O Departamento Científico (DC) de Medicina da Dor e Cuidados Paliativos da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) participou ativamente do VII Congresso Internacional de Cuidados Paliativos, que ocorreu entre os dias 21 e 24 de novembro, em Belo Horizonte (MG). Vários dos integrantes do grupo acompanharam debates e coordenaram apresentações durante o evento, sempre com muito sucesso e salas lotadas.
O evento foi organizado pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) e contou com o apoio institucional da SBP. Na oportunidade, mais de 2600 congressistas tiveram acesso a mais de 20 horas de intenso aprendizado e troca de experiências e conhecimentos com paliativistas de diferentes estados e países.
MESAS – Durante o Congresso foram realizadas quatro mesas com temas relacionados aos cuidados paliativos em pediatria: “Tratamento de sintomas em pediatria: o que há de novo? ”; “O Desafio da comunicação no cuidado paliativo pediátrico”; “Desafios do cuidado paliativo pediátrico”; e “Cuidado paliativo pediátrico em situações especiais”.
Nas palestras foram debatidos outros temas, como drogas incomuns em pediatria; a experiência com hipodermóclise em pediatria; a comunicação de más notícias sem iatrogenia; o adolescente e a finitude; o luto em pediatria; o cuidado Paliativo na América Latina; a transição do Cuidado Paliativo pediátrico para o serviço de adultos; a Terapia Intensiva; as enfermidades neuromusculares; entre outros.
“Dentro dos cuidados paliativos temos quatros pilares principais: o bem-estar físico, psicossocial e espiritual – tanto da criança quanto da família. Portanto, os temas buscaram abranger esses tópicos. Além disso, o aspecto da comunicação é fundamental, então, havia uma mesa somente para aborda-la com foco nas crianças e adolescentes, irmãos e família.
Quisemos também falar sobre o luto, pois as famílias vivem um luto prolongado, não só pelo falecimento da criança, mas pela perda progressiva da saúde e da criança idealizada pela família”, explica dra. Simone Brasil, presidente do DC de Cuidados Paliativos da SBP e uma das integrantes da Comissão Científica do Congresso.
PERINATAL - Segundo a paliativista, outro foco importante foi discutir os cuidados paliativos pré-natal e pós-natal, os quais devem ser oferecidos logo após o diagnóstico de uma doença ameaçadora da vida. “Além dos pediatras, profissionais da saúde e médicos de outras especialidades também ficaram interessados nos temas que apresentamos porque o cuidado paliativo pediátrico é um tema mais recente e bastante desafiador. Várias equipes multidisciplinares em todo o país têm o desafio de cuidar destas crianças e suas famílias”, afirma dra. Simone.
Os palestrantes dessas mesas foram os drs. Alessandra Aguiar, Carolina Affonseca, Cristiane Sousa, Jussara de Lima e Souza, Lisandra Bernardes, Marcia Campos, Rut Kiman (Buenos Aires), Patrícia Lago, Silvia Barbosa, Simone Brasil, Tatiana Amaral e Tatiane Miranda. Ocorreu também durante o Congresso a prova para obtenção do Título de Especialista em Medicina Paliativa, realizada pela Associação Médica Brasileira (AMB) em parceria com a Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), a Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM), a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), a Academia Brasileira de Neurologia (ABN), a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP).
As avaliações foram feitas por meio de uma prova teórica e uma prova de títulos, na qual foi feita uma análise do currículo do candidato. A avaliação teórica, composta de 60 questões de múltipla escolha e com duração de três horas, foi realizada no dia 23 de novembro. Na oportunidade, quatro pediatras prestaram o concurso.
DIRETRIZES – Uma notícia que repercutiu durante o Congresso foi a publicação no dia 23 de novembro, no Diário Oficial da União (DOU), da Resolução nª 41 de 31 de outubro , que dispõe sobre as diretrizes para a organização dos cuidados paliativos, à luz dos cuidados integrados, no âmbito do Sistema único de Saúde (SUS). No texto é explicitado que os cuidados paliativos deverão fazer parte dos cuidados continuados integrados ofertados no âmbito da Redes de Atenção à Saúde (RAS) e que toda pessoa afetada por uma doença que ameace a vida, seja aguda ou crônica, a partir do diagnóstico desta condição, será elegível para esse cuidado.
“As diretrizes vêm sendo trabalhadas há mais de um ano pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos, liderada pelo dr. Daniel Forte. A proposta é que o cuidado paliativo seja ofertado no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) para toda a população, com foco em cuidado integral (num aspecto multidisciplinar), qualidade de vida, disponibilidade de medicações específicas para o tratamento da dor e de outros sintomas, e importância do ensino de cuidados paliativos na graduação e pós-graduação”, explica dra. Simone.
Segundo a presidente do DC de Cuidados Paliativos, a importância de se ter um trabalho sobre o tema direcionado à população pediátrica é que se comece a olhar para o paciente e para a sua família de uma forma mais ampla em todas as dimensões de cuidado. “Nós temos um sistema de saúde fragmentado, focado no cuidado à doença. Já os cuidados paliativos têm como perspectiva o cuidado integral em todas as dimensões do ser humano, não só dos aspectos físicos da doença, mas também dos aspectos psicológicos, sociais e espirituais”, afirma.
LIVRO – Durante o Congresso também foi lançado o livro “Cuidado paliativo pediátrico e perinatal”, coordenado pelas dras. Andreza Viviane Rubio e Jussara Lima e Souza. Na publicação são tratados aspectos práticos da atuação da área em pediatria e neonatologia e as situações relacionadas a questões filosóficas, morais e éticas. O livro está dividido em quatro partes: “Aspectos gerais”, “Ações da equipe multiprofissional”, “Controle de sintomas” e “Cuidados em condições específicas”.
Na primeira parte são tratados assuntos como os dilemas éticos em pediatria; terminalidade em neonatologia: aspectos éticos, legais e morais; comunicação e estratégias para más notícias em perinatologia; suporte para pacientes e famílias nas últimas horas de vida; entre outros. Já a parte seguinte são abordadas ações da equipe multiprofissional e assuntos relacionados ao enfermeiro como elemento decisivo em cuidados paliativos; terapia ocupacional e cuidados pediátricos; fisioterapia no cuidado paliativo ao recém-nascido; e mais.
A parte três, por sua vez, fala sobre o controle de sintomas e aborda o manejo da dor; escalas de avaliação de dor em pediatria; tratamento dos sintomas respiratórios; dispneia; controle de sistemas digestivos; hidratação; cuidados com a pele; entre outros. Na última parte são discutidos os cuidados em condições específicas por meio de temas como os cuidados paliativos no período pré-natal; cuidado paliativo em neonatologia; recém-nascido com lesão cerebral grave; entre outros.
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