O conceito do envelhecimento é dinâmico e se modifica em cada época da nossa sociedade. Mas como estamos envelhecendo? O que significa ser velho no Brasil? Por que ainda somos um País tão idadista? Para falar sobre esses e outros aspectos, o Pedtalks convidou o médico e gerontologista dr. Alexandre Kalache, especialista em questões relacionadas à longevidade e ao envelhecimento. Sob o comando do psicólogo e cientista social Carlos Linhares e participação da presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Luciana Rodrigues Silva, o programa foi ao ar nesta terça-feira (23), no canal oficial da entidade no YouTube.
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“Você vai ser na velhice aquilo que você viveu e vivenciou antes. Isso vale para saúde e para os conhecimentos adquiridos. Por isso, acho ótimo falar com vocês, pediatras, porque vocês estão tratando da matéria-prima que vai ser essa população longeva daqui a 70 ou 80 anos”, afirmou Alexandre Kalache.
Se no século passado tivemos a conquista da longevidade, conta o especialista, no século 21 teremos o desafio de responder a essa longevidade. “Isso porque a partir de 2040, o Brasil vai ter mais pessoas celebrando os 80 anos do que crianças nascendo”. Isso está acontecendo porque o País enfrenta uma acentuada queda na taxa de fecundidade associada a um envelhecimento populacional rápido. “Em função dessa baixa fecundidade, de 1,6 filhos por casal, vamos ter mais idosos no futuro, passando dos 15% que temos hoje para 34% em 2060”.
Tal fato pode gerar impactos nos serviços de saúde e acentuar ainda mais as desigualdades sociais, que já estigmatizam a pessoa idosa. Atualmente, segundo dados indicados pelo médico, cerca de 20 milhões de brasileiros sofrem de insegurança alimentar e 50% da população não tem acesso sequer ao esgoto sanitário.
“Isso é receita para envelhecer bem? Claro que não. Nós temos que nos preocupar com as políticas ao longo da vida para fazer com que a grande conquista social, que é envelhecer, aconteça de uma forma digna. Precisamos de políticas públicas adequadas do Estado para que as opções saudáveis sejam as mais simples, acessíveis e baratas”, considerou.
Para ele, alcançar a longevidade com qualidade de vida englobam a prevenção e promoção à saúde; a busca pelo conhecimento e aprendizagem ao longo da vida; a participação e luta pelos direitos; e a segurança para poder preservar a autonomia e viver de acordo com os próprios desejos e anseios.
DESAFIOS – O idadismo, preconceito contra o velho e o envelhecimento, ainda é muito presente na nossa sociedade, segundo o dr. Kalache. No entanto, não há nada de errado com a velhice, explica, mas sim, sobre como cada pessoa encara esse processo natural da vida. “Daí a importância de o indivíduo ter a percepção do próprio envelhecimento. Enquanto não cair a ficha que se está velho, vamos ficar num País hedonista da juventude eterna e que a velhice nunca te atinge”.
Embora existam algumas dificuldades nesse processo, viver mais também significa descortinar nossas maneiras de enxergar o mundo, ao experimentar coisas e situações diferentes, que também podem ser prazerosas. Além disso, o envelhecimento pode ser a fase em que se vive com mais liberdade e satisfação pessoal.
“Eu não estava programado para estar aqui. A expectativa da minha geração, eu que sou de 1945, era de 43 anos. Desde a chegada da pandemia, a expectativa já tinha chegado aos 77 anos. Essa é uma conquista social fantástica. Envelhecer é bom”, ressaltou.
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