PRN-SBP capacita mais de 50 parteiras tradicionais no Maranhão

O Programa de Reanimação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria (PRN-SBP) promoveu o curso Reanimação Neonatal para Parteiras Tradicionais no município de Barra do Corda, interior do Maranhão. A atividade foi realizada durante dois dias no mês de maio e capacitou 54 parteiras das etnias Guajajara e Canela, residentes em aldeias próximas à região. A formação foi conduzida por instrutores do PRN-SBP do estado, sob coordenação das dras. Roberta Borges Albuquerque e Marynéa Vale, esta última integrante do grupo executivo do PRN-SBP para o Curso de Parteiras Tradicionais.

O curso tem carga horária de oito horas, com seis aulas práticas. Nesse período, as parteiras recebem orientações conforme as diretrizes do PRN-SBP. Cada instrutor utiliza manequins de ventilação e reanimadores manuais para, no máximo, seis parteiras por turma, respeitando as singularidades, saberes e práticas tradicionais dos povos originários.

Segundo a dra. Marynéa Vale, o objetivo é treinar parteiras tradicionais que atuam em partos domiciliares na Amazônia Legal, no Nordeste e em outras regiões de difícil acesso aos serviços de saúde. “O Ministério da Saúde define como parteira tradicional aquela que presta assistência ao parto domiciliar com base em saberes e práticas ancestrais, especialmente em áreas rurais, ribeirinhas e distantes dos centros urbanos. Segundo o DATASUS, entre 2019 e 2023, cerca de 69 mil bebês nasceram em domicílio ou em aldeias indígenas nas regiões Norte e Nordeste”, explicou.

A pediatra reforça que essa iniciativa está alinhada à missão do PRN-SBP de reduzir a mortalidade neonatal por asfixia, “principalmente em localidades com indicadores ainda preocupantes, como as comunidades indígenas e quilombolas do Norte e Nordeste do Brasil”, conclui a dra. Marynéa.

PARCERIA – A ação foi realizada em parceria com o Distrito Sanitário Especial Indígena do Maranhão (DSEI-MA), a Secretaria de Saúde do Estado do Maranhão e a Secretaria de Saúde do Município de Barra do Corda, responsáveis pelo transporte das parteiras das aldeias até a cidade. Contou ainda com o apoio institucional da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que ofereceu suporte logístico para deslocamento, hospedagem e alimentação de instrutores e parteiras, além do fornecimento de materiais para os kits de treinamento e de atendimento aos recém-nascidos.