Em live, especialistas debatem estratégias para aumentar a confiança em vacinas

A baixa cobertura vacinal e a possibilidade de ressurgimento de diferentes doenças até então controladas foram abordadas na live “Confiança em Vacinas”, realizada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) nesta segunda-feira (27). Sob mediação da presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, o encontro reuniu o presidente do Departamento de Imunizações da SBP, dr. Renato Kfouri, a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), dra. Isabella Ballalai, e o diretor de Comunicação da SBIm, dr. Ricardo Machado.

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“Todos nós sabemos da importância das vacinas na mudança absoluta da morbidade e mortalidade em todas as faixas etárias. As vacinas, a reidratação oral, a amamentação materna e os antibióticos mudaram o panorama das nossas doenças. Em meio à pandemia que estamos vivendo, as vacinas devem ser estimuladas e compartilhadas por todos. E o pediatra tem esse protagonismo de orientar as famílias e os pacientes com relação às vacinações”, declarou dra. Luciana na abertura do evento.

De acordo com os especialistas, são vários os motivos que podem justificar a queda nas coberturas vacinais no Brasil, que teve início a partir de 2014, e se intensificou com a pandemia de covid-19, em 2020. Entre elas, estão as fake news sobre segurança, a ausência de percepção do risco e as barreiras encontradas pela população na busca por informação simples, rápida e clara.

“Nesse cenário de busca de vacinas para covid-19 com praticamente a totalidade da população sendo vacinada, é muito importante abordarmos as questões relativas às demais vacinas no calendário infantil que vêm em queda nos últimos anos. Mas é fundamental também rever o que está por trás disso e a confiança é um dos aspectos. Existem ainda os aspectos logísticos, de abastecimento, de acesso, mas sem dúvida a questão da confiança permeia esse debate de hoje”, disse dr. Kfouri.

Além das baixas coberturas, é percebido um aumento nas taxas de abandono, isto é, não basta ter o esquema vacinal iniciado, é preciso que ele esteja concluído. “Além disso, de nada adianta um estado, município ou região ter 90% de cobertura vacinal se houver bolsões de baixa cobertura, ou seja, porcentagens de municípios e regiões que não atingem essas coberturas mínimas. Não basta ter cobertura elevada, ela precisa ser bem distribuída e homogênea”, considerou.

A dra. Isabella apresentou questões relacionadas ao manejo da informação junto aos pacientes pelo pediatra. “Vivemos uma época de muitos questionamentos. É preciso que o pediatra continue sendo essa pessoa empática que acolhe a família, a criança e o adolescente. O grupo que hesita se vacinar hoje está entre 20% e 25%. É esse grupo que precisamos conversar e entender melhor e ser mais empático para que ele não recuse a vacina”, assinalou.

A especialista afirmou que a maioria das pessoas responde de forma satisfatória à recomendação de vacinação, desde que estejam devidamente informadas e colocadas de maneira adequada. “Os fatores que levam à adesão à vacinação são a confiança nos profissionais de saúde, nas autoridades públicas e no sistema de saúde do país. Isso tudo está abalado há muito tempo e por isso hoje vivemos uma crise”, listou.

Em sua apresentação, dr. Ricardo Machado abordou as principais estratégias de comunicação para gerar a confiança nas vacinas, sobretudo hoje em dia, em que há uma busca incessante da população por outras formas de obter informações que não sejam as fontes oficiais, a fim de atender suas crenças e posicionamentos. Segundo Ricardo, para qualificar a informação é necessário que haja o estreitamento da relação médico e jornalista, a realização de campanhas pelas instituições e a ampliação do relacionamento do médico com a população e a mídia, entre outros.