Documento científico da SBP orienta pediatras no monitoramento de prematuros


A falta de consenso e a variedade de metodologias no monitoramento de recém-nascidos pré-termos (RNPT) representam um desafio para os pediatras no atendimento a bebês prematuros, uma vez que a avaliação depende da curva selecionada dentre as várias disponíveis. Atento a essa problemática, o Departamento Científico de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulga o estudo científico Monitoramento do Crescimento de RN pré-Termos, que ajuda o profissional de pediatria a suprir essa lacuna metodológica com informações relevantes sobre o crescimento de bebês prematuros.

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O número de nascimentos pré-termos, ou seja, antes das 37 semanas gestacionais, é estimado em 11,5% dos cerca de 3 milhões de nascimentos anuais no País. Esses dados se tornam ainda mais relevantes quando comparados aos de estudo recente, de abrangência nacional, que mostra que a prematuridade é a principal causa de morte no primeiro ano de vida no Brasil.

O documento da SBP indica que, ao contrário dos bebês nascidos a termo, os recém-nascidos pré-termos (também chamados de prematuros) não contam com metodologia padronizada no monitoramento de seu crescimento. Ao invés da medição padrão de peso, comprimento e perímetro cefálico, o acompanhamento do desenvolvimento de um prematuro é feita com base em curvas construídas por diferentes metodologias.

PREMATURO - O trabalho divulgado pela SBP aponta que, assim como os bebês a termo, os RNs pré-termos devem ser medidos ao nascerem, conforme as curvas internacionais de crescimento preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e adotadas atualmente em mais de 125 países, incluindo o Brasil. No caso dos prematuros, o peso deve ser obtido diariamente até a recuperação do peso do nascimento. A partir daí, a pesagem deve acontecer duas vezes na semana, até a alta hospitalar.

O RN prematuro deve ter ainda sua medida tomada da cabeça aos pés, bem como ter seu perímetro cefálico medido por uma fita métrica não extensível. Essas medidas devem ser plotadas semanalmente em curva de crescimento até atingir 50 a 64 semanas de idade gestacional corrigida, de acordo com a curva selecionada.

De modo geral, as curvas mais utilizadas atualmente são: a) curvas de referência, que utilizam cortes transversais de peso, comprimento e perímetro cefálico, de acordo com a idade gestacional, e refletem o crescimento intrauterino; b) curvas de referência dos parâmetros de crescimento construídas a partir do acompanhamento longitudinal pós-natal; e c) curva padrão, longitudinal, predominantemente pós-natal.

A SBP recomenda que os RNPT sejam acompanhados com as curvas de crescimento pós-natal do Intergrowth, disponíveis em português para peso, comprimento e perímetro cefálico. Elas são prescritivas e multiétnicas, e podem ser usadas até 64 semanas pós-gestacionais, quando o acompanhamento deve ser transferido para as curvas da OMS. O documento traz ainda informações sobre acompanhamento de menores de 32 semanas de idade gestacional, além de links para outras curvas para acompanhamento do crescimento pós-natal.