Com o objetivo de compreender as diferentes realidades de assistência a crianças e adolescentes no País, a Diretoria de Defesa da Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) tem promovido, desde setembro, uma série de Fóruns Regionais. Os encontros reúnem especialistas das sociedades filiadas em cada estado e convidados especiais para discutir os desafios do cuidado pediátrico, especialmente no âmbito da Atenção Primária à Saúde.

Um desses encontros foi o Fórum da Região Norte, realizado em setembro, que contou com a presença de especialistas de diversos estados. “Vamos reunir os conteúdos e as pesquisas que já promovemos, somando às discussões e aos pontos levantados nesses fóruns, para elaborar um documento único. Queremos apresentá-lo às instâncias que realmente podem decidir sobre a entrada do pediatra na Atenção Primária à Saúde. Esse é um ponto fundamental para nós, pois o pediatra foi retirado desse espaço e deixou de ser considerado um especialista. Estamos lutando para mudar esse cenário”, destacou o presidente da SBP, dr. Edson Liberal, em sua fala de abertura.

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A primeira palestra foi ministrada pelo dr. José Maria Sinimbu, presidente da Sociedade Tocantinense de Pediatria (STOP), sobre o tema “Demografia dos Pediatras na Região Norte”. Na oportunidade, ele apresentou uma análise sobre a distribuição e os desafios da assistência pediátrica na maior região territorial do País. O especialista destacou as particularidades populacionais dos estados do Norte, que incluem comunidades urbanas, ribeirinhas e indígenas, cada uma com necessidades específicas que exigem abordagens diferenciadas na prestação dos cuidados pediátricos.

Na sequência, o dr. Paulo Roberto Gonçalves Lima, membro da Comissão Técnica do Comitê Estadual de Prevenção do Óbito Materno, Fetal e Infantil do Tocantins, abordou o tema “Mortalidade Infantil na Região Norte: causas evitáveis na atenção primária”. O pediatra apresentou dados sobre o número de nascidos vivos na região e no Tocantins, as taxas de mortalidade infantil nos sete estados do Norte, os óbitos evitáveis por imunoprevenção, os casos de sífilis congênita e os impactos das dificuldades econômicas e familiares sobre a saúde infantil.

A terceira exposição foi conduzida pela advogada Rosa Helena Ambrósio, do Tocantins, fundadora da Associação Anjo Azul Autistas. Ela compartilhou sua experiência pessoal ao descobrir o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista do filho, relatando as dificuldades para obter o diagnóstico, o processo de criação da associação e a importância do diagnóstico precoce, destacando o papel fundamental do pediatra na Atenção Primária à Saúde.

Em seguida, a analista jurídica Sílvia Maria Albuquerque Soares, representando o promotor da Infância e Juventude do Tocantins, Sidney Fiori Júnior, apresentou a palestra “O que o ECA diz sobre a assistência médica”. Ela abordou os artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que tratam dos direitos à saúde da criança e do adolescente, da gestante, do Programa Saúde na Escola, e das políticas de imunização, entre outros pontos.

Encerrando as apresentações, o diretor de Defesa da Pediatria da SBP, dr. Fábio Guerra, ministrou a aula “Pediatra na Atenção Primária: qualidade desde o primeiro contato”. Segundo ele, o que a SBP tem visto e se preocupado muito é com a substituição do trabalho do pediatra. "Não é nenhuma crítica a colegas de outras especialidades, mas queremos buscar esse lugar que, de direito, é do pediatra. É ali que podemos oferecer às crianças e adolescentes o melhor da assistência, porque é para isso que nos formamos. Queremos integrar as equipes de Atenção Primária para qualificar e melhorar efetivamente o cuidado”, afirmou.

Além das exposições, o evento contou com a participação dos presidentes das filiadas da Região Norte: dra. Ana Isabel (Sociedade Acreana de Pediatria), dra. Camila Salomão (Sociedade Amapaense de Pediatria), dra. Adriana Távora (Sociedade Amazonense de Pediatria), dra. Cristiane Maiorquin (Sociedade de Pediatria de Rondônia), dra. Vilma Hutim (representando a Sociedade Paraense de Pediatria) e dra. Adelma Figueiredo (representando a Sociedade Roraimense de Pediatria). Cada uma apresentou um panorama local, destacando os principais desafios regionais, especialmente a distribuição de pediatras e suas implicações na assistência à infância.