A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta que o câncer é a principal causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos no Brasil. Embora a taxa de sobrevida nas regiões Sul e Sudeste alcance patamares semelhantes aos de países desenvolvidos, variando entre 70% e 75%, na Região Norte os índices ainda estão em torno de 50%. Na prática, isso significa que uma criança das regiões mais estruturadas do País tem muito mais chance de sobreviver do que uma criança da Região Norte, exclusivamente em função do local onde vive e recebe atendimento. A conclusão integra a nota técnica divulgada pela SBP em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil, celebrado em 23 de novembro.
De acordo com a publicação, elaborada pelo Departamento Científico (DC) de Oncologia da SBP, o País convive com diferenças profundas no acesso ao diagnóstico, à confirmação dos casos e ao início do tratamento. “O Sul e Sudeste concentram a maior parte dos centros de referência, dispõem de equipes especializadas, acesso à serviços de patologia mais ágeis e disponibilidade de exames complexos. Já regiões como Norte e Nordeste enfrentam um panorama mais desafiador, com variações em relação a qualidade e complexidade do tratamento, com longas distâncias até os centros especializados. Também enfrentam problemas em viabilizar, a curto prazo, a realização de biópsias e exames essenciais, além de dificuldades dos familiares e dos profissionais em reconhecer os sinais/sintomas da doença, elevando assim, o tempo entre o início das manifestações da doença e o diagnóstico definitivo”, comenta a dra. Denise Bousfield, presidente do DC de Oncologia da SBP.
Conforme reforça o documento, o enfrentamento desse cenário passa necessariamente pela capacitação dos profissionais da Atenção Básica, pela ampliação do acesso a exames diagnósticos e pela organização dos serviços de referência, especialmente para o tratamento de alguns tipos histológicos que requerem procedimentos terapêuticos específicos com alto custo.
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“Os fatores associados a maior chance de óbito por câncer infantojuvenil no Brasil estão relacionados principalmente ao acesso igualitário aos serviços especializados e ao diagnóstico tardio. Em muitos lugares, os profissionais de saúde não estão devidamente treinados para reconhecer precocemente os sinais e sintomas da doença. Além disso, mesmo após o diagnóstico, há o problema da dificuldade de acesso aos cuidados médicos de forma rápida”, indica a oncologista.
A publicação da SBP salienta que a maioria dos cânceres da infância e adolescência tem alto potencial de cura, com índices superiores a 70%. Nesse sentido, as diferenças observadas entre as regiões do Brasil refletem as disparidades socioeconômicas que influenciam no diagnóstico precoce e no tratamento especializado.
Na avaliação do presidente da SBP, dr. Edson Liberal, é preciso enfrentar a desigualdade regional para reduzir a mortalidade e construir um modelo de cuidado mais equitativo, com qualidade independentemente do local de residência. “Cada semana perdida entre o primeiro sintoma e o diagnóstico reduz de forma real a possibilidade de cura. Nenhuma criança deve ter menos chance de sobreviver por causa do CEP”, finalizou ele.
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