Fórum de Qualidade do Cuidado Perinatal discute a redução da mortalidade materna infantil

O Fórum Qualidade do Cuidado Perinatal –  Nascimento Seguro deu início às atividades científicas do 25º Congresso Brasileiro de Perinatologia On-line. O encontro, aberto aos profissionais de saúde e de gestão, foi realizado na quarta-feira (1º) com o objetivo de tornar mais acessível a capacitação sobre os processos fundamentais no cuidado do recém-nascido. Na ocasião, alguns especialistas se reuniram para discutir estratégias para o nascimento seguro, além de questões sobre a estrutura, processos e monitoramento do cuidado perinatal no País em rede de atenção à saúde materno-infantil, entre outros temas.

“O congresso abre com esse fórum inovador, trazendo muitas propostas a serem discutidas. Eu tenho convicção de que nossos gestores vão poder perceber que o cuidado com a criança e com o adolescente são essenciais para que esses indivíduos desenvolvam plenamente seus potenciais intelectual, físico e cognitivo, e assim construam um país melhor”, disse a presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Luciana Rodrigues Silva, na abertura.

A dirigente ressaltou que desde o primeiro ano de gestão, em 2016, a SBP vem promovendo uma série de ações para reforçar o protagonismo do pediatra no cuidado da criança e do adolescente, como a Campanha do Nascimento Seguro. “A iniciativa preconiza a necessidade da presença do pediatra no momento do nascimento para assistência ao recém-nascido e detecção precoce de qualquer alteração em sua saúde”, afirmou.

Em seguida, o diretor do Departamento de Ação Programáticas Estratégicas da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Antônio Rodrigues Braga Neto, destacou as estratégias implementadas pelo Ministério da Saúde para a redução da mortalidade materna e da neonatal.

“As mortalidades materna e neonatal representam uma grande chaga social. É inconcebível que um País com a dimensão e potência do Brasil ainda conviva com mulheres morrendo no parto e os bebês sem os melhores cuidados nas unidades de terapia intensiva, intermediárias ou sem acesso à estratégia Canguru, onde podem ganhar peso de forma segura e acompanhada de suas famílias e rede de apoio. Mudar esse quadro é o compromisso da Secretaria Primária da Saúde do MS, que faz desse tema prioritário”, disse.

A redução dessa mortalidade foi incluída na lista dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da Organização das Nações Unidas (ONU). A meta era reduzir em 75% a mortalidade materna até 2015. No entanto, o País registrou 65 mortes maternas a cada 100 mil nascidos, não conseguindo atingir o máximo de 35 mortes a cada 100 mil nascidos vivos até o período estipulado. A partir de agora novos objetivos foram traçados para serem cumpridos até 2030.

“Renovamos nossas esperanças e o compromisso do governo quando pactuamos nossa participação na Agenda 2030 para atender aos objetivos do desenvolvimento sustentável e, assim, conseguir redução da mortalidade materna para 30 casos em 100 mil nascidos vivos”, pontuou.

Para que isso ocorra, é preciso se aprofundar nas principais causas de morte materna no Brasil: “morrem as mulheres brasileiras de condições obstétricas, como hemorragia, hipertensão e infecção. Enquanto não focarmos nessas três causas principais, não conseguiremos de forma efetiva reduzir a mortalidade materna”, frisou.

TEMÁRIO - A presidente da Comissão Científica do 25º Perinato, dra. Maria Albertina Santiago Rego, destacou que o fórum estava sendo planejado há cerca de dois anos. Além disso, todo o conteúdo programático desta atividade inédita foi distribuído em mesas, painéis e palestras ao longo do congresso – que conta com 130 palestrantes, entre eles, 21 estrangeiros.

“São especialistas de países que realizaram a regionalização do cuidado e a perfilização das unidades perinatais. Enfim, é um congresso que quer implementar o conhecimento e pensar em mecanismos para reduzir a mortalidade materna infantil e as sequelas nas crianças que sobrevivem”.

O fórum também abriu espaço para a discussão de modelos de redes de atenção à saúde (RAS); planificação da APS no cuidado perinatal em RAS; perfilização das unidades perinatais para o nascimento prematuro e assistência ao recém-nascido com doença grave; prática obstétrica na assistência ao pré-natal e parto; processos mandatórios nas unidades neonatais, integradas à APS e AAE, para RN potencialmente saudáveis, prematuros e criticamente doentes; e educação continuada: integração ensino, pesquisa, qualidade e assistência.

Além da dra. Albertina, o encontro teve a coordenação da diretora de Cursos e Eventos da SBP, dra. Lilian Sadeck, e do dr. Sérgio Marba, assessor de Políticas Públicas da SBP, Grupo Executivo do PRN-SBP e consultor Neonatal do Ministério da Saúde e do Portal de Boas Práticas do IFF/Fiocruz/MS, e contou com a presença da secretária de Saúde do Estado da Bahia, dra. Tereza Cristina Paim Xavier Carvalho.