Coordenadora regional da SBP participa de seminário sobre crianças desaparecidas

A coordenadora regional do Centro-Oeste da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Regina Maria Santos Marques, representou a entidade no II Seminário sobre Crianças Desaparecidas, promovido pelo Conselho Federal de Medicina, na última semana, em Cuiabá (MT). O evento, realizado em alusão ao Dia Internacional da Crianças Desaparecidas (25 de maio), teve como missão divulgar entre os médicos recomendações que auxiliem no reconhecimento de crianças e adolescentes que foram retirados de suas famílias, geralmente vítimas do tráfico de pessoas.

A cidade de Cuiabá foi escolhida pelo grupo não por acaso: pelo menos três crianças e adolescentes desaparecem a cada dia em Mato Grosso, segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SESP). Neste ano, quase 150 crianças e adolescentes foram dadas como desaparecidas no estado e somente na capital foram 32 casos em três meses. De acordo com dados divulgados pelo CFM, estima-se que, no mundo, o total de casos de desaparecimento de crianças e adolescentes chega a 25 milhões.

“O pediatra é um dos principais profissionais que pode realizar o diagnóstico de alteração comportamental numa criança quando ela é retirada do seu ambiente familiar. Durante a consulta, em especial na primeira vez em que se atende um paciente, além de exigir a documentação, é indispensável ficar atento a alguns sinais. Entre as recomendações básicas, verificar se existe desconforto, demonstração de medo e o nível de segurança da criança ou adolescente em relação ao acompanhante”, enfatizou a dra. Regina Marques.

AÇÕES PARA OS MÉDICOS - O Conselho Regional de Medicina do Estado do Mato Grosso (CRM-MT) aderiu à campanha do CFM e enviou uma carta de orientação a todos os médicos pedindo que fiquem atentos às atitudes dos pacientes atendidos nos consultórios para detectar crianças que foram removidas de suas famílias. No Brasil há uma estimativa de que, por ano, sumam cerca de 50 mil indivíduos na faixa etária pediátrica.

“O número de desaparecidos infelizmente é bem maior do que as pessoas imaginam. Os pediatras devem sempre ter em mente que podem estar diante de uma criança raptada. No mais, é fundamental que os profissionais notifiquem qualquer tipo de situação que possa indicar alguma irregularidade”, salientou a dra. Regina Marques.

O membro da Comissão de Ações Sociais do CFM, dr. Ricardo Paiva, chamou atenção para o fato de o Brasil não possuir um cadastro com dados e informações dos menores atualizado. “O cadastro nacional é totalmente desatualizado e pouco priorizado. Sem essa divulgação oficial, fica impossível buscar uma criança que não tenha nome ou rosto. Não dá para aguardar os pais incluírem o caso, isso deve ser feita imediatamente por um policial. Muitos pais podem inclusive estarem envolvidos diretamente com esse desaparecimento”, alertou.

*Com informações do Conselho Federal de Medicina

REPERCUSSÃO

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