Aumentam as evidências dos danos causados por uso excessivo de smartphones

Publicado em 6 de maio de 2018 – por Cristina Nabuco

O Brasil fechou o ano de 2017 com 236,5 milhões de celulares em operação, 113 aparelhos para cada 100 habitantes. Muitos usuários nem atingiram a maioridade. Das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos, 91% já se conectaram à internet via celular, segundo a pesquisa TIC Kids Online, feita com mais de 2.498 mil famílias das cinco regiões do país e divulgada em outubro passado.

O contato com os eletrônicos ocorre em idades cada vez mais precoces. Alguns carrinhos de bebê produzidos nos Estados Unidos já vêm com suporte para tablet. Se para os pais isso pode parecer interessante, para profissionais da educação e da saúde é preocupante.

(...) A presença do smartphone no quarto atrapalha mesmo que não seja utilizado. A expectativa de receber mensagens deixa crianças e adolescentes em estado de alerta.

Os resultados dessas e outras pesquisas motivaram acionistas da Apple a divulgar, em janeiro, uma carta aberta solicitando que a empresa desenvolva softwares para limitar o uso de smartphones por crianças e adolescentes e ajudar a prevenir a dependência. No mesmo mês, Mark Zuckerberg, criador do Facebook, recebeu uma carta aberta, assinada por 100 organizações internacionais e especialistas em saúde infantil, pedindo a extinção do Messenger Kids, aplicativo de mensagens para os que têm entre 4 e 11 anos. Na argumentação, citaram risco de ansiedade e depressão, sintomas constatados entre os frequentadores mais imaturos das redes. Elas, sites e também aplicativos são projetados para aumentar gradativamente o tempo de exposição.

“O mecanismo cerebral acionado é a liberação de dopamina, o mesmo que leva à dependência de drogas”, alerta a pediatra Evelyn Eisenstein, do Departamento Científico da Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria. “Um estudo mostrou que, jogando por dez minutos, o adolescente produz tanta dopamina quanto quem cheira cocaína”, diz.