A “Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) e autocuidado” é o tema do novo documento elaborado pelo Departamento Científico (DC) de Endocrinologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). A publicação apresenta de maneira didática os principais aspetos sobre o tratamento da doença e destaca a necessidade de o pediatra avaliar o autocuidado do paciente com DM1, uma vez que grande parte dos procedimentos terapêuticos são realizados pelo próprio indivíduo e sua família.

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“A insulinoterapia exógena continua sendo a única forma de reposição insulínica em crianças e adolescentes com DM1 e tenta imitar a secreção fisiológica de insulina. Entretanto, nenhum esquema atual exerce essa função satisfatoriamente, havendo necessidade de individualização da proposta terapêutica, conforme a rotina de vida de cada paciente e da sua sensibilidade à insulina nos diferentes horários do dia”, descreve o texto.

De acordo com o documento, capacitar as crianças e adolescentes representa um meio eficaz de manter o controle glicêmico o mais normal possível, pois, somente com o auxílio direto do paciente, é possível promover a integração entre os diferentes fatores que compõem a complexa rede de tratamento.

“A adesão terapêutica significa o quanto o comportamento do paciente coincide com a prescrição. O conceito de autocuidado é mais amplo e inclui atividades que o jovem portador de DM1 e seus familiares executam diariamente no cuidado da doença, como também o processo de colaboração entre o jovem e seus pais, e entre o jovem e a equipe de saúde, à medida que ele cresce e assume a responsabilidade de seu tratamento”, esclarecem os especialistas.

A publicação traz ainda orientações sobre como o pediatra pode atuar para promover o autocuidado em crianças e adolescentes, com foco na capacitação para a solução de problemas, na colaboração ativa com a equipe multiprofissional e ajudando a identificar barreiras e desenvolver habilidades de enfrentamento. “Situações da vida diária, como a presença de conflitos familiares, distúrbios psicológicos e a puberdade podem influenciar negativamente o controle glicêmico do jovem com diabetes tipo 1”, enfatiza o texto.

O documento apresenta também o passo a passo para utilizar adequadamente instrumentos de avaliação do autocuidado destinados à população pediátrica, entre eles: “Diabetes Self-Management Profile” (DSMP); “Diabetes Management Questionnaire”; ““Summary of Self-Care Activities Measure-Revised” (SSCA-R)2”; e “Self-Management of Type 1 Diabetes in Adolescents” (SMOD-A) ”.

Os instrumentos auxiliam a equipe na identificação das principais dificuldades no manejo do DM1. Além disso, são fundamentais para a promoção de programas educativos adaptados às necessidades do paciente e sua família e na análise dos efeitos das intervenções para controle do diabetes.

O DC de Endocrinologia da SBP é composto pelos drs. Crésio de Aragão Dantas Alves (presidente); Kassie Regina Neves Cargnin (secretária); Leila Cristina Pedroso de Paula; Lena Stiliadini Garcia; Paulo Ferrez Collett-Solberg; Raphael Del Roio Liberatore Jr; Renata Machado Pinto; e Ricardo Fernando Arrais. A elaboração do documento contou ainda com a colaboração da dra. Thais Della-Manna.