O Grupo de Trabalho (GT) Ensino de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) realizou uma oficina para aprimorar uma proposta de competências em pediatria e respectivos cenários de práticas para a graduação dos cursos de medicina, considerando sobretudo as profundas mudanças no perfil epidemiológico dessa faixa etária e, também, na organização dos serviços de saúde. O encontro – ocorrido na última semana – também teve como objetivo aprofundar a discussão sobre a organização de Currículos Baseados em Competências (CBC) e validar as Competências Gerais e Específicas na Área de Pediatria propostas pelo GT.
A sessão solene – realizada de forma on-line – foi aberta pela coordenadora do GT de Ensino de Pediatria da SBP, dra. Rosana Fiorini Puccini, na ocasião, também representando a presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva. Participaram da reunião representantes das filiadas da SBP e das regionais da Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM).
Em seu discurso, dra. Rosana reafirmou a importância em atualizar e aprimorar o documento sobre competências em pediatria na graduação do curso médico, elaborado em 2017 e publicado no site da SBP, bem como discutir e identificar os respectivos cenários de práticas. “Essa discussão visa, principalmente, à formação de profissionais que venham a contribuir de forma efetiva para a qualidade da assistência às crianças e aos adolescentes, reforçando, ainda, o papel da ciência fundamentando as decisões e a elaboração de diretrizes na atenção e no cuidado à saúde”.
O presidente da ABEM, dr. Nildo Alves Batista, destacou a importância de uma construção conjunta de diretrizes e enfrentamento dos enormes desafios colocados para a formação do médico, em especial, frente ao contexto atual relacionado ao agravamento do financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e das políticas inclusivas da área da educação.
Dr. Nildo enfatizou que na área da pediatria, em especial, mudanças importantes na organização dos serviços e na redefinição do papel e atribuições do pediatra nos serviços trazem questões adicionais a serem discutidas. “Sendo assim, a definição de competências em pediatria para a graduação e respectivos cenários de práticas é um caminho que pode se somar aos documentos já existentes e contribuir para o aprimoramento da formação no curso de graduação em medicina”, disse.
PLENÁRIA – Durante o encontro, os participantes foram divididos em quatro grupos de tal forma que cada um deles integrasse a representação das entidades presentes e das regiões do País. A proposta de matriz de competências em pediatria apresentada pelo GT estava constituída por 35 itens e cada grupo ficou responsável por apresentar na plenária a discussão, validação ou sugestões de mudanças referentes a 8 ou 9 itens do instrumento, ainda que a leitura e análise do conjunto de competências e respectivos cenários fosse recomendada pelos organizadores do evento.
No início das discussões da plenária, foram reafirmadas questões que devem permear a elaboração de documentos sobre formação médica: a transição demográfica e epidemiológica do País; a necessidade de fortalecimento do SUS na assistência e para a formação dos profissionais de saúde, a preceptoria como ponto fundamental desse processo; o cuidado centrado no paciente e sua família, o trabalho em equipe; a integralidade e a intersetorialidade da atenção à saúde.
Em relação especificamente à pediatria, um ponto importante foi a definição de que o documento deveria diferenciar as competências exigidas para a formação geral do médico das competências exigidas para a formação do pediatra.
“Importante salientar que, mesmo em grandes centros, qualquer que seja a especialidade a ser seguida pelo profissional médico, é fundamental que o curso de medicina proporcione uma formação geral sólida em pediatria, permitindo que ele tome as melhores decisões e identifique os limites de sua atuação no atendimento de crianças e adolescentes”, destacou dra. Rosana Puccini.
Ela salientou que as sugestões apresentadas pelos participantes em relação ao documento produzido na oficina deverão delimitar competências para a formação geral do médico, ou seja, na graduação, as quais devem considerar como eixos norteadores a segurança do paciente, o desenvolvimento de habilidades para o trabalho em equipe, tomada de decisões com base em evidências científicas e na atenção integral à criança e ao adolescente.
Em relação ao quadro de competências e respectivos cenários de práticas, foi considerado que centros de simulação e habilidades podem e devem ser utilizados para todas as competências, entretanto, não substituem as atividades práticas desenvolvidas nos serviços de saúde, ainda que permitam uma sistematização de técnicas a serem utilizadas. Foi ressaltado que algumas delas devem necessariamente anteceder a prática junto ao paciente por proporcionarem maior segurança ao aluno, sobretudo relacionadas às urgências e emergências.
Os grupos apresentaram uma síntese dos debates realizados e as sugestões de mudança no quadro de competências – inclusões, reformulações, as quais tiveram o objetivo de aprimorar o documento. Os principais pontos debatidos reafirmaram a importância de cenários de práticas para a pediatria em todos os níveis de atenção à saúde e a presença do pediatra na supervisão dessas atividades.
“O GT deverá compilar as apresentações dos grupos, incluindo as questões debatidas e aprofundadas na plenária. O documento assim reformulado deverá ser encaminhado e aprovado pelos participantes do evento e, posteriormente, a versão final será enviada à diretoria da SBP”, explica dra. Rosana Puccini.
RP Convida: 2º episódio do videocast recebe a dra. Ana Zöllner, c...
23/05/2025 , 13:39Crianças e adolescentes podem fazer musculação? Pediatras explica...
23/05/2025 , 13:31SBP participa de cerimônia sobre aleitamento materno na Câmara do...
23/05/2025 , 12:03Síndrome Alcoólica Fetal e suas possíveis apresentações clínicas ...
23/05/2025 , 08:22Neuroblastoma: o que o pediatra precisa saber?
21/05/2025 , 08:10PED CAST SBP: "TEA e dieta hipoalergênica"
19/05/2025 , 10:22