Na última terça-feira (19) foi celebrado, em todo o mundo, o Dia Internacional da Doença Inflamatória Intestinal, dia que deu origem ao chamado “Maio Roxo”. A data passou a ser celebrada em 2010 e tem como objetivo alertar e informar sobre a Doença Inflamatória Intestinal (DII) e a importância de seu diagnóstico precoce. A iniciativa conta com o apoio do Departamento Científico de Gastroenterologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
As doenças inflamatórias intestinais são distúrbios crônicos do trato gastrointestinal, que incluem, principalmente, a colite ulcerativa e a Doença de Chron (DC) e que são mais frequentemente diagnosticadas na adolescência e no jovem adulto, com uma incidência que vem crescendo nas populações pediátricas.
Conforme explica a dra. Roberta Fragoso, membro do Departamento Científico de Gastroenterologia da SBP, embora as crianças possam apresentar sintomas clássicos de dor abdominal, perda de peso, diarreia com muco ou sangue, muitas delas apresentam sintomas que não são os clássicos.
“Vemos pacientes com baixo crescimento ou que, isoladamente, só tem anemia ou até manifestações extraintestinais. Então, é muito importante que fiquemos atentos a essas manifestações porque, às vezes, podem vir, isoladamente, como um único sintoma no atendimento a esses pacientes”, declara a pediatra.
O diagnóstico da doença é feito a partir da história clínica, exame físico detalhado e exame endoscópico. “Outra coisa também importante é sempre ter o cuidado de conhecer a história familiar detalhada porque nós sabemos que perto de 20% dessas crianças podem ter um parente afetado pela doença. Uma história familiar positiva é um dado relevante de risco para a DII”, salienta.
Já o tratamento tem como objetivo tentar eliminar alguns dos sintomas e restaurar, principalmente, a qualidade de vida desses pacientes, retomando um crescimento normal e eliminando as chances de terem complicações. As terapias para a DII são classificadas de acordo com a capacidade da gente induzir a remissão dessa doença ativa e manter a remissão em pacientes com doença inativa. Então, existe uma gama enorme de medicamentos que podem ser utilizados.
“As crianças com DII não parecem ter um risco maior de contrair a COVID-19 em relação à população em geral. Dessa forma, mesmo durante a pandemia, se elas estão em uso de terapia imunossupressora ou biológica, elas precisam dar continuidade a esse tratamento, mesmo que seja de um modo remoto. Os serviços públicos e privados têm criado estratégias para dar continuidade ao atendimento desses pacientes. Esses pacientes precisam ser lembrados, acompanhados e devem continuar o tratamento de forma regular e monitorada”, salienta dra. Roberta.
CUIDADO MULTIDISCIPLINAR – No Brasil, não há nenhum inquérito que possa apontar exatamente qual é a prevalência nacional com relação à DII pediátrica. De acordo com a presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva – que é gastroenterologista pediátrica –, para que haja um bom diagnóstico é importante unir o histórico clínico dos pacientes com diferentes exames, além do trabalho multidisciplinar.
“Essas doenças são crônicas, mas podem ser mantidas sob controle. As causas podem estar relacionadas a fatores genéticos, fatores ambientais e alterações do sistema imunológico, por exemplo. Há indícios de existência de relação da doença com o aumento da industrialização e suas consequências, como mudanças na alimentação também”, enfatiza dra. Luciana.
“O tratamento para as doenças pode ser médico ou cirúrgico, variando conforme o tipo e a extensão da patologia. Por isso, é essencial que exista um comprometimento em discutir sobre os problemas que essas doenças causam. Para os pacientes e suas famílias, o diagnóstico correto e precoce é primordial”, ressalta.
Dra. Luciana diz ainda que, quanto mais cedo for feito o diagnóstico das doenças, melhor será seu tratamento e mais positivo será o impacto na vida do paciente. “É de extrema importância que o pediatra fique atento aos sinais que a criança está dando, como desnutrição e mal crescimento, por exemplo. As DII afetam o crescimento e desenvolvimento físico e intelectual, além de provocarem dores e se o diagnóstico for feito precocemente há uma melhora na qualidade de vidas dos pacientes”, conclui.
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