Outro destaque da programação científica do 17º Pneumoped foi a conferência "Avaliação crítica da vacinação anticovid-19", ministrada pelo presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP, dr. Renato Kfouri. Na oportunidade, ele ressaltou os desafios e as lições aprendidas durante a pandemia, especialmente com relação à população pediátrica. 

No início da pandemia, explicou, as crianças representavam 2,4% de casos de covid-19, mas em janeiro deste ano o número subiu para 25%. De acordo com o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, houve 163 mil hospitalizações por covid-19 entre janeiro e julho de 2022, sendo 14 mil de crianças e adolescentes e 10 mil de crianças com menos de cinco anos. No mesmo período, foram registradas 46 mil mortes, sendo 623 de menores de 20 anos e 366 abaixo de cinco anos.

“Garantir a proteção para um grupo que constitui um quarto da população total parece essencial à medida que avançamos em direção ao controle pandêmico”, disse. O médico enfatizou que, no Brasil, 0,37% do total de mortes por covid-19 ocorreu em menores de 20 anos. Isso corresponde a 3 mil óbitos e representa mais do que a soma de todas as doenças imunopreveníveis juntas.

Um dos nomes de relevância na saúde pública brasileira, a médica pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), dra. Margareth Dalcolmo, ministrou a conferência "Covid-19: um tempo para não esquecer pandemia e o futuro da saúde no Brasil”. Em sua fala, reforçou a necessidade do aumento da cobertura vacinal para proteção das crianças e da importância do investimento em conhecimento científico e tecnológico aplicado na saúde pública, especialmente num país desigual como o Brasil. 

Ela ressaltou ainda os desafios da medicina pós-covid e da aceleração das novas plataformas de vacinas. “A covid é uma doença tempestuosa, mas a cobertura vacinal tem vencido as adversidades, com 80% da população vacinada. A doença gerou um conhecimento na população de que a ciência nacional existe. Além disso, o impacto da vacinação é enorme, pois aumentando a vacinação, reduzimos a mortalidade”, realçou.