Especialidades básicas reúnem 37,62%

Dezembro 2011 – Nº 203 Os pediatras estão no topo do ranking brasileiro de número de médicos especialistas, reunindo 27.232 profissionais e representando 13,31% do universo de titulados. Em segundo lugar, os especialistas em Ginecologia e Obstetrícia (22.815 profissionais, representando 11,15%). Juntas, essas especialidades compõem quase um quarto (24,46%) de todos os profissionais titulados no …

Dezembro 2011 – Nº 203

Os pediatras estão no topo do ranking brasileiro de número de médicos especialistas, reunindo 27.232 profissionais e representando 13,31% do universo de titulados. Em segundo lugar, os especialistas em Ginecologia e Obstetrícia (22.815 profissionais, representando 11,15%). Juntas, essas especialidades compõem quase um quarto (24,46%) de todos os profissionais titulados no Brasil.

Ainda de acordo com o censo brasileiro de médicos especialistas e generalistas, um dos resultados da pesquisa “Demografia médica no Brasil: dados gerais e descrições de desigualdades”, do Conselho Federal de Medicina (CFM), é o de que as especialidades básicas (Cirurgia Geral, Clínica Médica, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, e  Medicina de Família e Comunidade) reúnem 37,62% dos especialistas – número significativo, considerando que há ainda outras 48 especialidades reconhecidas pelo CFM em sua Resolução 1.973/11.

Os profissionais dessas cinco áreas, somados aos generalistas (ambos essenciais à atenção primária), representam 65,62% dos médicos brasileiros. Respondendo pela maior parte dos agravos à saúde, os generalistas, com os especialistas titulados em especialidades básicas, são os responsáveis pelo atendimento médico primário, que constitui o primeiro ponto de contato dos pacientes com o sistema de saúde.

“Esses dados nos fazem crer que talvez haja um foco distorcido ao pensar em uma possível desassistência da população em decorrência do número de médicos especializados. Nos dão subsídios para ponderar que o problema da carência, na verdade, é a má distribuição de profissionais. O número de 22.815 especialistas em Ginecologia e Obstetrícia me parece  bastante razoável se houvesse uma distribuição equânime”, aponta o presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Etelvino de Souza  Trindade.

Trindade aponta, ainda, que os profissionais concentram- se nos grandes centros porque temem a falta de recursos de apoio em locais afastados. “Acredito que a inserção de especialistas, principalmente em áreas básicas, em regiões onde são deficitários, implica
em uma carreira de Estado com remuneração adequada e possibilidade de progressão
profissional e técnica”, avalia.

O presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Eduardo da Silva Vaz, também considera que a alegada falta de médicos nas especialidades básicas não é problema numérico, mas sim “de política de saúde para o setor público e o privado”. Em sua experiência como representante de 27.232 profissionais, aponta que muitos pediatras fecharam
seus consultórios e estão trabalhando parcialmente na especialidade, pela falta de condições de trabalho e remuneração adequadas.
“Não há falta de pediatras, mas sim falta de valorização”, destaca.

Percentual de generalistas é positivo

O Brasil conta com aproximadamente 55% de médicos especialistas e 45% de generalistas. “O enorme contingente de generalistas, parte deles com larga experiência profissional, pode ser considerado fator positivo para o sistema de saúde brasileiro e até, eventualmente, elemento regulador da diminuição de desigualdades na demografia médica”, avalia o estudo.

Para o Brasil, no entanto, ainda é um desafio avançar na compreensão de que a atuação do generalista pode ser suficiente e é recomendada e considerada a mais econômica para dar resposta a significativa parte dos agravos à saúde. O país ainda não consolidou um sistema único e hierarquizado, centrado em níveis de complexidade dos serviços, com referência e contrarreferência para todas as situações que exigem atendimento especializado.

De acordo com a pesquisa, contribuem ainda para a corrida à especialização e a pressão sobre os serviços médicos especializados, os avanços tecnológicos, a mudança no perfil de morbimortalidade da população e o fato de termos um sistema público-privado fragmentado, que busca responder à saúde coletiva e ao mesmo tempo atender demandas espontâneas de pacientes e interesses particulares de prestadores e segmentos empresariais. Além disso, a  remuneração não é homogênea, tanto entre generalistas e especialistas como entre as  especialidades.

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