Enquanto líderes mundiais se reúnem em Belém (PA) para discutir o futuro do planeta na COP30, um alerta vem da comunidade pediátrica: o aquecimento global já está afetando a saúde de crianças e adolescentes na América Latina. Segundo o relatório Lancet Countdown Latin America 2025, traduzido e comentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), 2024 foi o ano mais quente já registrado, com temperatura média 1,55 °C acima dos níveis pré-industriais. Na região, os bebês já enfrentam 450% mais dias de exposição a ondas de calor em comparação ao início do século.
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A partir desse alerta, a SBP lança também um guia para auxiliar os pediatras a avaliarem os efeitos da poluição e das mudanças climáticas nas consultas de rotina. Uma das recomendações é a adoção de um roteiro de anamnese ambiental, com perguntas que investigam as condições de moradia, energia, saneamento e abastecimento de água das famílias atendidas.
“Os pediatras têm a oportunidade de promover a conscientização sobre a importância de um ambiente domiciliar saudável, pois a criança é especialmente vulnerável à exposição a agentes químicos, seja no ar ou na água. Elas ingerem mais água e alimentos e respiram maior quantidade de ar por unidade de peso corporal que um adulto. Um lactente de seis meses, por exemplo, pode ingerir sete vezes mais água do que um adulto”, comenta o presidente da SBP, dr Edson Liberal.
De acordo com a SBP, a residência deve ser o ponto de partida da investigação, já que é onde as crianças passam a maior parte do tempo. O Lancet Countdown aponta, por exemplo, que a concentração de poluentes no ar dentro de casas que utilizam combustíveis sólidos para cozinhar chega a 245 μg/m³, nível considerado perigoso e responsável por 360 mil mortes prematuras entre indivíduos em idade produtiva.
Além da exposição ao ar poluído, a SBP alerta que agentes químicos presentes na água contaminada podem causar intoxicações, distúrbios hormonais, danos cerebrais e até câncer.
AGENDA CLIMÁTICA – Para a SBP, a COP30 representa uma oportunidade de colocar a saúde infantil no centro da agenda climática global. A entidade reforça que crianças e adolescentes são o grupo mais vulnerável à crise ecológica e que o enfrentamento das mudanças climáticas deve começar desde o consultório.
“Determinadas exposições que ocorrem em etapas precoces do desenvolvimento, ou mesmo em períodos pré-natais, podem resultar em doença na infância ou adolescência e persistir como alterações incapacitantes durante toda a vida do indivíduo. O desenvolvimento dos alvéolos pulmonares acontece até a idade pré-escolar, por volta dos seis anos. Nesse contexto, é preponderante banir a fumaça de tabaco do ambiente doméstico”, exemplifica o dr. Edson Liberal.
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