O debate sobre o “Calendário de vacinação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e sua aplicação na criança alérgica ou com imunodeficiência” foi o tema da palestra conduzida pela dra. Ekaterini Simões, do Departamento Científico de Imunologia Pediátrica da SBP, na última sexta-feira (12), durante o 15 º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia Pediátrica (Alergoped), em Foz do Iguaçu (PR).
Na ocasião, a especialista abordou aspectos relacionados à segurança, eficácia e indicações especiais das imunizações listadas no Calendário 2018 de Vacinação da SBP para pacientes com histórico sugestivo de reação à vacina ou com diagnóstico de doença alérgica.
De acordo com dra. Ekaterini Simões, os pediatras precisam insistir no combate à disseminação de informações falsas e tendenciosas, espalhadas cada vez mais por meio das novas mídias digitais. “As reações adversas são raríssimas e, apesar de todos os boatos que a gente lê, mesmo os efeitos inesperados decorrentes da hipersensibilidade na maioria das vezes têm desdobramentos muito leves”, disse.
EFEITOS ADVERSOS - Conforme expôs, são poucos os agentes que podem gerar efeitos adversos, com reação imunitária excessiva a um antígeno, entre eles: adjuvante (hidróxido de alumínio), estabilizador (gelatina), conservante (timerosal), antibiótico (neomicina) e outros.
“Nos casos do timerosal e da neomicina, a maior parte das reações é de contato, com manifestação leve. O que absolutamente não contraindica as imunizações. Já em relação à gelatina, pode desdobrar IgE mediada algumas das vezes – com ou sem história prévia de alergia alimentar –, o que pode exigir a realização de um esquema de teste cutâneo e dessensibilização”, exemplificou a pediatra.
Segundo dra. Ekaterini Simões, apenas representam motivo de preocupação pacientes com história de reação anafilática, que são manifestações alérgicas significativas e imediatas. Entretanto, conforme apontam diferentes artigos científicos, o dado deve ser considerado somente quando houver efeitos graves até uma hora após a aplicação da vacina.
“Nessas situações, uma dica importante é verificar, antes mesmo de iniciar qualquer protocolo, se o paciente já tem ‘viragem’ sorológica. Porque se já está protegido não faz sentido pensar em esquemas para aplicar outras doses”, pontou.
Os procedimentos de tratamento para desdobramentos inesperados compreendem basicamente em teste cutâneo com a vacina e realização de um protocolo de dessensibilização rápida, com administração fracionada e segura. O método serve para basicamente todas as imunizações.
PACIENTES ALÉRGICOS – Para casos de pacientes com alergia previamente diagnosticada, as evidências demonstram que há poucas imunizações restritas. A vacina da febre amarela é uma das contraindicadas, mas dependendo da situação epidemiológica, a aplicação de protocolos e riscos podem ser avaliados.
Esclarecendo algumas dúvidas, dra. Ekaterini salientou ainda que a imunização do rotavírus é indicada para os pacientes com alergia ao leite de vaca, assim como crianças e adolescentes com alergia ao ovo estão liberados para receber a imunização tríplice viral. As vacinas influenzas também estão indicadas, sem a necessidade de ambiente controlado, de acordo com as recomendações mais atuais.
IMUNODEFICIÊNCIA – Segundo a especialista da SBP, as orientações gerais sugerem não utilizar vacinas de microorganismos vivos atenuados em pacientes com imunodeficiência primária. Além disso, há uma sinalização de que vacinas inativadas são seguras, mas não são necessárias para pacientes que fazem a reposição de imunoglobulina.
Entretanto, apesar da preocupação com segurança, é preciso avaliar a especificidade de cada caso para não privar o paciente de imunizações viáveis. “Existem mais de 340 doenças nesse grupo, com comprometimentos diversos do sistema imune, seja no tipo ou intensidade. Logo, o risco deve ser analisado de acordo com o grau desse acometimento. Uma criança com defeito no complemento tem um grau de risco diferente daquela com SCID”, explicou.
No calendário da SBP, a vacina que mais deve alertar os pediatras é a vacina BCG. Os efeitos podem ser especialmente severos em pacientes com SCID, como a bcgite, que pode levar a óbito em quadros mais graves. A aplicação da imunização deve ocorrer mais tardiamente, após a triagem neonatal.
“De modo geral, a reação a qualquer vacina não é comum. Por isso, devemos sempre ponderar o risco da doença e lembrar que há recursos, como teste cutâneo, aplicação gradual e dessensibilização. Nos pacientes com imunodeficiência – até receber o diagnóstico – é sim uma boa opção evitar o uso de vacinas com agentes vivos atenuados, mas depois do resultado, é importante não abster o paciente das vacinas, dependendo da sua situação”, concluiu.
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