Anticoncepção na adolescência é tema de novo documento da SBP e Febrasgo

Os métodos de anticoncepção na adolescência são abordados no novo Guia Prático de Atualização do Departamento Científico de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), elaborado em conjunto com a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). A publicação traz um panorama dos índices de gravidez na adolescência e das estratégias de prevenção, reforçando a importância do papel dos pediatras neste cenário.

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O documento, publicado no último dia 19, versa também sobre os aspectos éticos na prescrição de anticoncepcionais na adolescência, os fatores que levam ao início da atividade sexual nessa faixa etária, além de apresentar uma série de recomendações específicas aos pediatras.

Um dos primeiros pontos levantado no texto são os aspectos éticos envolvidos na prescrição de anticoncepcionais para adolescentes. O documento destaca, por exemplo, que o direito à privacidade e à confidencialidade no atendimento, além do direito ao sigilo profissional, educação sexual e à prescrição dos métodos anticoncepcionais, devem ser sempre garantidos.

“O reconhecimento dos adolescentes como sujeito de direitos sexuais e reprodutivos é essencial para a construção e efetivação de políticas e programas na busca mais saudável para a vida adulta”, aponta. Esse entendimento é referendado pelo Marco Teórico e Referencial – Saúde Sexual e Reprodutiva de Adolescentes e Jovens pelo Ministério da Saúde (MS), pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e também pela Organização das Nações Unidas (ONU).

INICIAÇÃO SEXUAL – De acordo com os especialistas, a iniciação sexual tende a ocorrer majoritariamente durante a adolescência, o que cria a necessidade da educação para sexualidade e contracepção nessa fase, bem como os esclarecimentos acerca das infecções sexualmente transmissíveis (IST) e a necessidade de se abordar o sexo seguro.

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde do Adolescente (PeNSE) de 2015, 27,5% dos escolares entre 13 e 15 anos já haviam vivenciado a primeira relação sexual, sendo 19,5% desse percentual de meninas. Além do gênero ser uma variável, a idade da primeira relação foi diferente em cada uma das regiões do País e houve diferenças de acordo com o tipo de escola.

“O início dessa vida sexual insere os adolescentes em contextos de vulnerabilidade às IST e HIV/Aids, gestação não planejada, aborto e transtornos depressivos. Dessa forma, é imprescindível o uso de contraceptivo de barreira, principalmente o preservativo masculino”, defendem.

MÉTODOS CONTRACEPTIVOS – Na avaliação do DC de Adolescência da SBP, o melhor anticonceptivo é aquele de mais fácil acesso, com menor custo, baixa dosagem, eficácia, tempo de atuação e possiblidade de reversão. Apesar disso, alertam, qualquer método anticoncepcional apresenta algum risco, em maior ou menor grau, sendo os principais a falha na contracepção e efeitos colaterais em curto e médio prazo. Por isso, é fundamental a recomendação de uso de preservativos.

Os contraceptivos podem ser divididos em dois grupos: hormonais, que compreendem os anticonceptivos hormonais combinados e que contêm estrogênio e progestagênio; e não hormonais, que compreendem os métodos comportamentais, os mecânicos e os de barreira.

No documento, ainda são citados os anticonceptivos orais apenas com progestagênio, aqueles que não estão associados ao estrogênio e são utilizados de maneira ininterrupta.

ESPECIALISTAS - Participaram da elaboração do documento pelo DC de Adolescência da SBP os drs. Alda Elizabeth Boehler Iglesias Azevedo (presidente); Evelyn Eiseinstein (secretária); Patrícia Regina Guimarães; Elizabeth Cordeiro Fernandes; Lilian Day Hagel; Halley Ferraro Oliveira; Beatriz Elizabeth B. Veleda Bermudez e Tamara Beres Lederer Goldberg.

Pela Febrasgo, participaram os especialistas dr. César Fernandes e dr. Rogério Bonassi. Também colaboraram na criação do documento, os drs. Darci Vieira da Silva Bonetto, Iolanda Maria Novadzki, Jaqueline Pedroso de Abreu, Karine Ferreira dos Sanros e Marta Francis Benevides Rehme.