Crianças e adolescentes têm recorrido, cada vez mais cedo e com maior frequência, ao uso de cosméticos e à realização de procedimentos estéticos. A fragilidade de uma autoestima ainda em formação, aliada à busca por modelos idealizados de beleza, compõe um cenário que gera preocupação em muitas famílias. Atenta ao problema, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) acaba de lançar um documento científico com orientações sobre rotinas de autocuidado e beleza. O objetivo é prevenir riscos à saúde durante a utilização de maquiagem e produtos de skincare, promovendo bem-estar de forma responsável.
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Segundo destaca a publicação da SBP, cosméticos não são isentos de efeitos colaterais e podem desencadear, por exemplo, o surgimento de processos imunoalérgicos. Confira a seguir os principais cuidados e riscos para a população pediátrica.
MAQUIAGEM
No Brasil, estudos indicam que, aos quatro anos de idade, muitas crianças já começam a utilizar maquiagem, especialmente batom e sombra. Vale lembrar que a pele das crianças ainda está em desenvolvimento e o contato precoce com esses produtos pode interferir em seu processo natural. Além disso, quanto mais cedo ocorrer a exposição, maiores são as chances de sensibilização e maiores as probabilidades de acontecerem reações alérgicas. Portanto, apesar de não haver um consenso a respeito de uma idade mínima para o uso de maquiagem, na infância, quanto mais se postergar, melhor.
No período da adolescência, o uso excessivo de maquiagem propicia a obstrução dos poros, bem como o aparecimento de acne e dermatites. A presença de determinadas substâncias, como conservantes, também pode desencadear reações alérgicas, implicações hormonais e até toxicidade neurológica. Esses resultados prejudiciais são potencializados pela frequência e pela quantidade de cosméticos utilizados. Há ainda o risco do desenvolvimento de uma autoestima negativa, na medida em que passa a existir uma correlação direta entre maquiagem, beleza e aceitação.
Por isso, a recomendação no que diz respeito à maquiagem na adolescência é usar poucos produtos, adequados para a idade (formulados para peles sensíveis e hipoalergênicos) e discutir a frequência, propondo preferencialmente o uso restrito a determinadas ocasiões.
COLORIR OS CABELOS
Intervenções mínimas estão autorizadas a partir de 12 anos, no entanto somente com produtos próprios para a idade (sem amônia, chumbo ou água oxigenada). As melhores opções são as temporárias, que saem após as lavagens dos fios, como pomadas e sprays coloridos! De acordo com o documento científico, meninas e meninos com menos de 15 anos devem evitar colorações e outras químicas nos cabelos.
UNHAS DE GEL
Conforme destaca a SBP, o procedimento não é recomendado para menores de 16 anos. Também a pessoas com diabetes e pacientes em tratamento contra câncer, sendo também contraindicado para aqueles alérgicos aos componentes do produto, que estejam com a pele sensível, portadores de psoríase ou de alguma infecção ou micose de unha
SKINCARE
A publicação da SBP frisa que a pele de crianças e adolescentes tem características diferentes: é mais fina e sensível e não possui barreiras de proteção totalmente formadas. Por isso, a aplicação de produtos “anti-idade”, formulados para combater rugas, linhas de expressão e outros sinais de envelhecimento, além de desnecessária, é claramente prejudicial. Esses produtos são compostos por substâncias como retinóides, ácidos e antioxidantes em concentrações elevadas que podem machucar, queimar e fotossensibilizar a pele, provocando manchas, dermatites, acne e alergias.
Há também o risco do desencadeamento de efeitos colaterais provocados pela presença de disruptores endócrinos, substâncias que alteram o sistema endócrino e a função hormonal. Alguns deles, como bisfenol, parabeno e triclosan, são amplamente utilizados em cosméticos, aumentando a exposição dos jovens a essas substâncias.
Do ponto de vista psicossocial, a busca por produtos “anti-idade” ainda na adolescência contribui para uma distorção da sua autoimagem. Ou seja, a pressão para prevenir sinais de envelhecimento antes mesmo do seu surgimento na busca por um padrão de beleza irreal e perfeito impacta negativamente na autoestima
Para ter uma pele saudável, o adolescente precisa seguir uma rotina de cuidados básicos constituída por limpeza, hidratação e uso de filtro solar. Recomenda-se: utilizar um sabonete neutro, para controlar a oleosidade; hidratar a pele com produto leve e aquoso; associar um filtro solar indicado para esta faixa etária, preferencialmente oil free.
PIERCINGS E TATUAGENS
Há um consenso acerca do diálogo como a melhor estratégia na abordagem com adolescentes. Nesse sentido, é imprescindível ouvir a motivação, discutir as consequências e apontar alternativas. No caso dos piercings, podem ocorrer alergias, sangramentos, infecções sexualmente transmitidas (Hepatite B, Hepatite C, HIV), tétano, queloides e dermatites de contato. No caso das tatuagens, as complicações mais frequentes são as dermatites de contato relacionadas aos pigmentos.
Como regra geral, em ambos os casos, a realização sem autorização só é permitida a partir de 18 anos. A SBP aconselha que, no caso de adolescentes, um dos responsáveis acompanhe o procedimento. É imprescindível visitar vários estúdios até escolher o mais adequado, bem como avaliar as condições de saúde do jovem, verificando inclusive o calendário vacinal (principalmente a cobertura para Hepatite B).
É importante checar se o profissional segue regras básicas de higiene, como lavar e secar bem as mãos e se realiza o descarte em recipiente adequado. As embalagens devem ser abertas diante dos clientes e, no caso das tintas, precisam ser novas, não podendo ser reaproveitadas. Quando os procedimentos são realizados em estabelecimentos confiáveis, que respeitam as condições de higiene exigidas pela vigilância sanitária, o risco é mínimo.
DESODORANTES E ANTITRANSPIRANTES
A SBP destaca que antitranspirantes são produtos indicados para quem transpira muito, pois quando aplicados, penetram nos ductos glandulares produzindo um gel que inibe a produção de suor excessivo. O uso de antitranspirantes não é recomendado para menores de 12 anos. Já os desodorantes são produtos que apenas mascaram o mau odor axilar e podem ser usados a partir dos oito anos, desde que não sejam apresentados na forma de aerossol e não possuam substâncias antitranspirantes.
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