Professor e pesquisador, dr. Nóbrega é homenageado

Dr. Nóbrega, com dr. Fabio Ancona à esq., a esposa Liliane, o vereador Gilberto Natalini e dr. Júlio Dickstein à dir. Atrás o presidente da APAE, Cássio Clemente e dr. Dioclécio Campos Jr Dr. Fernando José de Nóbrega, presidente da Academia Brasileira de Pediatria, foi homenageado pela Câmara Municipal de São Paulo, nesta segunda-feira, pelo …



Dr. Nóbrega, com dr. Fabio Ancona à esq., a esposa Liliane, o vereador Gilberto Natalini e dr. Júlio Dickstein à dir. Atrás o presidente da APAE, Cássio Clemente e dr. Dioclécio Campos Jr

Dr. Fernando José de Nóbrega, presidente da Academia Brasileira de Pediatria, foi homenageado pela Câmara Municipal de São Paulo, nesta segunda-feira, pelo pioneirismo na descrição e sugestão de pesquisa sistemática em fenilcetonúria no Brasil. A tese foi apresentada em 1967, no doutoramento pela Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A questão é muito importante porque se o diagnóstico for feito logo que a criança nasce, o tratamento é realizado apenas com alimentos e a pessoa vive bem, se desenvolve normalmente. Caso contrário, o problema causa déficit intelectual. Dr. Nóbrega lutou pelo diagnóstico precoce da doença, que tem causa genética, e é caracterizada pela falta de uma enzima. A iniciativa da Sessão Solene foi do vereador Gilberto Natalini.

Dr. Eduardo Vaz foi a São Paulo prestigiar o colega: “Conheço o Nóbrega pelos livros que escreveu desde muito tempo. Há 14 anos, tenho também o privilégio de conviver com ele na SBP”. Considerando que a triagem neonatal apenas começou a ser feita nos anos 90, o presidente da Sociedade salientou: “Infelizmente é assim que os gestores tratam as nossas crianças”. Mas há pessoas como dr. Nóbrega e hoje a medicina já contempla avanços na triagem neonatal e em tantas áreas. “Posso imaginar a dificuldade enfrentada”, disse, sobre o colega “desbravador” e aproveitando para frisar que a SBP tem trabalhado incessantemente para a valorização da puericultura, que é a prevenção tão defendida pelo presidente da ABP, e da pediatria em geral no País.

Vários trabalhos originais

Ex-aluno do professor Nóbrega, que contou ter sido o exemplo que o levou escolher a pediatria, dr. Fabio Ancona, hoje vice-presidente da Sociedade, falou sobre a importância da pesquisa ali tratada: “Se falarmos no Teste do Pezinho, com certeza a maioria das pessoas saberá que é feito no recém-nascido e o protege de algo que causa deficiência mental grave e irreversível. Essa ameaça é a doença chamada fenilcetonúria. Descrita na década de 30, é uma alteração genética que, em função da atividade ausente ou muito baixa de uma enzima, acarreta, se não diagnosticada logo no início, uma qualidade precaríssima de vida em função das alterações mentais que determina. (…) A dieta adequada, alimentos sem um aminoácido chamado fenilalanina, deve ser iniciada ainda nos primeiros dias de vida. Foi descrita no Brasil, pela primeira vez, em 1950, por Fernandes e a segunda descrição foi feita por Nóbrega e outros autores em 1965, na revista Pediatria Prática. (…) Apenas em 13 de Julho de 1990, 23 anos depois da tese de Nóbrega, o Estatuto da Criança e do Adolescente, no inciso terceiro do seu artigo 10, pela lei 8069, estabeleceu a obrigatoriedade de realização do Teste em todos os recém- nascidos brasileiros”. Na verdade, segundo dr. Fabio, o atual presidente da ABP foi autor de “uma série de trabalhos absolutamente originais”, além de ter criado, “na prática, a escola de nutrologia pediátrica em nosso meio, naqueles tristes tempos em que falar de desnutrição era subversivo”.

Visão científica e social

Amigo do dr. Nóbrega desde a luta contra a ditadura, dr. Julio Dickstein, secretário da ABP, se referiu aos “622 trabalhos científicos – 457 publicados no Brasil e 165 no exterior” e aos 14 livros do colega, mas preferiu se deter mais naquele que “na pediatria abriu um leque e semeou a importância da visão de que o social não está divorciado nem do ensino nem do científico. Citou a atividade médico-assistencial que dr. Nóbrega desenvolveu durante oito anos na favela Paraisópolis – um programa subsidiado pelo Hospital Albert Einstein, onde dirigia uma equipe multidisciplinar de atenção integral à saúde. Assinalou também a dedicação a disseminar o aprendizado sobre a importância do vinculo mãe-filho e o “grito contra a corrupção no país”, lembrando o “vibrante manifesto, aplaudido por todos”, na abertura do 10º Fórum da ABP”, realizado em outubro, em Campinas.

Entre os presentes na homenagem, estavam também os drs. Clóvis Constantino, presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Dioclécio Campos Jr., secretário da Criança do Distrito Federal, Cássio Clemente, presidente da APAE, o deputado federal Walter Feldman, além de representante do Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) e da Associação Paulista de Medicina (APM) e familiares, como o sobrinho Carlos Alberto de Nóbrega.