Em Aracajú, especialista aborda panorama da vacinação em pacientes alérgicos

A imunização de pacientes alérgicos foi mais um dos temas apresentados pela coordenadora do Programa de Eventos Adversos às Vacinas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), dra. Ana Karoline Barreto, em conferência realizada na sexta-feira (17), durante o 15º Simpósio Brasileiro de Vacinas, em Aracajú (SE). Na oportunidade, a especialista esclareceu ainda dúvidas relacionadas casos de eventos adversos que surgem após a aplicação de vacinas em pacientes neste perfil.

"Cada vez mais, a prevalência das alergias tem aumentado entre a população. Além disso, apesar das reações de hipersensibilidade pós-vacinação serem raras, o pediatra deve estar preparado para essa possibilidade, uma vez que eventos alérgicos como a anafilaxia são potencialmente fatais", disse.

De acordo com a dra. Ana Karoline, um dos pontos fundamentais para a investigação clínica é comprovar a relação de causalidade entre a imunização aplicada e o evento adverso observado, pois diagnósticos imprecisos podem levar a um atraso no cumprimento do calendário de vacinação da criança.

"Muitos pediatras se deparam com carteiras de vacinação pela metade, que foram interrompidas após uma situação não esclarecida. Não podemos abrir mão de verificar se realmente há alergia a algum componente da imunização e se existe contraindicação para a dose subsequente", alertou.

Segundo a especialista, nos casos em que houver simultaneidade temporal entre o evento adverso e a aplicação de uma dose, será necessário observar o tipo de reação e em quanto tempo surgiram os primeiros sintomas. Efeitos inesperados, manifestos ainda nas primeiras horas após a aplicação, são potencialmente perigosos e devem suscitar a atenção dos profissionais de saúde.

"Reações IgE mediada que podem evoluir para anafilaxia geralmente estão associadas à alergia alimentar. Quando o desencadeamento da reação é mais tardio, a suspeita recai sobre uma outra série de substâncias, entre elas, gelatina, látex, fungos, adjuvantes e microbianos", explicou a dra. Ana Karolina.

Durante a palestra, a especialista explicitou ainda os motivos que têm ampliado a ocorrência das alergias entre crianças e adolescentes, além das evidências científicas e recomendações mais atualizadas para a vacinação da influenza, febre amarela e tríplice viral em pacientes com alergia a ovo.