No Dia Mundial sem Tabaco, SBP reforça a importância do pediatra na prevenção ao tabagismo

Hoje (31 de maio) é o Dia Mundial sem Tabaco e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta para a importância da atuação do pediatra na prevenção ao tabagismo. O tema preocupa a entidade porque a doença é pediátrica, uma vez que cerca de 70% a 80% dos jovens se tornam tabagistas antes dos 20 anos de vida. A cada dia, entre 80 e 100 mil jovens se tornam dependentes da nicotina.

Por isso, o papel do pediatra na prevenção é primordial. Conforme explica o especialista em álcool e outras drogas da SBP, dr. João Paulo Becker Lotufo, a prevenção começa intraútero porque se a mãe for tabagista, é importante falar sobre o tema, pois a criança pode, por exemplo, nascer prematura ou ter inúmeros problemas de saúde. Além disso, pode ocorrer também o tabagismo passivo, a mãe que fuma está mais perto da criança e a quantidade de nicotina que ela vai receber passivamente pode ser muito grande.

“Em toda a consulta pediátrica, deve-se fazer o aconselhamento breve (AB) sobre álcool, tabaco e outras drogas. Esse aconselhamento leva em torno de quatro minutos e, se 25 mil pediatras fizessem quatro aconselhamentos breves por dia, haveria 100 mil AB em 24 horas, três milhões por mês e 36 milhões por ano. Com este ato, poderíamos diminuir o tabagismo entre as famílias de pacientes e abolir ou pelo menos retardar a experimentação precoce do tabaco e outras drogas", explica o especialista.

Dr. Lotufo enfatiza ainda que a primeira experiência do adolescente com o cigarro geralmente acontece na faixa etária entre os 11 e 15 anos de idade. Um dos grandes desafios é que a indústria do tabaco tem como foco a captação dos jovens para o consumo de seus produtos com nicotina que viciam, por meio de estratégias de marketing. Sempre incorporando o contexto social, as inovações e design tecnológicos, os modismos, e os conceitos de cada época.

“A batalha deve ser sempre a da prevenção, pois quem começa a fumar antes dos 21 anos de idade, quando o cérebro ainda está em formação, terá um nível de dependência muito maior. Outro dado que reforça a urgência da prevenção é que o jovem não se preocupa com o vício. Em geral, ele só vai se sensibilizar para os riscos que o cigarro provoca à sua saúde e buscar algum tipo de terapia depois dos 40 anos. Esse é mais um motivo pelo qual a estratégia mais assertiva é prevenir o fumo”, diz.

Segundo dados da OMS, o tabaco mata até metade de seus usuários e mais de oito milhões de pessoas anualmente. Mais de sete milhões dessas mortes são resultado do uso direto do tabaco, enquanto cerca de 1,2 milhão são resultado de não-fumantes expostos ao fumo passivo.

CAMPANHA – Tendo em vista a relevância do tema, a SBP tem promovido recorrentemente cursos e lives acerca do tabagismo para que os pediatras estejam sempre atualizados. Além disso, a entidade também está apoiando a campanha da Associação Médica Brasileira (AMB), em parceria com a ACT Promoção da Saúde e a Fundação do Câncer, cujo título é “Novos Produtos, Velhos Problemas”.

A campanha alerta para os riscos dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) - categoria que engloba os cigarros eletrônicos, de tabaco aquecido, vaporizadores, pods, entre outros. Os produtos criados para manter ou conquistar mais fumantes, trazem uma série de componentes tóxicos, com riscos à saúde de seus usuários.

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Além disso, outro pilar da campanha deste ano foi o lançamento da Carta ao Brasil, cujo objetivo é apontar os entraves em níveis de estado para o avanço das políticas antitabagismo em anos recentes, os desafios político-institucionais e jurídicos atuais e as ações previstas para superá-los.

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Nesse sentido, há ainda a ênfase à questão da COVID-19 e a proposta de temática da OMS para 2021: “Comprometa-se a parar de fumar durante a COVID-19”. Conforme explica o especialista da Comissão de Combate ao Tabagismo, dr. Ricardo Meirelles, um dos objetivos da campanha nesse momento é falar sobre a importância de parar de fumar durante a pandemia.

“Entre os maiores desafios de prevenção ao tabagismo durante a pandemia, estão a questão do isolamento social e da ansiedade, visto que as pessoas estão muito estressadas em virtude do cenário atual. Isso faz com que muitos fumantes não queiram parar de fumar, aumentem o consumo de cigarro e até pessoas não fumantes comecem a fumar”, explica.

Dr. Ricardo diz ainda que outro grande obstáculo é fazer com que os fumantes entendam que o tabagismo é um fator de risco importante para o agravamento da COVID-19. “Existe uma chance da transmissão do vírus pelos fumantes exatamente quando ele vai fumar na rua, por exemplo, porque vai tirar a máscara, além de levar os dedos à boca, que podem estar contaminados. O risco de agravamento da COVID-19 ocorre porque existem receptores de nicotina nas células dos pulmões, então, quando ela penetra nesse receptor, este libera uma enzima que serve como uma fechadura para que o vírus penetre. Sendo assim, ele vai ter mais receptores para que o vírus possa penetrar e, consequentemente, vai ter uma carga viral maior”, elucida.

O especialista enfatiza ainda que existem outras atividades que podem fazer com que o fumante alivie sua tensão e, assim, ele não busque o cigarro. “Buscar apoio de alguém, ver um filme, buscar outras atividades lúdicas para que ele diminua sua ansiedade, por exemplo. Existem algumas orientações básicas como: acabar de comer e escovar os dentes, beber bastante água e ter sempre alguma coisa para ocupar sua mente. Como o tabagismo é uma doença, ele também precisa buscar um tratamento, um apoio médico”, conclui.

LIVE – Em alusão à data, a AMB, com apoio da SBP e da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), realizará hoje (31), às 19h, uma live em seu Facebook. Entre os temas debatidos estão o “Monitoramento da Epidemia do tabagismo no Brasil a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019”; “Aconselhamento breve sobre tabagismo para adolescentes e familiares em tempos de COVID-19”; “Comprometa-se a parar de fumar durante a pandemia: série de vídeos de aconselhamento para cessação e prevenção das recaídas”; e “Tabagismo & COVID-19: evidências sobre os riscos de fumar durante a pandemia”.

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*Com informações da Assessoria de Imprensa da AMB