Pesquisa analisa ensino da pediatria e da puericultura na graduação médica

As limitações para análise e generalizações sobre o ensino de pediatria no Brasil foram apresentadas na pesquisa “Ensino de Pediatria e da Puericultura na graduação do curso médico: limites e possibilidades da atenção básica como cenário de prática 2018-2020”. O estudo – conduzido pelo Grupo de Trabalho de Graduação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), sob a coordenação dra. Rosana Fiorini Puccini – contou com a participação de 37 escolas médicas e teve como objetivo descrever o ensino sobre saúde da criança e do adolescente neste novo contexto do ensino do País.

Os dados foram apresentados no encontro on-line “Atenção integral à saúde da criança e do adolescente – Ensino da Pediatria e formação médica”, realizado pela SBP. A pesquisa abordou questões como carga horária de ensino de pediatria e saúde da criança do adolescente no curso, ensino de puericultura (cenários de práticas e preceptoria) e abordagem de temas emergentes (violência, mídias, redes sociais, sexualidade, álcool e drogas).

RESULTADOS – Houve respostas de escolas médicas de 14 estados da federação, sendo 56,7% privadas. Em relação ao ensino sobre os temas da saúde da criança e do adolescente, verificou-se que estão presentes em todas a séries do curso, principalmente a partir da terceira série e que as atividades ambulatoriais e na Atenção Básica também são expressivas, proporcionando uma visão abrangente sobre o sistema público de saúde e sobre a integralidade da atenção.

Segundo a dra. Rosana Puccini, do GT de Graduação da SBP, estudos realizados anteriormente já apontavam para essas características do ensino de pediatria. A pesquisa da SBP afirma que a puericultura permanece como componente relevante sendo desenvolvida em ambulatórios gerais e unidades básica de saúde.

O estudo concluiu que o ensino é realizado principalmente por docentes pediatras e profissionais pediatras das instituições de ensino em todos os cenários de prática. “Verificou-se, também, que há permanente preocupação com as mudanças curriculares e com a inserção de temas emergentes, com o objetivo de formar um profissional com competências para uma abordagem atualizada dos principais temas relacionados à saúde da criança e do adolescente”, destacou dra. Fabíola Suano, relatora da pesquisa.

Para dr. Nildo Batista, diretor-presidente da Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), esse é um momento desafiador para a educação médica no Brasil. Segundo ele, o Brasil é um dos países que mais possui escolas médicas no mundo, estando abaixo somente da Índia. “Precisamos avaliar como estamos formando os profissionais médicos, qual a qualidade do conteúdo ensinado e como esse profissional estará preparado para o atendimento aos seus pacientes”, salientou.

FORMAÇÃO DO PEDIATRA – A presidente da SBP, dra. Luciana Rodrigues Silva, ressalta que a formação do pediatra acontece durante a graduação. Ela considera que o conteúdo da pediatria e a presença dos pediatras durante o curso da graduação, sobretudo com seus exemplos, são fundamentais para despertar nos jovens graduandos o desejo para que possam seguir no caminho da pediatria.

“Sabemos que algumas escolas têm programas muito bem fundamentados, mas há também escolas com conteúdo precário e isso precisa ser revisto de forma que a construção do conhecimento seja melhorado e a formação seja única em todos os estados brasileiros”, evidenciou.

Também participaram da elaboração da pesquisa as dras. Rosana Fiorini Puccini, Rosana Alves, Suzy Santana Cavalcante, Angélica Maria Bicudo-Zeferino e Silvia Wanick Sarinho.