmonioso e, com isso podem reduzir o risco de distúrbios no neurodesenvolvimento, doenças alérgicas, asma e, mais tarde, alterações hormonais e cardiovasculares, diabete e obesidade.

Os processos epigenéticos são controlados por modificações químicas, sendo três os principais mecanismos: a incorporação de um grupo metila (CH3) no DNA e alterações nas histonas e no RNA-não codificante. Estas modificações agem como interruptores que podem ligar e desligar o controle da expressão dos genes. Os genes metilados e hipometilados apresentam expressão silenciada ou aumentada, respectivamente. Quando as histonas estão com a sua forma alterada (deacetilada), haverá dificuldade na transcrição do DNA.

Quando houver inativação de um gene no espermatozoide ou no óvulo esta alteração pode passar para a geração seguinte. Essa situação é reconhecida como herança epigenética transgeracional. Assim, a possibilidade de haver a transmissão para as futuras gerações das alterações epigenéticas reforça a importância de cuidados antes mesmo da concepção – tanto por parte das mães quanto dos pais. Fato positivo é que diferentemente das mudanças genéticas propriamente ditas – as mutações – as alterações epigenéticas podem ser reversíveis. Com isso, cuidar do início da vida é investir no futuro com saúde e lembrar que genética não é destino.”

Sem dúvida, este vai ser um encontro que será um marco na história da ABP

Brasília será palco do 25º Fórum da Academia Brasileira de Pediatria: meio ambiente e infância em destaque

Em agosto de 2025, a capital federal recebe o 25º Fórum da Academia Brasileira de Pediatria (ABP), um evento que se consolida como espaço estratégico para debates sobre os grandes temas que impactam a saúde infantil. Nesta edição, Brasília oferece o cenário ideal para discutir a relação entre meio ambiente e saúde das crianças, tema urgente e cada vez mais presente na prática pediátrica.

O Boletim ABP conversou com a Drª. Luciana de Freitas Velloso Monte, presidente da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal, que compartilha os principais destaques do Fórum.

Qual será o tema central do Fórum 2025 da ABP?

O tema central será “Planeta Saudável, Infância Protegida”. A escolha reflete o entendimento de que não se pode dissociar a saúde infantil das condições do meio ambiente. A poluição do ar, a degradação dos recursos hídricos e a perda de ecossistemas impactam diretamente o desenvolvimento físico, emocional e epigenético das crianças. É uma resposta urgente à crise ambiental que afeta diretamente a saúde da população, em especial as crianças. Ao privilegiar essa temática, a ABP, juntamente com a SBP e SPDF, reforçam seu papel protagonista, alinhando, de forma intersetorial, as recomendações científicas e os princípios de sustentabilidade ambiental, cumprindo sua missão de zelar pelo bem-estar integral das crianças e adolescentes.

Quais são os principais objetivos da Academia com a realização do Fórum deste ano?

O Fórum busca:

• Fomentar o diálogo científico e social sobre os determinantes ambientais da saúde infantil, levando ao debate o panorama completo dos efeitos ambientais sobre crianças e adolescentes;

• Mobilizar a sociedade civil, a comunidade científica e gestores no sentido de articular políticas públicas, legislação, educação ambiental e práticas clínicas integradas à preservação do meio ambiente e sustentabilidade;

• Elaborar, discutir, divulgar e consolidar o “Manifesto Verde da Pediatria”, documento estratégico de comprometimento conjunto entre profissionais de saúde, sociedade civil e poder público;

• Promover reflexões e troca de experiências interdisciplinares para construir abordagens práticas que promovam uma infância saudável desde o princípio da vida.

Quais novidades o público pode esperar em relação às edições anteriores?

O Fórum 2025 apresenta o tema Meio Ambiente, com uma programação especialmente voltada para os impactos da saúde Brasília será palco do 25º Fórum da Academia Brasileira de Pediatria: meio ambiente e infância em destaque ambiental na infância, com ênfase em temas emergentes como epigenética, poluição do ar, práticas integrativas baseadas na natureza e a construção do conceito “Criança 360°”, que propõe uma visão ampliada e multidimensional do cuidado infantil.

Entre os marcos desta edição, destaca-se o lançamento do Manifesto Verde da Pediatria, um documento de posicionamento institucional que reunirá recomendações estratégicas para políticas públicas, condutas clínicas e iniciativas comunitárias sustentáveis, reafirmando o compromisso da ABP com a promoção de um ambiente saudável desde os primeiros anos de vida. Outro diferencial é a ampliação do diálogo interdisciplinar, com a participação ativa de profissionais das áreas de educação, saúde e ecologia, o que confere ao evento uma perspectiva intersetorial robusta e necessária diante dos desafios contemporâneos.

A edição também presta uma homenagem especial ao professor Dr. Antônio Márcio Junqueira Lisboa, figura emblemática da Pediatria no Distrito Federal e no Brasil, cuja trajetória inspira novas gerações.

Para a senhora, qual a importância de Brasília como sede do Fórum?

Garanta o seu lugar e faça logo sua inscrição pelo link: https://www.sbp.com.br/especiais/eventos/25-forum-da-abp/ Brasília, como capital nacional, assume papel estratégico para o Fórum. O evento em Brasília facilita o diálogo direto com dirigentes e gestores das diversas áreas e aproxima as iniciativas da ABP/ SBP/ SPDF do centro decisório do país, o que é muito importante para pautar a infância e o meio ambiente nas agendas nacionais.

O que a senhora espera da participação dos pediatras no Fórum?

Espero que os colegas pediatras possam participar dos debates e fazer contribuições e propostas inovadoras. Desejo que cada pediatra assuma um papel ativo como agente transformador, integrando a defesa do meio ambiente à sua prática clínica, com uma visão mais ampla e integral sobre a saúde das crianças. Espero, também, engajamento acadêmico, estimulando a produção científica sobre os impactos ambientais na saúde infantil, incentivando estudos e pesquisas colaborativas.