Milhares de pessoas saíram às ruas de Washington, capital dos Estados Unidos (EUA), em protesto contra os atentados com armas de fogo, que, anualmente, vitimam centenas de crianças e adolescentes dentro das escolas americanas. A manifestação, intitulada “Marcha pela nossa vida”, foi realizada na semana passada e já é considerada o maior evento pelo controle da comercialização e porte de armamento da história daquele país. O ato foi articulado pelos próprios estudantes americanos, após mais um massacre, dessa vez ocorrido na Flórida, que deixou 17 mortos em fevereiro. Ao todo, o movimento alcançou mais de 800 cidades dos EUA e cerca de 40 países.
“O protagonismo dos adolescentes frente ao tema demonstra uma reação ao impacto, cada vez mais intenso, do contexto da violência na vida da população pediátrica, mesmo em países desenvolvidos, como os EUA”, definiu a presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Luciana Rodrigues Silva. Segundo a especialista, direitos fundamentais assegurados pela Declaração dos Direitos da Criança, da Organização das Nações Unidas (ONU), vêm sendo transgredidos ao redor do mundo.
JOVEM BRASILEIRO – No Brasil, diversas pesquisas institucionais e relatos do noticiário cotidiano, evidenciam a realidade de violações a qual crianças e adolescentes, especialmente das camadas socioeconômicas mais carentes, estão expostos. De acordo com o Atlas da Violência 2017, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no período entre 2005 e 2015 houve um aumento de 17,2% na taxa de homicídio de indivíduos entre 15 e 29 anos. Foram 318 mil mortos, em sua maioria jovens negros, com baixa escolaridade e do sexo masculino.
Segundo a secretária do Departamento Científico de Adolescência da SBP, dra. Evelyn Eisenstein, para reverter o atual quadro, são necessários programas para a prevenção de riscos sociais e o pleno engajamento da sociedade em prol da garantia de direitos dos mais jovens, cujo cérebro ainda está em fase de desenvolvimento.
“Sem acesso às áreas da educação e cultura, e sem possibilidade de inserção no mercado de trabalho, a tendência é que o adolescente se afaste do sistema legal. Quanto mais anos de escolaridade, menor a chance desse indivíduo sofrer homicídio ou iniciar em atividades conflitantes com a lei. A repressão policial, tão aclamada por alguns discursos ideológicos ou partidários, não funciona como método de prevenção. Precisamos antecipar e atuar contra as causas que estimulam o crescimento da violência”, ressaltou a pediatra.
PROTEÇÃO INTEGRAL – Com o objetivo de promover a proteção integral da população pediátrica, a SBP vem desenvolvendo ações com foco no impacto social. No fim do ano passado, a entidade lançou um Manifesto em Defesa da Criança e do Adolescente encaminhado a representantes legais de todo o Brasil. A publicação defende a aplicação de diretrizes fundamentais no campo da Saúde, dos Direitos Humanos, da Segurança Pública e das relações familiares. O texto destaca essencialmente que, sem o suporte adequado, “a criança chegará em sua vida adulta marcada por vieses pessoais e sociais e irremediavelmente corrompida”.
De acordo com a dra. Evelyn Eisenstein, apenas medidas integrais, que compreendam a dimensão de crianças e adolescentes como seres em vulnerabilidade, podem modificar o futuro do Brasil. “Não faz sentido progredirmos apenas nos índices de redução da mortalidade infantil enquanto, cada vez mais, cresce a morte entre os jovens. Os diferentes campos da vida em sociedade devem ser levados em consideração, para um dia alcançarmos um País com melhores condições de vida”, concluiu.
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