A insuficiência hepática aguda (IHA) em crianças e adolescentes é o tema do novo documento científico produzido pelo Departamento de Hepatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e que foi enviado na última terça-feira (11) aos seus associados. A IHA é síndrome onde há uma desordem sistêmica em decorrência da falência da função do fígado em consequência de necrose maciça dos hepatócitos.
“Ocorre grave disfunção de síntese (alteração da coagulação principalmente), e alteração do metabolismo hepático, com instalação de encefalopatia hepática dentro de 8 semanas após a manifestação clínica inicial, quase sempre com icterícia, em um indivíduo sem história prévia de doença hepática”, explicam os especialistas.
Configura um quadro que requer tratamento intensivo, com o objetivo de prevenir ou tratar possíveis complicações como encefalopatia hepática, edema cerebral, hipertensão intracraniana, sangramentos, infecções e falência múltipla de órgãos, na expectativa de que ocorra a recuperação da função hepática ou o paciente seja submetido a um transplante de fígado.
CAUSAS – Apesar do avanço diagnóstico em cerca de 50% das ocorrências, a causa é indeterminada. Etiologias específicas podem ser classificadas como infecciosas, imunológicas, neurometabólicas, mitocondriais, malignas, vasculares ou relacionadas a medicamentos/drogas/toxinas.
Em recém-nascidos e lactentes as causas metabólicas são as mais frequentes. Em crianças maiores, os vírus (principalmente, Hepatite A), toxicidade medicamentosa e hepatite autoimune são as causas mais comuns. A identificação da causa é importante uma vez que algumas delas possuem tratamentos específicos. Segundo os especialistas, “a frequência das causas difere em relação aos adultos assim como os fatores demográficos e sociais interferem na prevalência de algumas etiologias”.
QUADRO CLÍNICO – Em geral, a criança é previamente saudável e tem sintomas inespecíficos, de duração variada, sendo que o início é raramente definido, exceto nos casos de intoxicações agudas. As primeiras manifestações surgem quando a função hepática começa a deteriorar. “Ocorre redução da capacidade de eliminar drogas, toxinas e bilirrubinas, diminuição na síntese de fatores de coagulação, alteração na homeostase da glicose e aumento na produção de lactato. Os pacientes podem apresentar icterícia (manifestação clínica mais comum), vômitos, sinais de hipoglicemia, encefalopatia e evoluir com edema cerebral, falência de órgãos, e óbito. A encefalopatia hepática pode se manifestar com alteração do comportamento e do humor”, detalha o documento.
“Geralmente, surge agressividade, letargia e distúrbios do sono. A alteração de comportamento pode ser sutil, como uma maneira diferente de lidar com um brinquedo ou reação estranha diante de uma experiência corriqueira, tais como, reação de medo, pavor ou agressividade inexplicada diante de um evento do dia a dia ou aparecimento de enurese, encoprese sem a criança perceber”, complementam os especialistas.
Segundo o DC de Hepatologia, os sintomas podem persistir ou apresentar períodos de remissão, intercalados com nova piora por dias ou semanas, antes da busca por assistência médica. “A investigação adequada por história clínica e exame físico detalhados são de grande valia na identificação da causa da IHA”, observam os especialistas.
TRATAMENTO – O tratamento deve ser realizado em centros com acesso ao transplante hepático, pois este pode ser a única alternativa para o paciente. A princípio, o tratamento é de suporte, e a criança deve ir obrigatoriamente para Unidade de Terapia Intensiva enquanto se aguarda a regeneração hepática dos pacientes com bom prognóstico ou o transplante hepático naqueles com prognóstico reservado. “Devemos tentar identificar a etiologia e se possível iniciar o tratamento específico”, finalizam os especialistas.
Participaram da elaboração do documento os drs. Gilda Porta; Sandra Maria Gonçalves Vieira; Alexandre Rodrigues Ferreira; Cibele Dantas Ferreira Marques; Elisa de Carvalho; Irene Kazue Miura; Marise Elia de Marsillac; e Sandra Lucia Schuler.
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