A gastroenterologia brasileira em debate

As contribuições da área estão no centro das discussões programadas para o 13º Congresso Brasileiro de Gastroenterologia Pediátrica, que ocorrerá de 13 a 17 de março, em Belo Horizonte. Dra. Vera Lucia Sdepanian, presidente do Departamento Científico (DC) da SBP e dr. Marco Antônio Duarte, à frente do evento, apresentam as informações, na entrevista, a …

As contribuições da área estão no centro das discussões programadas para o 13º Congresso Brasileiro de Gastroenterologia Pediátrica, que ocorrerá de 13 a 17 de março, em Belo Horizonte.

Dra. Vera Lucia Sdepanian, presidente do Departamento Científico (DC) da SBP e dr. Marco Antônio Duarte, à frente do evento, apresentam as informações, na entrevista, a seguir.

O que os srs. podem nos adiantar sobre o evento?

Vera Sdepanian: São 230 assuntos da área de gastroenterologia pediátrica, incluindo hepatologia, endoscopia e nutrologia pediátrica, distribuídos entre conferências, mini-conferências, mesas-redondas, temas livres e pôsteres. Vamos abordar questões atuais e as chamadas “do futuro” e discutir os avanços relacionados à prática diária. Para isto, foram convidados professores e pesquisadores, que abordarão prevenção, propedêutica, clínica e terapêutica de crianças e adolescentes com doenças do aparelho digestório.

Marco Duarte: O congresso destinará 25% da programação à hepatologia e 25% à nutrição e endoscopia, temas essenciais para o gastroenterologista pediátrico. Elaboramos uma grade bem inovadora, e convidamos os mais conceituados especialistas, sendo 55 do Brasil.

Quais os professores que virão de outros países?

Vera Sdepanian: Já temos confirmados vários palestrantes estrangeiros. Anne Griffiths, do Canadá, abordará o tratamento da doença inflamatória intestinal e também o uso de prebióticos e probióticos na doença inflamatória intestinal. Luisa Mearin, da Holanda, discutirá como é possível prevenir a doença celíaca e como diagnosticá-la. Giorgina Mieli-Vergani, da Itália, contribuirá com o tópico hepatite auto-imune. Diego Vergani, da Itália, proferirá conferência sobre o tratamento da hepatite crônica pelos vírus B e C. Jorge Bezerra, dos EUA, fará palestra sobre diagnóstico e tratamento da colestase intra-hepática e sobre abordagem diagnóstica das doenças metabólicas hepáticas. Victor Fox e Richard Noel, ambos também norte-americanos, falarão sobre endoscopia e esofagite eosinofílica, respectivamente.

E quanto aos cursos pré-congresso?

Marco Duarte: Cada participante poderá fazer até três cursos. Foram preparados para o pediatra em geral, a partir de nossa experiência em Minas Gerais.

Qual a importância do 4º Endoped?

Marco Duarte: Será um evento pré-congresso, voltado para o endoscopista brasileiro e com temas de ponta. A endoscopia esta avançando demais e por isso dedicamos um dia inteiro ao assunto.

O Departamento de Gastroenterologia programou alguma novidade para o Congresso?

Vera Sdepanian: Deveremos, entre outras ações, lançar um livro sobre Gastroenterologia Pediátrica, escrito pelos integrantes. Vamos apresentar o “Alerta Amarelo”, para o diagnóstico precoce e o tratamento adequando da icterícia do lactente. Também faremos uma discussão sobre o Protocolo de Doença Celíaca, publicado no Diário Oficial em setembro de 2009. A elaboração contou com apoio da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), através do Departamento de Gastroenterologia, da SBP, também pelo Departamento da área, das Associações de Celíacos do Brasil (ACELBRAS) e da Federação das Associações de Celíacos do Brasil (FENACELBRA).

Qual a importância do Protocolo da Doença Celíaca?

Vera Sdepanian: Promover condições para um diagnóstico mais preciso, capacitando os médicos de atenção primária, secundária e terciária para a identificação dos pacientes com quadro clínico suspeito de doença celíaca, e também incluir um exame sorológico anticorpo antitransglutaminase recombinante humana da classe IgA na Tabela do SUS, uma vez que este teste é mais preciso e específico para a doença. O governo federal já destinou verba para a capacitação e deverá estabelecer um fluxo para os laboratórios realizarem este exame. O protocolo vai permitir também o treinamento de endoscopistas na realização da biopsia de intestino delgado e os anátomo-patologistas na interpretação destas biopsias. A meta é o diagnóstico precoce desta doença, que não é rara no nosso país, uma vez que sua prevalência, segundo diferentes estudos em doadores de sangue, está em torno de um celíaco para cada 250 doadores de sangue.

O que os pacientes celíacos devem esperar?

Vera Sdepanian: Com diagnóstico e tratamento precoces (logo após o surgimento do quadro clínico sugestivo), os pacientes celíacos deverão receber assistência integral, de forma articulada com o conjunto de ações e programas realizados pelo SUS, minimizando as complicações advindas de uma ausência de diagnóstico e/ou de um tratamento inadequado.

E quanto ao Alerta Amarelo?

Vera Sdepanian: A divulgação do Alerta Amarelo teve início no Congresso Brasileiro de Pediatria. Em seguida, em novembro de 2009, também em Brasília, gastroenterologistas pediátricos diferenciados em hepatologia se reuniram, com objetivo de divulgar as ações para diagnóstico precoce e tratamento adequado da icterícia do período neonatal e do lactente em particular da colestase neonatal. A atresia de vias biliares é a principal causa de transplante hepático em crianças e, se não tratada, é fatal em 100% dos casos. No Brasil, o encaminhamento tardio destes pacientes é um problema importante e medidas simples como as descritas no Alerta Amarelo podem facilitar o diagnóstico precoce e melhorar o prognóstico destas crianças.

Como está a situação da gastroenterologia pediátrica em Minas?

Marco Duarte: Minas tem um grupo forte e atuante de pediatras com habilitação nessa área de atuação, embora não muito extenso. Há pediatras gastroenterologistas no interior, mas a maioria vive em Belo Horizonte. O estado é hoje referência nesta formação, recebemos alunos de todo o País, e até mesmo do exterior. Um grupo pequeno – cerca de 15 – de pediatras faz o atendimento de referência e contra-referência e principalmente cuidados secundários no estado.

Qual a importância do evento para o estado?

Marco Duarte: Sendo um centro formador de pediatras gastroenterologistas, há mais de 20 anos tivemos em Belo Horizonte um congresso sul-americano de gastroenterologia pediátrica e depois disso nenhum evento deste porte. Será uma excelente oportunidade de atualização e troca de experiências.

Clique aqui e saiba mais sobre o evento.

Clique aqui e saiba mais sobre o Protocolo da Doença Celíaca e sobre o Alerta Amarelo.

Leia essa entrevista também no SBP Notícias 59:

SBP Notícias
Nº 59
Setembro de 2009 / Janeiro de 2010