Presidente da SBP abre ciclo de palestras no Simpósio Paloma Jara, em Porto Alegre

A primeira atividade científica do Simpósio Paloma Jara, em Porto Alegre (RS) foi apresentada pela presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Luciana Rodrigues Silva, que abordou as Peculiaridades das doenças inflamatórias na faixa etária pediátrica. Ela ressaltou que há particularidades na criança, se comparada com os adultos, e que a incidência tem aumentado modo significativo também no Brasil.

Durante o Simpósio, promovido no último fim de semana pela Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), dra. Luciana destacou a relevância do evento, que também prestou homenagens a médicas que têm contribuído sensivelmente para a área. “O conhecimento só tem valor quando ele atinge dois objetivos: ajudar alguém e compartilhar esse aprendizado com os outros. É exatamente isso que percebemos nessas duas grandes referências que temos em nossa área”, afirmou ela, ao citar as homenageadas.

Na solenidade de abertura, a presidente da SPRS, dra. Cristina Targa Ferreira, ressaltou a importância das duas profissionais homenageadas no evento: dras. Paloma Jara e Themis Reverbel da Silveira. “Estas duas personalidades prestam uma enorme contribuição para a qualificação do atendimento de nossas crianças. A professora Paloma ensina a todos com muita generosidade e o seu serviço é reconhecido no mundo inteiro. Já a professora Themis é uma líder em nosso meio, sendo uma das precursoras em gastroenterologia em nosso país”, frisou.

Paloma Jara é nomeada emérita do Serviço de Saúde de Madrid, organiza planejamentos como o Red Transplant Child, programa da União Europeia que faz contato com grandes centros europeus. Durante sua abordagem, apresentou a experiência do Hospital Universitário La Paz, de Madrid (Espanha), instituição pioneira na realização de transplantes de fígado em crianças. “Nos últimos dez anos, houve uma melhora notável nos resultados. Além disso, novos tratamentos ajudam a evitar a necessidade de transplantes”, disse.

O Simpósio foi realizado em comemoração aos 80 anos da dra. Themis Reverbel da Silveira, que muito tem contribuído com os pediatras nas áreas de gastrenterologia e hepatologia, professora e pesquisadora incansável, sendo muito elogiada por todos. Foi um simpósio rico em atualizações e muitas homenagens emocionantes ocorreram nestes dois dias. A Dra Luciana homenageou, em nome da SBP, as dras. Themis, Paloma e a Cristina, entregando placas em nome dos pediatras brasileiros.

PALESTRAS – Um dos desafios da medicina é diminuir a distância entre aquilo que é pesquisado do que é aplicado nos consultórios médicos, clínicas e centros hospitalares. Este assunto foi abordado pela gastroenterologista e hepatologista pediátrica dra. Themis Reverbel, membro do Grupo de Trabalho (GT) de Transplantes em Pediatria da SBP.

“Hoje, em torno de 15 anos é o tempo para apenas 14% das novas científicas estarem incorporadas na prática clínica. A partir da medicina baseada em evidência, estabeleceu-se uma conexão entre a criação e a aplicação do conhecimento que faltava. A vantagem é que aproxima pesquisadores da ciência básica e a área clínica para melhor atender as pessoas”, afirmou.

Entre os fatores que dificultam a pesquisa em pediatria, segundo ela, estão a dependência de ajuda externa, desenvolvimento físico cognitivo, diferenças importantes dos adultos e demografia (nascem menos crianças). Como soluções, são propostas a criação de Biobancos, que são usados para guardar grande número de material (sangue, DNA e tecidos) e dados de pacientes para propósito exclusivo de pesquisa; e o uso de modelos animais, porém sujeitos a diferenças no organismo do ser humano.

A convidada internacional, dra. Lucrécia Suarez Cortina, de Madrid, discorreu sobre o “Uso e Abuso de Dietas sem Glúten”. “Além dos problemas de sensibilidade, existe a busca como opção mais saudável de alimentação e meio de controle de peso. É preciso estar atento ao fato de que, em muitos casos estudados, os problemas eram causados não pelo glúten, mas por outros fatores que causam sintomas muito parecidos”, explicou.

A esofagite foi o tema da aula trazida pela médica dra. Enriqueta Roman Riechmann, também de Madrid. A palestrante lembrou que há fatores agravantes em crianças muito pequenas e reforçou cuidados importantes a serem tomadas pelos pais, como evitar alimentos de consistência e facilitar o fluxo do mesmo com água.

Em uma miniconferência, foram abordados ainda os modelos experimentais de insuficiência hepática aguda, apresentada pela convidada dra. Úrsula Matte que destacou que, apesar do fígado ter uma capacidade regenerativa, ainda há um elevado índice de mortalidade. A especialista falou sobre a terapia celular, técnica que vem sendo estudada com mais intensidade nos últimos anos.

O tema das colestases familiares intra-hepáticas foi debatido pelos médicos dr. Jorge Santos, de Portugal; dra. Elisa de Carvalho, de Brasília (DF) e dr. Loreto Hierro, da Espanha. A medicina de precisão na hepatologia pediátrica foi pauta da última aula do dia, ministrada pelo dr. Jorge Bezerra, de Cincinnati, nos Estados Unidos.

*Com informações da assessoria de imprensa da SPRS.