No Brasil, uma em cada três crianças de cinco a nove anos de idade está acima do peso. O número preocupante é um dos destaques do novo documento científico lançado nesta semana pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em celebração ao Dia Mundial da Alimentação (16 de outubro). A publicação, que traz dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), reforça que a obesidade também tem avançado na faixa etária de dez a 19 anos: na última década, o contingente daqueles com excesso de peso passou de 25% para 32%.
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De acordo com a nota de alerta da SBP, mantida essa tendência, estima-se que em 2035 metade das crianças e adolescentes brasileiros estará acima do peso recomendado. Conforme salienta a presidente do Departamento Científico de Nutrologia da SBP, dra. Fabíola Isabel Suano, em 2025, pela primeira vez na história, a prevalência global de obesidade entre crianças e adolescentes, na faixa de cinco a 19 anos, superou os índices de desnutrição.
“Os dados globais, apresentados pelo Unicef, indicam uma mudança de perfil. Pela primeira a obesidade superou a desnutrição em crianças. Enquanto, em décadas anteriores, a preocupação central era a desnutrição, atualmente a insegurança alimentar está relacionada a diferentes formas de má nutrição. Mantém-se a desnutrição (comprometimento do peso para a altura), mas há também a carência de micronutrientes, que nomeamos fome oculta. Além disso, existe o avanço muito rápido da obesidade infantil, que tem forte correlação com o aumento das doenças crônicas não transmissíveis como a hipertensão arterial e diabetes”, pontuou.
DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO — Iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), o intuito da data é reforçar o compromisso e a conscientização sobre como criar sistemas alimentares mais saudáveis, inclusivos e sustentáveis. Atualmente, em todo o mundo, cerca de 673 milhões de pessoas enfrentam a fome, enquanto aproximadamente 900 milhões de adultos são obesos.
“A desigualdade de renda e desinformação permanecem como barreiras significativas que dificultam o acesso a alimentos saudáveis. No Brasil, a preocupação volta-se especialmente ao consumo de alimentos ultraprocessados por crianças e adolescentes, hábito que é impulsionado por estratégias de marketing abusivas”, explica a dra. Fabíola.
Segundo a nota de alerta SBP, o acompanhamento regular do crescimento, do desenvolvimento e da promoção da alimentação saudável da criança e do adolescente, desde o início da vida, é item que deve ser cada vez mais valorizado pelos pais e responsáveis, em busca da saúde em curto e longo prazo.
“A consulta de rotina com o pediatra é estratégica para prevenir a obesidade infantil. Mais do que diagnosticar e tratar, é preciso atuar precocemente para mitigar a trajetória de doenças crônicas como hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e dislipidemia, que têm se manifestado em idades cada vez mais precoces devido ao excesso de peso”.
VEJA ABAIXO OS PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA OBESIDADE INFANTIL
· Período pré-natal: má nutrição materna, diabetes gestacional, hipertensão, obesidade materna e paterna, ganho de peso gestacional excessivo.
· Pós-natal: prematuridade, recém-nascidos grandes ou pequenos para a idade gestacional, rápido ganho de peso após o nascimento, ausência de aleitamento materno
· Primeiros dois anos de vida: introdução inadequada da alimentação complementar, consumo de alimentos ultraprocessados, inatividade física e ausência de orientação nutricional adequada.
· Pré-escolar e escolar: baixa diversidade alimentar, reduzido consumo de frutas, verduras e legumes, alta ingestão de alimentos ultraprocessados, tempo excessivo de exposição a telas, insuficiente prática de atividade física e ausência de uma rotina alimentar equilibrada.
· Adolescentes: elevado consumo de bebidas açucaradas, sedentarismo, sono insuficiente, influência do marketing alimentar e das redes sociais, vulnerabilidade a fatores emocionais e padrões estéticos que favorecem hábitos alimentares inadequados.
MEDIDAS DE PREVENÇÃO — Na avaliação da presidente do DC de Nutrologia da SBP, algumas atitudes rotineiras são aliadas eficientes contra a obesidade entre crianças e adolescentes. Logo após o nascimento, um passo fundamental é incentivar o aleitamento materno exclusivo até os seis meses e com outros alimentos por dois anos ou mais. Também é importante monitorar, junto ao pediatra, o crescimento e desenvolvimento utilizando a caderneta da criança, registrando dados antropométricos nos gráficos para identificar precocemente ganho excessivo de peso e intervir.
Além disso, desde a introdução alimentar, é fundamental priorizar opções saudáveis como frutas, legumes, verduras e grãos em preparações culinárias que respeitem os hábitos e a cultura alimentar das famílias, evitando a oferta de alimentos ultraprocessados. A prática regular de atividade física, seja por meio de esportes ou brincadeiras ativas, e o estabelecimento de limites para o tempo de tela também são medidas indispensáveis para a promoção da saúde.
“A obesidade não é uma escolha da criança, do adolescente ou de sua família. Trata-se de uma doença altamente prevalente, que deve ser enfrentada de forma coletiva. É dever de toda a sociedade, por meio da educação e de políticas públicas eficazes, criar condições para sua prevenção e tratamento”, finaliza a dra. Fabíola.
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