Não permitir crianças desacompanhadas na rua, em qualquer situação de trânsito, antes dos 10 anos. Supervisão direta de adultos em caso de exposição de crianças de até 12 anos em vias movimentadas, com cruzamentos sinalizados. Promover o treinamento por adultos para atravessar ruas para crianças a partir dos oito anos. Adoção de comportamento seguro pelos pais, ensinando os filhos como agir enquanto pedestre. Realizar brincadeiras somente em áreas cercadas.
Estas são algumas das recomendações às famílias e escolas que devem ser repassadas aos adultos pelos pediatras no momento das suas consultas. É o que orienta novo documento divulgado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). “Elaboramos esse documento para chamar a atenção do pediatra para suas ações educadoras e de interferência na comunidade, sobretudo, acerca das estratégias para diminuir o risco de atropelamento de crianças e jovens, levando em conta a alta incidência de traumatismos em acidentes de trânsito”, explica o secretário do Departamento Científico de Segurança da SBP, dr. Danilo Blank.
O texto, elaborado Departamento Científico de Segurança da entidade, quer sensibilizar os médicos para seu papel como agentes de promoção da saúde. “Nesse contexto, o pediatra – o profissional mais respeitado, ouvido e acatado pela comunidade como autoridade em questões de saúde e segurança de crianças e jovens – não podia se furtar à responsabilidade de influenciar essa comunidade, por meio do seu diálogo privilegiado com as famílias, para a conscientização e mudanças de comportamento em prol da prevenção dos atropelamentos e da segurança no trânsito”, alerta o especialista.
ACESSE AQUI A ÍNTEGRA DO DOCUMENTO ELABORADO PELO DC DE SEGURANÇA
ATROPELAMENTO - O documento “O pediatra e a segurança do pedestre” oferece aos seus leitores uma análise sobre o impacto dos abusos no trânsito na atualidade, em especial para crianças e adolescentes. Assim, o atropelamento é apontado como a mais emblemática dentre as causas externas de morbimortalidade, seja pela crueza aterradora de um veículo de tonelada e meia esmagando em fração de segundo uma criança saudável e desavisada, seja por ser o retrato das circunstâncias político-epidemiológica do automóvel ocupando os espaços comunitários.
De acordo com números do Ministério da Saúde, os atropelamentos respondem por mais de 800 mortes de crianças e jovens brasileiros a cada ano. “É um número assustador – não muito inferior aos números de mortes pelas principais doenças –, que por si só já seria motivo de preocupação por quem cuida da saúde infantil”, avaliam o DC da SBP. As estatísticas globais ajudam a delinear a gravidade do problema. Segundo esses dados, cerca de um terço das mortes no trânsito são por atropelamento, mas em centros urbanos de países mais pobres elas podem ultrapassar os 70%.
PREVENÇÃO - No entanto, para o Departamento Científico a forma de prevenir essa situação tem ganhado contornos diferentes, dependendo do país. Enquanto nas nações mais ricas e desenvolvidas, nota-se um significativo declínio da mortalidade de crianças e jovens pedestres nos países mais ricos, no Brasil, por exemplo, se tem verificado uma tendência ao agravamento do problema, que, para os especialistas, nem mesmo o nosso rígido Código de Trânsito Brasileiro foi ainda capaz de reverter.
Entre as razões para essa percepção de insegurança para os pedestres, estão o grande e desorganizado aumento do número de automóveis; a falta de atenção às questões de segurança viária; e a pouca conscientização da sociedade. São aspectos que crescem de importância quando somados aos fatores-chave que contribuem para o aumento do risco de atropelamentos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), eles são: a velocidade do veículo, o consumo de álcool pelos motoristas e pedestres, a ausência de um ambiente construído para a segurança, a visibilidade inadequada dos pedestres e a legislação de trânsito insuficiente ou mal aplicada.
“Uma das ações de políticas públicas do Governo Federal é fazer o cumprimento do Código de Trânsito, que é bem completo, e até hoje não foi implementado de maneira adequada, pois faltam fiscalização e penalização dos infratores. Há uma carência nas estratégias educativas em relação à segurança no trânsito. Além disso, é preciso melhorar o padrão de apoio à educação da população como um todo, pois quanto maior o nível educacional da sociedade, melhores as condições para se promover a segurança”, observa o dr. Danilo Blank.
SOLUÇÕES - Contudo, há soluções possíveis para essa situação. Além de enfrentar os aspectos descritos com por meio de políticas públicas eficientes, o documento da SBP lembra que estudos controlados demonstram que a orientação preventiva como parte do atendimento primário é factível e razoavelmente eficaz na melhora do conhecimento sobre segurança, na mudança do comportamento para um estilo mais seguro e na redução efetiva de eventos traumáticos. Ou seja, o pediatra pode contribuir nesse processo ao estimular a reflexão e a mudança de atitude com respeito a esse tema nos encontros que mantém com pacientes e familiares. Trata-se da orientação antecipatória no âmbito das consultas de puericultura.
“O consenso geral entre os peritos em segurança de trânsito é de apoiar a promoção de intervenções educacionais, em vista da melhora do conhecimento e do comportamento, ainda que com efetividade moderada, com ênfase naqueles programas multimodais e que envolvam os pais”, alerta o texto divulgado pela Sociedade Brasileira de Pediatria.
O Departamento Científico de Segurança, responsável pela elaboração do texto, é presidido pelo dr Mário Roberto Hirschheimer e tem como secretário o dr Danilo Blank. São integrantes do Conselho Científico do grupo: dra Ana Lúcia Ferreira, dra Luci Yara Pfeiffer, dr Marco Antônio Chaves Gama, dra Renata Dejtiar Waksman e dra Tânia Maria Russo Zamataro.
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