COVID-19: Especialista da SBP explica crescimento de hospitalizações e mortes na faixa pediátrica

 O aumento do número absoluto de hospitalizações e óbitos de crianças e adolescentes decorrentes da infecção por covid-19 tem preocupado muitos pais e responsáveis. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), no entanto, reafirma que, apesar do crescimento dessas taxas, proporcionalmente, tanto as de internações quanto as de mortes, permanecem estavelmente baixas, correspondendo a, respectivamente, 1,5% e 0,33% do total de casos relacionados ao novo coronavírus.

O presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP, dr. Renato Kfouri, destaca que o aumento dos números relacionados a esse grupo está seguindo uma tendência que afeta a todas as outras faixas etárias. “As crianças e adolescentes continuam a ser desproporcionalmente atingidas pela covid-19 em relação aos outros grupos. Permanece sendo extremamente baixo o risco de gravidade e morte nesta faixa etária”, explica.

O médico fez um levantamento, a partir de dados disponibilizados pelo mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, que avalia de 1º de janeiro até 5 de junho de 2021. “Nesse período, dentre crianças e adolescentes menores de 20 anos, tivemos 696.530 hospitalizações. Desse total, somente 0,4% delas foram de menores de 1 ano de idade; 0,38%, entre 1 e 5 anos; e 0,63%, entre 6 e 19 anos. Totalizando apenas 1,4% do total das hospitalizações por covid-19”, detalha Kfouri.

Em relação às mortes, o pediatra verificou o total de 230.266 óbitos na população brasileira. Segundo ele, somente 0,1% dos casos envolveram menores de 1 ano de idade; 0,05% crianças de 1 a 5 anos; e 0,18% aquelas com idade entre 6 e 19 anos. Quando comparado ao número total de mortes por covid-19, o grupo representa 0,33%.

“Crianças continuam a transmitir pouco e a serem menos acometidas pela covid-19, especialmente em suas formas mais graves. Porém, é essencial que permaneçam seguindo as orientações já preconizadas pela SBP, inclusive, considerando os ambientes escolares. São elas: distanciamento social, higiene, aulas seguindo o formato misto (presencial e virtual), turmas espaçadas, ambientes arejados e uso de máscaras”, explica Renato.

VACINAÇÃO – Sobre a vacinação nesta faixa etária, o médico esclarece que esse ainda é um tema bastante controverso. “Precisamos avaliar todas as questões relacionadas à segurança, considerando que essa doença raramente acomete gravemente crianças e adolescentes e que os efeitos colaterais da vacina, por ora, podem ser mais problemáticos do que a própria covid-19. Em nenhum lugar do mundo pessoas abaixo dos 12 anos estão sendo imunizadas e, a partir desta idade, a única licenciada, até o momento, é a fabricada pela Pfizer”, analisa.

O especialista pondera, no entanto, que, nos casos de crianças com comorbidades, a postura deve ser diferente. “Há ainda muitos grupos prioritários a serem vacinados antes das crianças e adolescentes saudáveis. Porém, aqueles que têm algum risco precisam ser imunizados assim que as vacinas forem liberadas, como os cardiopatas, portadores de Síndrome de Down, dialisados, transplantados, com câncer e etc”.