Especialistas da SBP apontam, em documento científico, os efeitos nocivos dos cigarros eletrônicos

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) acaba de lançar documento científico para informar os pediatras a respeito das consequências negativas que os dispositivos eletrônicos de entrega de nicotina, popularmente conhecidos como cigarros eletrônicos, trazem à saúde de crianças e adolescentes. Elaborada em parceria pelos Departamento Científicos (DCs) de Pneumologia, Toxicologia e Otorrinolaringologia da SBP, a publicação apresenta algumas das principais evidências científicas já divulgadas sobre o tema.

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O texto ressalta que, devido à introdução recente do produto no mercado, ainda são desconhecidas as implicações do seu uso a longo prazo. Entretanto, algumas pesquisas já trazem dados preocupantes. “Estudos com animais demonstraram que os vapores produzidos pelos líquidos dos cigarros eletrônicos, especialmente com acréscimo de aromatizantes, produzem o mesmo efeito prejudicial à estrutura pulmonar e vasculatura que o fumo do tabaco. Foram demonstrados estresse oxidativo, toxicidade, resposta inflamatória em células epiteliais brônquicas, ativação de fibroblastos, hiperreposividade, aumento do espaço aéreo distal, produção de mucina e expressão de citocinas e proteases”, alertam os especialistas da SBP.

De acordo com o documento, é fundamental que os especialistas estejam aptos a fornecer orientações consistentes aos pacientes, uma vez que a população pediátrica enxerga nos cigarros eletrônicos uma alternativa segura ao tabaco tradicional e não compreende de forma adequada os riscos potenciais do seu uso.

“O Sistema Nacional de Dados Toxicológicos dos Estados Unidos (NPDS), entre janeiro de 2012 e abril de 2015, mostrou uma soma de 29.141 relatos de exposição à nicotina e produtos de tabaco entre crianças menores de seis anos. As crianças expostas aos cigarros eletrônicos tiveram 5,2 vezes mais chances de admissão em unidades de saúde e 2,6 vezes mais chances de ter o desfecho mais grave quando comparadas àquelas expostas a cigarros comuns”, detalha o documento.

No Brasil, a Resolução RDC-46 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada em 29 de agosto de 2012, proíbe o comércio e a importação de qualquer dispositivo eletrônico destinado ao fumo. No entanto, os cigarros eletrônicos têm sido negociados facilmente pela internet e até mesmo em lojas de rua, ganhando cada vez mais espaço entre os jovens. O documento da SBP, em consonância com diversas entidades científicas, dentre elas, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Instituto Nacional de Câncer (INCA) e Associação Médica Brasileira (AMB), indica a necessidade de manter as medidas restritivas enquanto não são apresentados estudos consistentes.

“Os dispositivos eletrônicos de entrega de nicotina vêm ganhando espaço. Investir na divulgação de informações claras à população, especialmente aos jovens, consiste na principal estratégia para minimizar os riscos e eventos adversos, ainda tão obscuros, que os cigarros eletrônicos podem ocasionar”, conclui a publicação.