A presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Rossiclei Pinheiro, representou a entidade na sessão solene em homenagem ao Dia Mundial de Proteção ao Aleitamento Materno, ocorrida nesta quarta-feira (21), no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília.

Como convidada, a pediatra teve um momento de fala no púlpito do Plenário, oportunidade em que destacou o trabalho da SBP em defesa do aleitamento materno. "Essa prática não é apenas uma escolha, mas um direito da criança e das famílias, que deve ser protegido. Por isso, a Sociedade Brasileira de Pediatria tem se dedicado intensamente a aprimorar todas as diretrizes relacionadas ao estímulo à amamentação", pontuou Rossiclei. 

De acordo com a pediatra, o trabalho para ampliar a adesão ao aleitamento materno deve partir de um protocolo alinhado. "Há uma dificuldade com relação à prática médica intra-hospitalar e ambulatorial, desde a Atenção Primária até a Terciária, por isso nós trabalhamos juntos também com a Rede Brasileira de Banco de Leite Humano, para que todas essas práticas tenham um desenvolvimento integral", afirmou. "O pediatra é parte fundamental não somente no aleitamento materno, mas também no crescimento e desenvolvimento da criança, então não temos como ficar de fora de uma luta tão grande como essa".

Em seu discurso, a presidente do DC de Aleitamento Materno da SBP reforçou ainda pontos que respaldam a necessidade de ampliar a conscientização sobre o assunto. "Há diversas evidências científicas que mostram que crianças que recebem leite materno até os 2 anos ou mais, sendo exclusivo até o sexto mês, têm menor propensão a doenças, apresentam QI acima da média, vivem por mais tempo e, sem dúvida, contribuem para um mundo melhor", argumentou.

DIA MUNDIAL - Na cerimônia, representantes de entidades de classe, do Poder Legislativo e do Governo Federal reuniram-se para registrar a importância do aleitamento materno e do combate ao marketing digital de produtos que interferem na amamentação. Elas lembraram que, além de o Brasil ser signatário do Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno, da Organização Mundial da Saúde (OMS), está em vigor a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes, Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras, que restringe a publicidade desses itens.

No entanto, a divulgação na internet e por meio de influenciadores digitais tem sido ampla e irrestrita. “O Brasil foi um dos primeiros países a regulamentar esse marketing, temos uma lei potente, mas essas propagandas na internet são agressivas, então a luta é árdua. Por isso as mulheres precisam se informar, serem empoderadas e ter apoio em todas as etapas”, ressaltou Sônia Salviano, médica coordenadora da Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (IBFAN).

"A sessão solene foi muito proveitosa, conseguimos comprometer mais deputados na causa, a presença da ministra das Mulheres e a participação da Sociedade Brasileira de Pediatria foi maravilhosa", celebrou a coordenadora de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente do Ministério da Saúde e representante da IBFAN, Sônia Venâncio.

Entre as convidadas do evento estava ainda a ministra das Mulheres, Márcia Lopes. "Precisamos dialogar sobre o que é necessário e possível fazer para que exista uma consciência ética sobre o direito ao aleitamento materno da criança, das mulheres, da família e de toda a sociedade", declarou. 

A sessão solene foi um pedido da IBFAN e requerida na Câmara pela deputada federal Erika Kokay (PT-DF). Também participaram da cerimônia representantes do Conselho Federal de Enfermagem e da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento (ReHuna).