Alterações discretas em hemograma podem ajudar no diagnóstico de doenças graves, informa SBP

Pedidos de hemograma são parte da rotina dos médicos, mas será que apenas observar os valores de referência dos exames é o bastante para um diagnóstico preciso ou para descartar a necessidade de investigações complementares, como o mielograma?

O grande desafio na interpretação do hemograma está no reconhecimento e na interpretação de alterações que, embora sutis, possam corresponder a uma doença sistêmica grave, como mostra o documento Interpretação do Hemograma e do Mielograma pelo Pediatra, produzido pelo Departamento Científico de Hematologia e Hemoterapia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), divulgado recentemente.

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O documento científico da SBP traz uma série de situações hipotéticas que demonstram como uma análise mais crítica do hemograma pode auxiliar o médico no estabelecimento de um diagnóstico correto, tendo como base a avaliação do número de reticulócitos. A variação desses elementos é muito importante na análise conjunta do hemograma.

VARIAÇÕES - A redução ou o aumento de reticulócitos podem revelar desde anemias intensas e contaminações por parvovírus a leucemias agudas. O desafio reside justamente nas variações discretas, que não chamam a atenção a ponto de indicarem o imediato encaminhamento do paciente ao especialista.

Em um caso de aumento de baço (esplenomegalia), por exemplo, os reticulócitos podem se apresentar com uma pequena elevação ou até se apresentarem normais. Essas considerações, ainda que simplificadas, podem auxiliar o pediatra a tirar maior proveito do hemograma na hora definir um diagnóstico.

MIELOGRAMA - Por exigir a punção da medula óssea, o mielograma é um exame que costuma causar aflição aos pais, sendo fundamental a avaliação, por parte do médico, de qual será sua contribuição para o diagnóstico. A interpretação adequada desse exame nunca é feita de forma isolada, pois depende da correlação entre o quadro clínico, a idade e o hemograma do paciente.

Academicamente, há indicação de punção aspirativa da medula óssea para afastar suspeitas de leucemia aguda, por exemplo. Mas o espectro de informações que o mielograma possa fornecer e que contribua para o diagnóstico em pediatria dependerá diretamente da suspeita clínica. Na grande maioria das vezes, isoladamente, com exceção das leucemias agudas e talvez da leishmaniose visceral, apenas o exame não permitirá a conclusão diagnóstica.

Por isso, para o pediatra, mais importante do que interpretar o mielograma talvez seja saber quando indicá-lo. Na verdade, é a avaliação adequada do hemograma e dos reticulócitos associados aos achados clínicos que auxiliarão na indicação adequada do exame.