A falta de conhecimento do valor e da importância da vacina e da relação risco x benefício estão entre as ameaças à garantia da imunização. O alerta foi feito pela infectologista pediátrica Regina Succi (SP) na conferência de abertura do 20º Congresso Brasileiro de Infectologia Pediátrica (Infectoped), na manhã de quinta-feira (15). Como diz a especialista, “a vacina de maior risco é a vacina não aplicada”.

Promovida pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em parceria com a Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape), a atividade terminou sábado (17), no Bahia Othon Palace Hotel, em Ondina, em Salvador (BA). No total, participaram mais de 1.100 inscritos e foram apresentados cerca de 400 trabalhos científicos.

EXTERIOR - Na programação, estavam palestrantes do Brasil e do exterior. Na sexta-feira (16), o programa seguiu com assuntos clássicos e atuais da infectologia pediátrica, com destaque para o simpósio “Revisitando Doenças Antigas”, com palestra da professora Marion Burger (PR) sobre “A Criança Imigrante e o Risco de Reintrodução de Doenças Eliminadas”.

Também foi abordada a situação das crianças refugiadas, que, muitas vezes, vêm de países que não oferecem vacinação e condições de higiene sanitária, por exemplo, e chegam portando doenças, assim como seus pais e familiares.

“Ênfase foi oferecida às doenças que estão ressurgindo, como o sarampo, a difteria, a cólera, tuberculose e a malária. Podendo vir com os imigrantes, só irão proliferar e causar surto no Brasil se nós não mantivermos boas coberturas vacinais”, explicou dra Marion Burguer.

Em seguida, acrescentou: “O fato de as campanhas de vacinação não terem tido a adequada adesão favorece a eclosão desses surtos de sarampo, principalmente em Roraima e no Amazonas”.

PROGRAMAÇÃO - Também integraram a programação de sexta discussões sobre Sífilis congênita, Febre amarela, Vacinação contra HPV em pacientes imunodeprimidos, reconhecimento precoce e manejo da sepse em crianças, infecções respiratórias virais em pediatria, HIV na transição da pediatria para a fase adulta, violência sexual contra crianças e adolescentes e Resistência antimicrobiana, entre outros temas.

A presidência do congresso foi da dra Lêda Lúcia Ferreira, infectologista pediátrica baiana. Na solenidade de abertura, ela destacou o momento desafiador para os profissionais de saúde, que, em pleno Século 21, enfrentam o retorno de doenças infecciosas, como o sarampo e a febre amarela. “Até abril, foram registrados mais de 1.100 casos de febre amarela no Brasil, com 328 óbitos”, citou.

INFORMAÇÃO - A presidente da Sobape, dra Dolores Fernandez, reforçou que o Congresso reuniu fontes fidedignas de informação e cabe aos pediatras ajudar a disseminá-la, esclarecendo as famílias e as comunidades. “Precisamos fortalecer os profissionais e as sociedades de pediatria, estando atentos ao que diz a SBP, que nos dá o norte profissional”, sinalizou.

Para a presidente da SBP, a pediatra baiana dra Luciana Rodrigues Silva, o objetivo maior do congresso foi disseminar informação segura. “O conhecimento precisa ser compartilhado e trazer benefícios. Estamos aqui para isso”, disse, destacando o papel da SBP de constante valorização dos pediatras, “únicos profissionais habilitados para assistir crianças e adolescentes”.

Também compuseram a mesa de abertura do congresso o diretor do Departamento de Infectologia Pediátrica da SBP, dr Marco Aurélio Sáfadi; a representante do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), dra Lícia Maria Moreira; a vice-presidente da Associação Bahiana de Medicina, dra Cláudia Galvão Silva; e a diretora do Instituto Couto Maia, a infectologista dra Ceuci Nunes, que representou o secretário de Saúde do Estado da Bahia,  dr Fábio Villas-Boas.