Na manhã da última quarta-feira (28), a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) promoveu uma audiência pública para discutir os riscos associados ao uso excessivo de tecnologias digitais por crianças e adolescentes. Convocada pelo deputado estadual Munir Neto, presidente da Comissão de Assuntos da Criança, do Adolescente e da Pessoa Idosa, a sessão reuniu especialistas de diferentes áreas, incluindo as médicas dra. Evelyn Eisenstein e dra. Gabriela Crenzel, coordenadoras, respectivamente, dos Grupos de Trabalhos de Saúde Digital e de Saúde Mental da Sociedade Brasileiras de Pediatria (SBP).
Com o tema “Implicações no desenvolvimento cognitivo e social de crianças e adolescentes” a dra. Evelyn foi a primeira a falar no evento. Na oportunidade, a especialista enfatizou os impactos das telas na saúde das crianças, especialmente nos primeiros mil dias de vida; a importância do binômio mãe-filho; as repercussões a longo prazo de uma exposição precoce.
“A prevenção dos malefícios das mídias digitais na saúde física e mental das crianças e adolescentes começa nas famílias com o exercício da desconexão. É fundamental que os pais deem o exemplo e se desliguem um pouco dos smartphones, promovam interações e conversas com os filhos para que eles não busquem nas redes sociais uma rede de apoio. Urge também a necessidade de promoção de atividades ao ar livre e brincadeiras, que seja criada uma cultura de proteção social e que estimulem a conexão com a natureza e a família”, disse a pediatra.
Na mesma linha, a dra. Gabriela Crenzel palestrou sobre o uso excessivo de telas por crianças e adolescentes e as implicações significativas no seu desenvolvimento e bem-estar. A psiquiatra infantil apresentou dados sobre o aumento de casos de ansiedade e depressão associados ao uso excessivo de telas e destacou a importância de os pais promoverem constantemente a interação com os filhos, ajudando-os a desenvolver habilidades para lidar com perdas e frustrações.
“Os dados apontam a urgência de medidas preventivas para proteger o público infantojuvenil. É necessário caminhar no sentido inverso do atual modelo de hiperconectividade. Temos que priorizar o desenvolvimento natural das habilidades de comunicação, interação e resolução de problemas; e a tela não substitui isso”, reforçou.
Ambas as especialistas também destacaram a importância do letramento digital para crianças e adolescentes, ressaltando que o uso de telas deve ser sempre consciente e supervisionado. Enfatizaram ainda que as mudanças no ritmo atual não ocorrem da noite para o dia, e, por isso, as famílias devem estabelecer metas realistas no processo de desconexão.
Aos presentes, as médicas recomendaram a leitura da publicação Crianças, Adolescentes e Telas: Guia sobre Uso de Dispositivos Digitais, lançada em março pelo Governo Federal, e que contou com a colaboração da SBP. O documento apresenta os principais desafios do uso excessivo de telas por crianças e adolescentes, como os danos à saúde, a dependência digital, os riscos à exposição de conteúdos violentos e erotizados nas plataformas digitais. Além de apontar os perigos, a publicação apresenta recomendações para tornar a experiência digital mais segura ao público infantojuvenil.
OUTROS DEBATES – A mesa da Alerj contou ainda com exposições do delegado titular da Delegacia da Criança e do Adolescente, Cristiano Maia, que compartilhou a experiência prática no enfrentamento a crimes digitais envolvendo adolescentes; da delegada da Polícia Civil, dra. Fernanda Fernandes falando sobre “Crimes cometidos contra crianças e adolescentes através dos dispositivos digitais”; da educadora Renata dos Reis Chiossi – Coordenadora de Tecnologias Educacionais da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro – contando um pouco sobre “A restrição ao uso de celulares nas salas de aulas e a evolução após a proibição”.
O evento teve ainda a presença do gestor público e Superintendente de Projetos Especiais da Seeduc, Daniel Above, com a palestra sobre as mudanças no ambiente escolar em decorrência da proibição do uso de celulares nas escolas, e a sua experiência com crianças e adolescentes com deficiência e o uso de tecnologias; e o dr. Rodrigo Azambuja, que é Defensor Público, e trouxe alguns pontos de destaque do Guia sobre Uso de Dispositivos Digitais.
CONFIRA A AUDIÊNCIA COMPLETA AQUI
*Com informações da assessoria da Alerj
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