O Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (DCAM-SBP) divulgou o documento científico “Amamentação e sexualidade”, abordando fatores de ordem psíquica que a amamentação desencadeia nas pessoas envolvidas, os quais nem sempre são levados em consideração nas consultas pediátricas de acompanhamento durante o período de amamentação. O texto está disponível na plataforma online da SBP desde 8 de agosto.
ACESSE AQUI A ÍNTEGRA DO DOCUMENTO.
Segundo o documento, os fenômenos intrapsíquicos têm influência significativa no desempenho da função materna de amamentar, tantas vezes sugerida como simples e natural. “Mesmo quando a mãe está fortemente empenhada e disposta, fatores psíquicos inconscientes podem interferir no aleitamento materno, dificultando e até mesmo impedindo-o (...) Atualmente, com todo o desenvolvimento da psicanálise e os recursos para compreender a complexidade da mente, podemos tê-la como um trunfo importante na compreensão de dinâmicas familiares e da dupla mãe e bebê que chegam aos consultórios, ambulatórios e maternidades com impossibilidades de praticar o aleitamento materno”, afirmam os especialistas.
ALIMENTO DO BEBE - Para eles, o principal elemento que se torna um imbróglio no aleitamento materno é o fato de que o seio que produz o alimento do bebê também ocupa um importante papel na sexualidade adulta, por seu caráter de zona erógena que participa ativamente dos jogos eróticos de um casal.
Ainda de acordo com o documento, para algumas mulheres, existe uma dissociação muito marcante entre maternidade e sexualidade, fincada na imagem da mãe santa e assexuada que permeia as mais diversas culturas, com ícones como os quadros de virgens com bebês ao colo.
Em função disso, muitas mulheres que amamentam perdem a libido e outras caminham em direção ao desmame precoce por não conseguir atribuir aos seios uma outra função que não a de atributo sexual. As sensações sexuais que podem surgir em virtude de o seio representar uma importante zona erógena podem inibir a amamentação pelo desconforto moral que desencadearia.
Assim, dizem os especialistas, é fundamental para o aleitamento materno que a mulher diferencie emocionalmente os dois tipos de estímulos em seus mamilos, sensual e maternal. Alguns dos impedimentos se dão em razão de a mulher associar a sucção do bebê à estimulação erótica tanto do contato da mucosa do bebê com o seio, quanto das contrações uterinas reflexas ao ato de sugar, o que torna insuportável amamentar, pelo caráter incestuoso que adquire e a aterroriza.
Além disso, o documento aborda a questão do seio no universo mental masculino e da relação do casal diante do período de amamentação. De acordo com o DCAM-SBP, a dicotomia do seio ante a paternidade implica novos arranjos mentais que permitam que ele abra mão do seio erótico em favor da alimentação de seu filho ou filha, sem que com isso se perca o aspecto de sensualidade que vinha representando, para que se conserve o casal amoroso e não apenas o casal parental.
PAPEL DO PEDIATRA – Pela proximidade da família puérpera com o pediatra, torna-se imprescindível que esse profissional esteja atento ao processo de readaptação e construção das novas identidades tanto de cada um dos pais quanto do casal e da família ante a chegada de seu novo membro.
É importante que o pediatra esteja atento a uma postura aparentemente sem transtornos e conflitos, o que significa uma impossibilidade do casal de entrar em contato com essas turbulências. Observar detalhes em como a mãe se apresenta em seus cuidados pessoais também pode ajudar a diagnosticar a necessidade de uma intervenção mais ativa do pediatra e eventualmente de um psicólogo.
À medida em que o tempo passa, a tendência é a estabilização de todo esse cenário familiar e individual de cada um. Ao perceber uma cristalização desse quadro ou ameaças mais significativas de desmame precoce ou outros indicadores de dificuldades mais expressivas, uma conversa aberta com os pais pode ajudá-los a se reorganizarem. Outras vezes é importante reconhecer que as tensões são mais profundas e pedem ajuda de um profissional de saúde mental que trabalhe especificamente com famílias de crianças pequenas, entre 0 e 3 anos.
Finalmente, alerta o documento, é indispensável que o pediatra não dissocie os sintomas orgânicos dos fundamentos psicológicos que os acompanham, mesmo que ele não tenha claro o engendramento que está subjacente a cada família, sobretudo à mulher. Supor que as dificuldades são de ordem psíquica permitem que o pediatra escute os pais sem minimizar os sintomas e atribuí-los a fatores banais.
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