Com a chegada das festas de fim de ano e o aumento tradicional do consumo de bebidas alcoólicas no País, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) reforça um alerta fundamental para a saúde de gestantes, recém-nascidos e crianças: não existe dose segura de álcool durante a gestação ou a amamentação. A entidade chama a atenção para os riscos da exposição ao álcool nessas circunstâncias, o que pode provocar desde alterações no desenvolvimento até complicações graves, conforme detalhado em Nota de Alerta publicada pelo Grupo de Trabalho sobre Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal (TEAF) da SBP.
Segundo o documento, o álcool atravessa a placenta e atinge o feto em concentrações semelhantes às da corrente sanguínea materna, podendo causar danos permanentes ao sistema nervoso central e prejuízos no crescimento e na formação de órgãos. A exposição pré-natal está associada a maior risco de aborto espontâneo, parto prematuro, restrição de crescimento intrauterino, anomalias congênitas e à Síndrome Alcoólica Fetal. A SBP lembra que até 1 em cada 67 gestações pode resultar em criança afetada pelo TEAF, número expressivo e ainda subestimado no País.
LEIA A NOTA DE ALERTA NA ÍNTEGRA
A SBP também destaca a importância de evitar o consumo de álcool durante a amamentação. A substância passa diretamente para o leite materno e pode causar irritabilidade, sonolência excessiva, dificuldade de sucção, comprometimento do desenvolvimento e, em casos de exposição prolongada, até convulsões no bebê. Além disso, estudos mostram que o álcool pode reduzir a produção de leite e interferir na liberação da ocitocina, hormônio essencial para a ejeção do leite materno.
Para os especialistas, o período das festividades impõe uma atenção adicional às famílias. "O fim do ano é marcado por confraternizações em que o consumo de álcool aumenta, mas é fundamental reforçar que gestantes e lactantes devem manter abstinência completa. Não há nível seguro e qualquer quantidade pode trazer riscos ao feto ou ao recém-nascido", afirma a dra. Helenice Fiod Costa, coordenadora do GT responsável pela Nota de Alerta. A especialista reforça que muitos dos impactos do álcool são silenciosos e só se manifestam meses ou anos depois, especialmente nas esferas cognitiva, comportamental e do aprendizado.
Para o presidente da SBP, dr. Edson Liberal, a responsabilidade social sobre o tema precisa ser compartilhada. "É fundamental que as famílias compreendam os riscos e que gestantes e lactantes não sejam expostas a estímulos sociais que incentivem o consumo. As festas de fim de ano são oportunidades de convivência, mas também de cuidado. Nosso compromisso, como pediatras, é proteger o início da vida em todas as suas etapas."
A SBP orienta que profissionais de saúde reforcem as orientações preventivas durante o pré-natal e o acompanhamento de crianças e adolescentes, e recomenda que familiares e amigos apoiem gestantes e mulheres que estão amamentando, evitando oferecer bebidas alcoólicas e ajudando a desconstruir mitos ainda muito disseminados, como a falsa ideia de que “cerveja aumenta o leite” ou que “um brinde não faz mal”.
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