Especialistas debatem o papel do pediatra frente às violências, no 2º CBP On-line

Como o pediatra deve agir frente às situações de violência e negligência sofridas por crianças e adolescentes? A questão foi tema da mesa redonda moderada pelo presidente do Departamento Científico de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dr. Marco Antônio Chaves Gama, durante o primeiro dia do 2º Congresso Brasileiro de Pediatria On-line, na sexta-feira (15). O debate contou com a participação de especialistas que conduzem as palestras sobre as várias formas de violência, alienação parental e o descumprimento do calendário vacinal infantil.

Segundo o moderador, a violência é uma doença que deve ser tratada. “Os pediatras têm que dar a devida importância para essa doença sofrida pelas crianças e adolescentes. Ela é muito frequente na vida dos nossos pacientes e pode ser diagnosticada por meio das várias situações que vemos no nosso dia a dia. Muitas vezes, o paciente é tratado por uma série de patologias quando, na verdade, a causa é a violência. Sempre que puder, escute a criança e o adolescente ”, ressaltou dr. Marco Antônio.

A programação foi apresentada apresentações: “A violência nos dias de hoje dentro e fora de casa”, ministrada pela dra. Suzana Ramos Costa, professora adjunta de Pediatria da Universidade Federal de Pernambuco; “Alienação parental - sinais e sintomas”, discutida pela dra. Luci Pfeiffer, membro do DC de Segurança da SBP; e “Aspectos legais e éticos relacionados a vacinas", desenvolvido pelo dr. Mário Hirschheimer, membro da Diretoria Executiva da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Em sua exposição, a dra. Suzana discorreu sobre as características das violências físicas, sexuais, psicológica, urbana e comunitária. A especialista destacou que, na maioria dos casos, a vítima sofre o abuso em casa por parentes ou pessoas próximas - o que passou a ser um problema ainda maior nos últimos meses, em função do distanciamento social e a quarentena, decorrente da pandemia de covide- 19

Em seguida, os efeitos da alienação parental foram trazidos pela dra. Luci, que pontuou que a vítima pode sofrer com as dificuldades de concentração e de relacionamento entre seus pares; irregularidade do sono; sinais de ansiedade e angústia; autoagressão; além de comportamento de agressividade e apatia. “A alienação é uma forma de causar danos e prejuízos ao outro, em variados níveis de gravidade, especialmente em situações de fracasso do relacionamento ou em processos de separação conjugal ou divórcio”, explicado.

A queda nos índices de imunização foi o último tópico da mesa redonda. Na oportunidade, o dr. Mário alertou sobre os riscos de negligenciar a vacinação infantil. O especialista orienta-se a esclarecer ainda as questões relacionadas ao encaminhamento jurídico e a forma eticamente adequada em relação à imunização das crianças e adolescentes.