IV Capco: presidente da SBP ministra conferência sobre Defesa da Criança e do Adolescente, em Cuiabá (MT)


O Centro-Oeste do Brasil é uma das regiões que possui o menor número de pediatras, com 4.317 profissionais distribuídos entre os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiânia e o Distrito Federal, segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM). Os números foram apresentados na quinta-feira (24) pela presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Luciana Rodrigues Silva, durante a palestra “Defesa da Criança e do Adolescente”, ministrada no IV Congresso de Atualização em Pediatria do Centro-Oeste (Capco), em Cuiabá (MT).

“Precisamos aumentar o número de pediatras nessa região, uma vez que a maioria desses profissionais se concentra hoje Sudeste. Durante as minhas visitas nesses estados, outra questão que me chamou a atenção é em relação a precariedade dos serviços que atendem à criança grave, com um número muito pequeno de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) e que não atendem à demanda”, destacou.

Dra. Luciana destacou que as aspirações dos pediatras do Centro-Oeste assemelham-se às dos demais profissionais de outras partes do Brasil e que as dificuldades enfrentadas são as mesmas. “O pediatra é um profissional extremamente dedicado e ama o que faz em relação à assistência das crianças e adolescentes. No entanto, a maioria dos pediatras têm dificuldades em relação aos serviços onde trabalham, sobretudo nas unidades públicas de saúde devido à falta de estrutura de trabalho, sobretudo de equipamentos, medicamentos, entre outros insumos básicos”, frisa.

Para a presidente da SBP, falta vontade política para melhorar as condições do atendimento nos serviços públicos de saúde. “Para se ter uma ideia, mais de 5 mil municípios brasileiros não têm nenhum leito de UTI pediátrica. Apenas dois estados possuem o número adequado de UTI Neonatal: o Rio de Janeiro e o Espírito Santo. Nesse ano eleitoral precisamos cobrar peremptoriamente dos candidatos quais são as propostas que eles têm para melhorar a qualidade da assistência e do atendimento em saúde das nossas crianças e adolescentes, pois os investimentos feitos na saúde pública têm sido irrisórios”, frisa.

A presidente da SBP diz que é uma luta constante da instituição a cobrança por melhores condições de trabalho. “Estamos lutando para que haja pelo um pediatra em cada unidade para atender na atenção primária, secundária e terciária. É preciso que os gestores entendam que somente o pediatra é o profissional que está habilitado para atender a esse público. Ou seja, se queremos uma nação melhor, temos que cuidar do futuro’”, disse ela ao ressaltar que a atual diretoria da SBP tem se empenhado em realizar um trabalho de interiorização da pediatria, levando cursos, congressos e outras atividades para todas as regiões do País.