Um simples cartaz pode fazer muita diferença no diagnóstico e no tratamento da colestase em recém-nascidos e lactentes. Essa é uma das peças chaves da campanha Alerta Amarelo, organizada em parceria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Ministério da Saúde, para a conscientização dos pais e dos pediatras sobre a importância do diagnóstico precoce desse problema.
CONFIRA O CARTAZ ALERTA AMARELO
Além dessa peça, os especialistas que atuam nos dois órgãos cuidaram para que fosse incluído na Caderneta de Saúde da Criança, distribuída pelo Ministério da Saúde, um sistema colorido de graduação das cores das fezes. Outra iniciativa foi a criação do Grupo de Estudo em Hepatologia Pediátrica (GEHPed) do Brasil, que tem como objetivo avaliar, de forma prospectiva, o perfil dos pacientes brasileiros, identificando seus problemas e sugerindo possíveis soluções.
“Por meio destas ações, busca-se uma nova era na condução da colestase no Brasil”, conta a dra Elisa de Carvalho, membro do Departamento Científico de Hepatologia da SBP e comprometida com as ações para o aperfeiçoamento da prevenção, diagnóstico e tratamento da colestase neonatal.
CONTEXTO – Esse trabalho coordenado procura mudar a realidade nacional. Uma pesquisa multicêntrica, que incluiu 513 crianças com atresia biliar, de todas as regiões brasileiras, revelou encaminhamento tardio para os centros de nacionais de referência independentemente da região ou da categoria da cidade, fosse capital ou cidade do interior.
Assim, a campanha do alerta amarelo orienta que se o recém-nascido ou lactente apresentar: acolia/hipocolia fecal e colúria (em qualquer idade) ou persistir com icterícia com idade igual ou maior que 14 dias, deve ser avaliado do ponto de vista clínico (global e coloração das fezes e urina) e laboratorial (bilirrubinas). Se as fezes foram “suspeitas” ou a criança apresentar aumento de BD, a criança deve ser encaminhada para serviços especializados. A inspiração vem de fora, pois, esse procedimento conseguiu melhorar o prognóstico de pacientes com atresia biliar em vários países.
ATUALIZAÇÃO – Além do apoio à campanha Alerta Amarelo, a SBP tem colaborado com as medidas contra a colestase com outras ações. Uma das mais relevantes foi o lançamento do Guia Prático de Atualização - Colestase em lactentes: um tema do pediatra, no primeiro semestre.
O trabalho do DC de Hepatologia funciona como instrumento de atualização dos pediatras, oferecendo-lhes subsídios suficientes para o diagnóstico precoce desse transtorno. “Com a evolução dos conhecimentos médicos, houve a necessidade de criar as áreas de atuação em Pediatria, para que as crianças e os adolescentes com doenças de maior complexidade pudessem receber a assistência adequada. Entretanto, não podemos perder a visão de que “a criança é uma só” e necessita ser avaliada com uma visão global, onde o Pediatra tem papel fundamental”, lembra o texto.
CONHECIMENTOS – “Com a ajuda do Guia, o pediatra será capaz de divulgar os conhecimentos relacionados à colestase neonatal; enfatizar a importância do seu reconhecimento precoce; revisar as etiologias da icterícia do recém-nascido (RN) e do lactente; e apresentar as recomendações atuais referentes à abordagem diagnóstica da colestase”, contou a presidente da SBP, dra Luciana Rodrigues Silva, uma das entusiastas desse projeto.
A icterícia é um sinal comumente observado nos primeiros dias de vida da criança. Está presente, na primeira semana de vida, em cerca de 60% a 80% dos RN. Na maioria destes, trata-se de icterícia fisiológica, decorrente do aumento da bilirrubina indireta (BI). Entretanto, em algumas situações, a icterícia pode ser sinal de doenças, como nos casos de colestase neonatal, que cursam com aumento da bilirrubina direta (BD) e traduz a presença de doença hepatocelular ou biliar.
QUALIDADE DE VIDA - Para estes pacientes, de acordo com o Guia, o esclarecimento precoce do diagnóstico etiológico e a instituição do tratamento adequado podem exercer influência decisiva na sobrevida e na qualidade de vida. Sendo assim, podemos considerar a colestase neonatal uma urgência em Gastroenterologia e Hepatologia Pediátricas. A icterícia consiste na coloração amarelada da pele, escleróticas e membranas mucosas. É decorrente da deposição da bilirrubina nestes tecidos, quando esta se encontra em níveis elevados no plasma (hiperbilirrubinemia). Torna-se clinicamente evidente quando a concentração sérica de bilirrubina total ultrapassa 2,5 a 3mg/dL. Como a icterícia é ocasionada por uma anormalidade no metabolismo da bilirrubina, estabelecer os passos da sua formação e excreção é fundamental para a compreensão do seu diagnóstico diferencial.
No trabalho, o DC de Hepatologia apresenta uma série de informações atualizadas sobre o tema, mas não deixa de ressaltar a importância do papel do pediatra. “Apesar dos avanços nos métodos complementares diagnósticos, a história clínica completa e o exame físico minucioso continuam sendo fundamentais”, alertam os especialistas.
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